De cara para o mundo

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   A formatura foi algo magnífico, algo que eu enfiei em um baú duas horas depois de sair do salão de festas.
   Fez um ano ontem. E claro meus amigos fizeram uma festa enorme e desnecessária para comemorar algo desnecessário. Eu fui, apenas para que não dissessem que sou ingrata até porquê eu fiquei 3 anos na mesma escola aguentando eles e eles me aguentando.
    A maioria das garotas viam a formatura como algo raro e mais importe do que qualquer outra coisa. Era o caso de todas as minhas amigas e principalmente a Alicia. Alicia era a popular gostosona a rainha do baile e da escola, e nem sei como somos amigas, pois odeio gente sociopata como ela. Ela organizou nossa formatura e a festa de ontem então imagine algo bem luxuoso e estravagante...
  Tudo que lembro de ontem a noite foi que tomei 5 ponches encostada na parede do salão e fiquei observando amigos se engolindos gente discutindo e o calor nauseante de adolescentes em crise hormonal.
   E na manhã seguinte eu estava no meu quarto sem lembrar como fui parar ali, apenas levanto em minha cama de casal e pego meu celular. Milhares de mensagens do grupo do Whatsapp de amigos.
   Todas referente a trailers e passaportes.
    Eu realmente fiquei perdida em meio de tantas palavras sem nexo para mim. Eles falavam algo sobre alugar dois trailers por dois anos e sairem pelo mundo em busca de um rumo para a vida.
     Que?
      Quando finalmente entendo o que eles queriam dizer percebo que a ideia era boa. Alicia bancaria os trailers e cada um dos documentos devidos. Eles tinham marcado na casa dos Streng as 14h. Eram 10h quando acordei então tratei apenas de comer uma panqueca com calda e me trocar para ir a casa de Malaya, Chelsea e Duncan. Vantagem de morar sozinha é não dever satisfação a meus pais que nunca deram a minima para mim mesmo. Sempre negocios primeiro que os filhos.
    Caminho ate a casa dos três irmãos. Não era longe realmente levava uns 15 minutos andando, coisa que eu adorava fazer pois era muito amiga daqueles três,  a família deles cuidava de mim e do meu irmão Brett que é 5 anos mais velho que eu e já tem no sangue os negócios da família Grantie.
   Chego na porta do enorme sobrado branco e cinza com janelas e varandas em abundância.  Quando toco a campainha quem atende é Chelsea com seu sorriso adorável e seus cabelos platinados a solta.
    Chelsea sempre foi fora da caixa. Sempre alienada e com ideias que ninguém pensaria, aposto que a ideia foi dela de fazer essa viagem.
     Quando entro vejo que todos estavam largados de alguma forma na enorme sala de tons de azul dos Streng. No sofá cinza e preto estava Renee sentada devidamente comportada como sempre, provavelmente a unica que estava sentada feito gente. Pois ao seu lado Luke se largava no colo de Malaya e esticou as pernas sobre uma mesa de centro. Duncan estava de ponta cabeça em uma poltrona enquanto Agnes e Sthuart brincavam de pedra papel e tesoura cada um de um lado da sala. E Alicia mexia no celular deitada sempre de modo sexy. E tinha o Anton. Eu e Anton éramos concerteza mais próximos que qualquer um ali. Ate mesmo que os três Streng. Eu e Anton eramos amigos desde a 4°série enquanto o resto era apenas ensino médio. Anton era tímido, sempre calado, pelo menos com os outros, comigo e meu irmão ele era uma pessoa mais solta, ria e brincava sempre. Provavelmente aconteceu algo em sua vida que não contou nem para mim.
    De qualquer forma começamos a pequena reunião composta por agrados feitos pela Sra. Streng.
    Decidimos sair pelo final de semana. Com toda a burocracia feita partiriamos de Ohio e iriamos até Indiana e Tenessee. E depois partiriamos pela fronteira do México e entre outras. Dois anos para decidir o que queremos ser da vida. Iam ser longos dois anos.

