A "chefa" quer falar comigo?! O que foi que eu fiz de errado?!
Eu fiquei a viagem toda repetindo essas duas frases na minha cabeça. A "chefa" que a Alana falou só pode ser a comandante do setor nordeste dos venatores do Brasil, ela é a única pessoa que a Alana chama de chefa – pelo menos até onde eu sei –, mas o que ela poderia querer comigo?
Minha santa Madoka, o que posso ter feito pra ter chamado a atenção da chefa da minha chefa?
Antes que eu percebesse, a carroça já tinha parado e o Marcelo estava me cutucando.
– O que foi? – Perguntei.
– Cara, relaxa. Talvez não seja tão ruim quanto você tá achando que vai ser.
– Hã? – Eu fiz minha melhor cara de confuso. – Eu sinceramente não tenho ideia do que você tá falando.
– Nem começa, mano. Você é um péssimo mentiroso. – Aparentemente, minha melhor cara de confuso ainda era uma péssima cara de confuso.
– E porque você acha que eu estou mentindo? – Continuei tentando tapeá-lo.
Ele ergueu o canto das sobrancelhas e me encarou de um jeito que pareceu estar escrito na sua testa "Sério que você ainda está tentando me enrolar?".
– Você passou literalmente uma hora inteira sem falar merda, e isso, além de ser praticamente um recorde, só acontece quando você tá com algo te perturbando e tenho certeza que é o que a Alana te falou mais cedo.
Maldito gigante, ele me conhece tão bem.
– Odeio ser tão transparente. – Falei logo antes de enfiar minha cara entre meus braços apoiados no chão da carroça.
– A gente convive junto há bastante tempo, então nada mais natural do que eu perceber essas coisas...
Eu levanto um pouco a cabeça deixando a mostra apenas os olhos e deixo um sorrisinho no canto do rosto escapar.
– ...Além do fato de você ser bem transparentemente mesmo.
E, por algum motivo, senti minha dignidade indo ralo a baixo e logo afundei a cabeça novamente, voltando a minha pequena depressão.
– Sai dessa bad, cara. A Alana já entrou e deve estar esperando a gente.
– É fácil pra você falar, não é você que provavelmente tá fodido. – Eu me agarro ao rabo do corpo do tenebro. – Eu vou ficar aqui com o Coxinha, ele entende meus sentimentos.
– Coxinha?... Pensando bem, deixa pra lá.
Subitamente, duas mãos me puxaram e antes que me desse conta, já estava no ombro do Marcelo sendo segurado. Eu sinceramente não sei como ainda consigo esquecer que o Marcelo é uma massa de músculos de um metro e noventa e cinco de altura. Ele é praticamente um JoJo das três primeiras partes.
– Ei, me larga! – Esperneei e comecei a me debater, apesar de não parecer ter efeito algum sobre essa criatura mastodôntica. E antes que pergunte, sim, eu pesquisei na internet por sinônimos de gigante só pra descrever o Marcelo.
– Assim que a gente chegar lá, eu te solto. – Disse ele dando uma risadinha.
– O que é que eu te fiz, mano? – Fiz uma voz chorosa.
– Você deveria ser mais otimista, quem sabe você não é promovido ou recebe um aumento? – Eu sinceramente não consigo dizer se a fala dele era sarcástica ou gentil. Sério, eu não tenho ideia de como ele faz isso.
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Só Mais Um Jogo
AdventureO que você faria se o mundo começasse a se parecer com um jogo de RPG? É nesse cenário que se encontra Erik, um rapaz de vinte anos atualmente empregado como Venator numa organização responsável por manter a ordem sobre a influência desse "novo mund...