Capítulo 1 - A Queda

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Tudo começou em Londres...

Que belo dia, posso até me lembrar das folhas caídas pelos parques, os tons acastanhados da mãe natureza, aquela brisa suave que soprava entre as árvores... Decidi então que seria bom colocar meus pés em prática! Quer dizer, os patins. Nunca tinha sido muito bom com eles, mas já que os tinha decidi dar-lhes algum uso. Fui até ao parque, já que era tudo plano seria mais fácil de praticar. Bem.. pensava eu. Conforme percorria o parque as folhas caiam com brisa leve do vento. Estava um tempo tão agradável. A melhor parte era ver a felicidade no rosto das crianças enquanto brincavam. As pessoas conversavam entre gargalhadas e desfrutavam cada minuto naquele parque como se sentissem em casa. Ao ver tudo isto acontecendo também me sentia bastante bem. Exceto me lembrar de que eu tentava esconder o fato de me sentir só. Tivera me mudado à pouco tempo para Londres, pois tinha uma proposta de trabalho irrecusável. Daí não conhecer muitas pessoas. Apenas a rapariga do supermercado, alguns vizinhos e colegas, o que era normal.
Lembro-me de tudo como se fosse hoje.. tudo melhorou um pouco depois ..

[...]

Cada metro que percorro ainda de pé é como uma vitória. Sinto-me tão bem por conseguir sair de patins que nem estou mais preocupado em ca--

-Ah! Fod***!

Tropecei numa pedra e quando dei por mim estava no chão, cheio de dores.

Acho que torci o pé, embora também tenha o ombro um pouco dorido e a coluna. O que fazer...
Tento me levantar, mas não tenho forças e as dores são mais que insuportáveis...

Ainda por cima esta é uma área do parque onde não há ninguém, estou aqui por mim mesmo.
Tento novamente me levantar, mas caiu, sentindo ainda mais dores. Isto até que vejo alguém, se aproximando. É um jovem rapaz. Bem, pelo menos aparenta estar na casa dos 20.

-Estás bem? - questiona-me.

-Perfeito, estou apenas contando as pedrinhas. - respondo ironicamente.

-É melhor levar-te ao hospital. O pé está ficando inchado. - diz ele demonstrando preocupação.

-Mas não consigo mexer-me...

-Não te preocupes eu levo-te. - ele me levanta ao nível do seu peito, fazendo-me sentir constrangido.

Sem saber o que fazer, deixo-me ficar. Calado e envergonhado. Ele é alto, tem cabelo curtos e castanhos. Seus olhos azuis têm uma tonalidade esverdeada. São tão profundos e de uma maneira tristes.

Ele é bastante forte. Levar-me ao colo não deve ser tarefa fácil. Ainda que eu seja magro. Sinto-me seguro e confortável. Nossos olhares se cruzam, mas ele volta a olhar para a frente. Sinto-me tão envergonhado que continuo a olhar ao redor pensando no que acabou de acontecer. Ele sorri e diz que tudo irá correr bem. É incrível que a maneira como o diz, quase me convence de que irá mesmo ficar tudo bem. Sorrio, sem conseguir tirar os olhos de cima seu sorriso. As dores continuam a se agravar. Tento disfarçar mas não consigo. É como se tivesse uma panela a ferver no pé. Penso que não é nada de grave, mas uma entorse é garantida.

Pouco depois pergunto-lhe para onde me leva. Ele ri e responde que me leva para o seu carro. Permaneço calado. O rapaz olha para mim e sorri. Para ser franco até gostava de ser o motivo daquele sorriso.

Já no seu carro, o rapaz ajuda-me a estender o pé no assento de trás, quando, de repente, seu pé escorrega e eu o seguro. Fico espantado, com uma mão pousada no seu peito e a  outra no seu braço. Seu braço é forte e o seu peitoral também. Ficamos assim durante uns bons segundos, até que apaga totalmente e fica nos meus braços. Tento acordá-lo e apenas passados alguns minutos ele acorda. Ele olha para mim e pede desculpa. Dizendo que não se tem sentido muito bem ultimamente. Não respondo durante algum tempo, mas quando ele começa a se levantar, agarro-lhe no braço e pergunto-lhe porque se ri. Olha-me nos olhos, voltando a sorrir e diz que achou engraçado quando eu estava no chão, olhando para todo o lado esperando que ninguém tivesse visto a minha queda. Sinto um constrangimento enorme mas ao mesmo tempo começo a rir por ser exatamente o que eu tinha feito. O rapaz passa sua mão na minha cara, limpando um pouco de terra.

The One - Romance GayOnde histórias criam vida. Descubra agora