Scream

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Harry me levou de volta para casa pouco antes do amanhecer. Entrei de fininho, tomei meu banho e, ao terminar de me arrumar, meus pais já haviam se levantado. Meu rosto não parece cansado, mesmo que eu não tenho dormido nadinha a noite inteira.

"Seu rank subiu dois pontos desde o último jogo e agora você entrou para o top 10", meu pai diz animado ao me ver entrar na cozinha e pega seu tablet.

"Que ótimo", sorrio e me sirvo café. Vou precisar bastante de cafeína hoje.

"Não quer ver?"

"Não, eu acredito no senhor!"

Não preciso nem olhar para o meu pai para saber que a minha reação não lhe agradou muito. Sei que ele esperava que eu vibrasse e pulasse e comemorasse e talvez eu fizesse isso, mas... não sei, simplesmente não me sinto dessa forma.

"Se você se manter no top 10... bolsa de estudo garantida!"

Sorrio e me sento a mesa para começar a tomar café. Estamos somente meu pai e eu, mamãe está acordando minhas irmãs. Não consigo evitar pensar no que Harry disse no outro dia, sobre os planos de meu pai terem sido frustrados na juventude e, agora, ele me vê como meio para alcançar indiretamente esses objetivos.

"Pai, você se inscreveu pra King's?"

"Sim, mas... eu não consegui entrar", ele responde com semblante triste, "foi um ano muito competitivo".

Em minha família, não existe derrota, apenas honra. Se algo não deu certo, é porque não tinha que dar... Porque não importa nossos esforços, o resultado ia ser o mesmo. Há sempre uma justificativa diferente de "eu falhei".

"O senhor nunca pensou em fazer alguma outra coisa?"

"Outra coisa?"

"É! Diferente do seu trabalho... Tipo, algo que o senhor gostasse."

"O que você quer dizer com isso?" Ele pergunta sério demais.

"Não sei, foi só uma pergunta. Eu sei que você gosta de desenhar."

"É, mas isso não trás retorno. A não ser que você se torne um jogador profissional, aí eu me aposento."

Rio por educação, mas a verdade é que, lá no fundo, estou meio triste. Meus pais realmente investem MUITO em mim. Só é uma pena que esse investimento é para sanar os sonhos deles, não os meus...

Stan e eu temos classe juntos hoje. A gente se encontra em frente a escola e caminha até nossa sala enquanto conversamos.

"E aí, ontem... como foi?" Ele pergunta, mas não esbanja cinismo como costuma fazer. Na verdade, ele parece bem sério.

"Tranquilo. Eu gosto dela, Stan. Mesmo depois daquele ataque da Hannah, ela não me culpou, nem ficou estranha comigo. Ela é inteligente, simpática, bonita...", sorrio, "e o melhor: é muito gente fina."

"Sei", ele responde de forma sombria. "O que vocês fizeram?"

"Conversamos... caminhamos por perto de casa... uns amassos... Por sinal, ela pensa que eu não sou virgem."

"Como assim?"

"Eu não queria que ela pensasse que não sou experiente, caso ela não fosse mais, então fiz ela pensar que eu perdi com Hannah..."

"Isso vai dar merda!" Stan balança a cabeça.

"Não posso desmentir isso agora. Estamos em um ótimo momento. O que eu faço?"

Paramos próximo a porta de entrada da sala. Stan me observa dos pés a cabeça com um olhar meio inquisidor e cruza os braços.

"O que você estava fazendo com o Harry ontem?"

Sky is the Limit (Larry AU)Where stories live. Discover now