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- Darkian! Darkiaaaannn...

Chamei insistentemente durante toda a extensão do vagão. Oras, quando meu próprio Guardião ia ter o senso de não se perder de mim?

Guardião era um ser mágico que podia assumir várias formas, menos a humana. Ele era criado unicamente para proteger.
Ele e seu protegido tinham um laço de sangue eterno. O que o protegido sentia, o Guardião também sentia. O que o protegido pensava, o Guardião sabia. O protegido e seu Guardião tinham uma sintonia de alma, que só poderia ser quebrada com a morte de um deles.
Se o protegido morresse, o Guardião morreria. Contudo, se o Guardião morresse, o protegido viveria sentindo o vazio de seu companheiro.

Darkian era meu companheiro em todas as questões, e apesar de ter uma relação mais séria comigo, nós éramos amigos. Afinal, ele sabia tudo, até mesmo o que eu não queria que ele soubesse.

Às vezes era um cú. E às vezes era legal.

O encontrei entalado no vagão da Lufa-Lufa, sendo paparicado por algumas garotas.

- Ah, então aí está você, seu arrombado! Te procurei por todo o trem.

As garotas olharam e se afastaram um pouco, me dando espaço para observar. Dark ali estava, elegante, na forma de uma raposa negra, ostentando seus fascinantes olhos violeta e sua cauda exuberante.

O regougo que Darkian emitiu foi traduzido para mim como um simples "Hey! ".

Suspirei e cruzei os braços. Primeiramente, me dirigi às garotas que acariciavam seu pêlo.

- Meninas, obrigada por cuidarem dele.

Elas sorriram para mim e se despediram de Darkian lhe dando chocolates, afagos e beijos. Em resposta, ele deitou no chão rolando de uma lado para o outro, exibindo a barriga para mais afagos, como um cachorrinho.

As garotas de desmancharam em suspiros e exclamações, deixando claro o quão fofo ele era.

E ele, não estava gostando nada. Me limitei a rolar os olhos e cruzar os braços, rindo da folga dele. Darkian nunca tinha aquele tipo de atenção das pessoas; em geral, a única que o mimava era eu e, de vez em quando, Harry. Os Dursley o odiavam, e quando filhote, Dark sofreu agressões, teve que dormir na chuva, na neve e no frio inúmeras vezes. Era um verdadeiro milagre ele ter sobrevivido.

Assim que elas saíram, ele voltou para sua postura e sua seriedade usual.

- Não precisa ficar com essa pose de durão inabalável não. Sei que você não passa de um Ursinho Carinhoso perdido. - Comentei, o olhando de esguelha.

Em resposta, ele arreganhou a cauda. Me limitei a rir.

- Relaxa badass, não vou comentar nada sobre o seu lado sensível, florido e boiola de ser.

Ele rosnou. Comecei a rir.

- Ah, qual é... Sei que dentro de você habita um ser todo fofo e sensível, que ama as Margaridas e sonha em ver um lindo pôr-do-sol, com Girassóis e Mashmallows e...

Subitamente, senti uma espécie de vertigem, a qual fez meus músculos doerem da cabeça aos pés.
Por um segundo, minhas pernas pareceram se transformar em gelatina e como já era de se esperar, caí no chão, não conseguindo me equilibrar e nem aguentar meu próprio peso.
Minha cabeça doía e, já caída no chão, comecei a ouvir gritos agonizantes, entre eles, um que nitidamente era de meu irmão.

Minha última visão, foi Frederick correndo até mim.

...

- Mel, você consegue me ouvir?

O Amor É Ruivo (Pausada)Where stories live. Discover now