115- Comadre Morte

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Inspirada numa personagem de um texto da aula de Português.

Eu vou por o texto, pra quem naum quiser ler, passa tudo (o CAP vai ser absolutamente isso)

Pra quem quiser ler

Espero que gostem

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A comadre Morte

   Um pobre trabalhador, carregado de filhos, já tinha vergonha de convidar para padrinhos as pessoas suas conhecidas e de importância. Nasceu-lhe mas um filho, e lançou-se à ventura para convidar para compadre a primeira pessoa que encontrasse. Encontrou uma criatura magra, pálida, amargurada; o pobre do homem para em frente do desconhecido:

-Muito desejava tê-lo por compadre, para poder batizar o mais depressa uma criança.
-Nao me custa a aceitar o convite; ora você não sabe quem eu sou.
-Não sei; mas por isso mesmo.
-Eu sou a Morte.
-Tanto melhor.
  
E caminharam juntos, e nesse mesmo dia se fez o batizado. A comadre Morte, depois da cerimónia, disse para o homem pobre:

-Já que vives tão apoquentado por falta de recursos vou-te ofertar um dom, que te aproveitará muito e até poderás viver com fartura.
-Ó minha querida comadre!
-É o que te digo. Faz-te cirurgião, e quando visitares os doentes e me vires à cabeceira da cama é sinal que não escapam; Nem Deus nem os santos os salvam. Se me vires aos pés do leito, receita o que quiseres, e parecerá a muitos que são curas milagrosas.

Assim foi correndo a vida, que o homem como cirurgião acreditado ganhava muito dinheiro.
Uma vez é chamado para um doente que era riquíssimo; Mas, por infelicidade, ao visitá-lo, encontrou a comadre Morte à cabeceira. Disse que nada podia fazer, e quis-se ir embora. Agarraram-no, ofereceram-lhe muitas peças de ouro, uma boa saca. O cirurgião teve então uma ideia, para não perder aquele dinheiro. Mandou virar a cabeceira do doente para os pés. Salvou-o, mas a comadre Morte foi-se embora e jurou vingar-se daquela deslealdade.
No dia seguinte a Morte foi esperar o compadre à saída de casa:

-É agora a tua vez.
-Ó comadre Morte, não me mates antes de eu acabar um padre-nosso.
-Pois sim; Concedo-te isso.

O compadre nunca acabava de rezar o padre-nosso; a Morte foi-se embora, cansada de esperar. Daí a dias, quando ia ao chamado de um doente, encontrou a comadre Morte caída e estatelada na estrada, imóvel, insensível.

-Olha a minha comadre, como ela já está pronta! Sempre lhe quero pagar o bem que me fez. Vou-lhe rezar o padre-nosso pela sua alma.

Rezou sinceramente, e logo que o acabou, a Morte ergueu-se:

-Sempre acabaste o padre-nosso que te concedi. Anda daí comigo.

E assim acabaram todas as esperteza.

Teófilo Braga

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Um beijo na bunda e FUI!

Desenhos de uma Ursa Retardada (•_•  ) [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora