A Filha

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"Meu bom Deus, estou perante a ti para pedir sua interseção para o meu pai, guarde sua vida assim como a da minha mãe e meu irmão e irmãs." Já haviam se passados duas horas desde  que Elizabeth havia entrado na gigantesca abadia e se sentado no ultimo banco do lugar. Suas preces já tinham sido repetidas vezes, sua avó dissera que apenas Deus poderia conceder o que ela tanto queria, seu pai junto com ela e seus irmãos." Bondoso Deus peço que traga meu pai novamente para perto, a saudade se tornou grande demais e creio que não possamos suportar essa distância, meu coração chora por ver minha mãe sofre, faça que essa dor passe é ele volte. Amem."

Elizabeth York era filha de Eduardo IV e Elizabeth Woodville , ela era a mais velha dos 10 filhos do casal. Elizabeth crescera na corte até os seus três anos quando seu pai sofreu o primeiro golpe e foi tirado do poder, junto com sua mãe e suas duas irmãs fugiu para uma casa que a jovem mal lembrava, era uma casa sombria em algum lugar obscuro de Londres. Nessa mesma época seu avô lorde Rivers e seu tio foram assassinados pelos usurpadores do trono do seu pai, e sua avó acusada de bruxaria. Logo seu pai retomara o trono e ela pode voltar para o palácio, onde passava horas brincando com seu pai. Tudo seguiu bem por um ano, até  Eduardo sofrer um novo golpe, dessa vez ele foi exilado na Holanda enquanto a jovem Elizabeth com agora 4 anos, fugiu com sua mãe gravida e suas irmãs para o santuário na Abadia de Westminster, onde estavam a sete meses.

Elizabeth se colocou de pé e voltou para o aposento que ocupava com sua família, chegando ao pequeno quarto Mary e Cecily brincavam com os poucos brinquedos que haviam conseguido levar do palácio.

"Elizabeth onde esteve toda a tarde?" Pergunto a mãe da jovem princesa aproximando-se da filha e a abraçando." Preciso de sua ajuda minha doce menina, cuide de seus irmãos enquanto busco nossa ceia."

"Estive na abadia minha mãe, estava pedindo para o papai regressar". A jovem falou abraçando a sua mãe com mais força." Prometo cuidar dos meus irmãos minha mãe."

"Minha filha em breve o bondoso Deus vai ouvi-la e seu pai voltara para nós, tenha fé minha pequena rosa. "A mãe depositou um beijo sobre a testa da filha. "Não tardarei em regressar, não permita a entrada de ninguém até que eu esteja de volta." A menina confirmou com um breve aceno de cabeça vendo sua mãe partir logo depois.

"Do que estão brincando?" Perguntou Elizabeth se sentando junco com suas irmãs no chão.

"De boneca irmã." Respondeu Cecily com um pequeno sorriso. " Estavas a falar com Deus novamente?"

"Sim, pedi para que o papai voltasse." Elizabeth pegou uma das bonecas que sua outra irmã Mary lhe ofereceu." Sinto falta dele." Disse a jovem começando a chorar.

"Sinto também." Disse Mary. "Não chora Liza." Mary se colocou de joelhos e limpou as lagrimas que caia pelo rosto de sua irmã, Elizabeth olhou Mary que era apenas um ano mais nova do que ela é pensou que tudo aquilo seria pior para sua irmã que em breve se esqueceria das feições do pai. "Papai ira retornar, mamãe prometeu."

"Ele vai sim, ele jurou que voltaria." A jovem puxou suas irmãs para um abraço no momento em que alguém bateu a porta." Quem és ?" Perguntou soltando suas irmãs e se colocando de pé em um pulo. Ninguém respondeu e Elizabeth olhou suas irmãs e sem nada falar, as escondeu dentro de um guarda roupa. "Não irei abrir a porta, se retire por favor." Gritou se aproximando de seu pequeno irmão que dormia no berço.

"Não podes abrir nem mesmo para o seu próprio pai, Que acaba de regressar cansado após uma longa viagem?" O choque de Elizabeth foi instantâneo, aquela sem dúvidas era a voz de seu amado pai, finalmente Deus tinha ouvido suas preces.

"Papai!" Gritou correndo em direção a portal, a maçaneta complicou seu trabalho em abrir a pesada porta, porém, após um breve momento de desespero, a pequena menina conseguiu abrir a porta e com lágrimas nos olhos viu seu pai." Papai finalmente voltares para nós." A pobre princesa chorava quando se lançou aos braços de seu pai.

"Disse que tinhas a minha palavra minha pequena rosa" Eduardo sabia de toda a dor e saudade de sua pequena menininha de cabelos loiros avermelhados, ele também partilhava os mesmos sentimentos de sua amada filha.

Elizabeth ainda abraçava o pai quando suas irmãs saíram do esconderijo e se jogaram sobre o pai, que recebeu suas filhas com muito amor. Minutos se passaram até que o barulho de uma bandeja caindo no chão tirou o pai e as filhas do transe, Elizabeth Woodville estava petrificada no centro do corredor com uma mão sobre o peito e outra sobre seus lábios, seus olhos brilharam com lágrimas, pareceu uma eternidade até que seus pés se soltaram do chão e ela correu até o seu amado marido que a muito partira e agora estava novamente em casa. Eduardo soltou suas filhas para receber sua mulher que o abraçou com força e pode sentir toda a saudade.

A volta de Eduardo foi comemorada por todos que o apoiavam, seu reinado se mantéu instável por anos. Elizabeth guardou as melhores lembranças sobre o seu pai, como a dança no baile quando ela tinha seis anos ou até mesmo a vez que seu pai leu para ela um conto sobre antigos reis. Também vivia momentos com sua mãe, de quem aparecia a o lado em desfiles e procissões. Com 10 anos Elizabeth era chamada de Minha Senhora La Dauphine, por causa da promessa de casamento com Charles futuro Delfim da França, Elizabeth era a primeira princesa inglesa considerada digna para noivar com um delfim. Mas tudo na vida de Elizabeth estava perto de mudar, seu pai veio a morrer inesperadamente, fato que fez o mundo de Elizabeth rui. Ainda abalada com a morte do pai, a jovem teve que encarar o rompimento da promessa de noivado e fugir novamente  para o santuário da abadia com sua família.

A Rainha EsquecidaWhere stories live. Discover now