   Sábado 04h30min -Casa de Alicia Still.
    Os dois trailers estavam posicionados. Bagagens organizadas e motoristas bem acordados.
    Trailer 1 - Alicia, Duncan, Malaya, Chelsea e Agnes. Motoristas: Duncan e Alicia.
    Trailer 2- Anton, Luke, Sthuart, Renee e eu. Motoristas: Anton e Luke.
    O primeiro motorista dirigia e o segundo dormia, sempre assim até chegar em Indiana. Os trailers eram de luxo estremo, 2 beliches, uma cozinha um sofá um banheiro e uma tv com acesso a wifi. Uou era literalmente uma casa ambulante.
    Me acomodo no sofá cama nos fundos enquanto o pessoal curtia a cozinha. Antes de sairmos Anton se joga no sofá também.
    -Isso vai ser agradável para todos. - Ele diz olhando para a Tv. -Sabe é sempre bom conhecer o mundo. Onde vivemos. O que vamos fazer.
     -É eu sei. Mas nunca nem viajamos juntos como vamos conviver por 2 anos?
     -Vamos sobreviver Louis e depois de 2 anos vamos rir de tudo que passamos nessa loucura. -Ele ri e se levanta -Mas agora tenho que dirigir. Então curta a viagem Capitã Macarrão.
    Eu rio muito. Capitão Macarrão era o apelido que ele me deu quando eu ia para sua casa pois sempre eu queria macarrão de diferentes formas e tipos. E de 5 anos comendo macarrão direito me acostumei a ser chamada assim.
    E assim começamos nossa pequena descoberta por um pequeno pedaço do mundo.
  
     Quando alcançamos a rodovia era 5h da manhã. Eu sentei na minha cama no Beliche que era a do meio. Em cima de mim estava Renee roncando. Na beliche do lado estava Luke e Sthuart que também dormiam. E eu era a unica acordada pelo menos no nosso trailer.
     Consigo dormir apenas quando vejo o sol brilhar pelas janelas. Estavamos perto de Indiana quando paramos pela primeira vez para por gasolina. Sou derrubada da cama ao invés de ser acordada.
    -Me desculpe Louis - Luke faz uma careta enquanto me ajuda a me levantar do chão.
     -Ah tudo bem, ja tive quedas piores. -Arrumo meu cabelo em um coque desajeitado e saio do trailer para dar de cara com um sol brilhando e um tempo gelado e quente ao mesmo tempo. - Onde estamos?
     -Perto de Indiana, mas ainda em Ohio. -Renee olhava o mapa no celular enquanto tomava um copo de café forte puro. - Tem um estacionamento de trailers que também tem um restaurante aqui em 15 km.
     -Podemos ir para lá pelo almoço e descançar,depois trocamos de motoristas e seguimos até Indiana. - Malaya também tomava alguma coisa mas com certeza não era um copo de café,  parecia um de seus malucos chás.
    Depois de decidir tudo, Renee, Luke, Malaya e Sthuart vão até a loja de conveniência comprar bebidas para o frigobar. Duncan e Alicia estavam no trailer ainda. Chelsea e Agnes jogavam xadrez em uma mesa lá dentro, dava para ver da janela. Sobrou apenas Anton colocando gasolina e eu analisando a rodovia. Onde carros, motos e caminhões seguiam viajem e a maioria dos ônibus paravam para liberar pessoas para usar banheiro ou comprar lembranças.
    - Acho que Luke vai dirigir o resto dia. -Anton paga o frentista e caminha até mim.
    - E eu provavelmente vou ver tv pelo resto do dia. - Comento e ele abre um sorriso. -Trouxe filmes, animações principalmente.
    - O rei leão? Procurando Nemo? Ou...
    - Peter Pan.
    Peter Pan era nosso filme favorito até os 15 anos, a ideia de não crescer parecia fascinante aos olhos de crianças que odiavam responsabilidades.
    -Não vejo esse filme tem quase 5 anos. -Ele riu e olha para a loja. Nossos amigos estavam vindo. -Bom vamos sair em viagem movamente.
    Quando me acomodo no sofá cama aos fundos do trailer enquanto Anton coloca o filme e se senta ao meu lado percebo que aquela viagem nos faria muito bem. Pelo menos eu achei isso.
   Anton tinha se aconchegado em meu colo e eu mechia em seus cabelos escuros. Tinha pouco tempo de filme quando resolvo perguntar.
   - Por que você se fechou muito para todos ultimamente?
   Ele levanta e não me olha.
   -Eu sempre fui assim sabe disso.
   -Mas comigo não e você ficou 3 vezes mais quieto desde a formatura. 
    -Já disse que sempre fui assim. Talvez você não tivesse percebido.
    - O que? Mas...
    -Chega Louis. -Ele se levanta e desliga a tv. - Melhor eu dormir, quanto mais tempo descansado melhor.
    O que diabos aconteceu com Anton. Se isso não fosse o bastante quando saio do sofa e caminho até as beliches vejo que Renee e Sthuart também estavam com uma cara de dúvida,  eles com certeza falaram algo e Anton os ignorou.
    Eu podia estar muito enganada sobre essa viagem. Muito.

Good friends, bad moments, and a sad life. Where stories live. Discover now