Reencontro

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Hermione P.O.V
Essa história toda está muito estranha. Eu vi quando Draco chorou porque Harry estava sufocando lá no penhasco.
Eu vi eles se beijando com paixão (paixão excessiva para mim, que estava de vela).
Eu vi antes de nós partirmos para a Mansão, na Grifinória, quando Draco disse que amava ele, totalmente sincero; dava para ver nos seus olhos! Não se dá para fingir aquilo. Eu vi eles segurando mãos, vi Draco salvar eu e Harry dos dementadores. Vi muita coisa para acreditar que tudo acabou assim. Tem mão do Lucius nisso para mim.
"Você soube?" - Ron diz, entrando descontrolado no quarto.
"Soube o quê...?" - eu pergunto, confusa.
"Harry está ficando com Pansy Parkinson. Me disseram que ele ficou mais bêbado do que não sei o quê, beijou até o meu irmão em uma rodinha de verdade ou desafio! Mione, ele está muito mal! A gente tem que fazer alguma coisa! Qualquer coisa!" - ele suplica.
Eu tomo um susto.
Pobre Harry. Tentando esquecer um com outro. A única coisa que ele não sabe, é que como a musa Selena Gomez disse, o coração quer o que quer. E o dele quer Draco.

Harry P.O.V
Eu e Pansy funcionamos. Não temos muita coisa em comum, mas sempre que um conflito aparece, ela me beija. Só me beija. Ela já tentou ir mais longe, mas eu nunca deixei ela sequer me ver pelado, ou me tocar enquanto a gente se beija. É uma barreira que eu não consigo ultrapassar. Parece que aquele babaca deixou essa parte de mim marcada. Parece errado tocar outra pessoa que não é ele, e eu sei que eu estou doido. Ele me humilhou. Me tratou como lixo. Me enganou.
Balanço a cabeça. Estou no quarto com Pansy. Ela e eu estamos dividindo uma garrafa de vodca.
Ela acaba ficando bêbada demais e cai na minha cama e dorme.
Levanto e lavo meu rosto. Não faço a barba há dois dias e meu rosto está uma merda. Ignoro.
Ouço uma batida na porta e alguém entra no quarto.
Não acredito nos meus olhos; devo estar delirando novamente ou bebi mais vodca do que havia pensado.
Draco.
Mancando, suado, com o nariz torto e a cara toda fodida, mas...Draco.
Eu acho que eu seria capaz de reconhecer ele até no meio de uma multidão.
Esfrego meus olhos. Ele continua lá. Lindo como sempre, mesmo estando machucado.
Ele olha para mim, seus olhos tristes. Então olha para Pansy. Seus olhos parecem ficar de um tom mais escuro. Ele me lança um olhar mais gelado que gelo.
Chega bem perto de mim. Se quisesse me beijar, só se inclinaria. Mas não. Ele me dá um chacoalhão fraco.
"Que merda é essa? Pansy e você?" - ele pergunta, trêmulo. Me recomponho do choque inicial.
"Ah, me desculpe, Virgem Malfoy! Eu deveria ficar lamentando que você foi embora?" - eu pergunto.
"Eu não... Eu não fui embora! Fui levado pelo meu pai... Olhe, olhe a minha perna!- ele diz, fraco e resfolegante, e rasga um pedaço de sua calça com uma dificuldade que me deixa agoniado. Lá dentro uma ferida em forma de lâmina está marcada e com sangue seco.
Meu olhar se demora, e quando eu o olho, ele não desvia o olhar.
"Você foi embora. Eu... Eu não dormi com ela. Ela estava bêbada. Merlin, eu estou bêbado há uns dias. Precisava beijar alguém que não fosse você! VOCÊ NÃO VAI SE VITIMIZAR AGORA!" - eu exclamo, quase vomitando as palavras.
Pansy continua desmaiada.
"Me vitimizar? Olhe para mim, Harry, meu pai me espancou, eu... Fui... Levado! Como posso te convencer... Disso?" - ele fala, fraco, tão fraco que me dói, mas afasto isso.
"Seu pai te espancou. Isso é terrível, de verdade, Malfoy, terrível. ISSO NÃO EXPLICA PORQUE VOCÊ DESTRUIU TUDO QUE A GENTE TINHA!" - eu digo, a raiva dando lugar as lágrimas que eu tentava segurar. Nem eu me entendo mais.
"Ele me ameaçou. Ameaçou você. Ele me esfaqueou, me esfaqueou, Harry, e fez eu terminar tudo. Me trancou no meu próprio quarto sem varinha por dias. Me espancou e me xingou. E eu aguentei. Sabe por quê? Porque eu precisava TE PROTEGER! Mas tudo o que você fez foi se embebedar e beijar minha ex-amiga. Bom saber." - ele diz, com uma firmeza surpreendente na voz, e logo em seguida saindo do quarto.
Eu não aguento. Vomito no chão. Meus joelhos tremem e minha testa sua. Devo ir atrás dele? Claro que devo, que pergunta mais idiota. Ele foi torturado por mim. Pergunta idiota. Pego minha capa da invisibilidade e o sigo até a Torre de Astronomia. Ele anda devagar, a respiração parece vir com dificuldade. O pai dele realmente pegou pesado. Ele para na sacada e começa a chorar como uma criança. Nunca vi ele chorar assim.
"Eu sei que você está aí, babaca. Seus passos são... Altos." - ele diz, se esforçando muito para falar.
Tiro a capa e me aproximo dele.
"Me explique o porquê de você ter feito tudo. Eu ainda não entendi." - eu digo, calmo, porque a vodca não me deixou entender tudo.
"Meu pai me ameaçou. Me esfaqueou. Falou que ou eu terminava tudo com você ou ele me matava e depois te entregava para Voldemort. Ele vasculhou minha memória para ver se eu tinha terminado de um jeito bem cruel. Harry, eu juro que odiei cada momento. Depois ele me prendeu na mansão. Não sem antes me espancar, como você pode ver. Escapei da mansão hoje, vim direto te ver... E o resto você já sabe." - ele diz amargamente.
"Alguma das coisas que você disse eram verdade?" - eu pergunto.
"Eu sou espancado, mas você quer saber se eu realmente te odeio. Seu burro. Claro que não. Se eu te odiasse eu teria ficado lá com meu pai e lutado ao lado dos Comensais da Morte." - ele diz, triste.
Eu chego perto dele e pego sua mão, que está assustadoramente fria e um pouco suada.
"Desculpe. Mas o que eu não entendo é o porquê seu pai ter que te obrigar. Não seria mais fácil você ficar do lado da sua família? Você me superaria um dia." - eu digo.
"Uau. Agora parece que você quer terminar comigo. Você quer?"- ele pergunta, a última parte da frase um sussurro.
"Não! Só quero entender. Para tudo ficar bem." - eu digo.
"Por que eu não iria querer voltar para você? Harry... Escute. Eu te amo, eu te amo, o Sol não é nada comparado a você, os maiores oceanos não me afastariam de você! Você quer saber o porquê deu não ir embora? Porque eu não quero. Lar nunca foi uma casa para mim. Meu lar é você. Eu amo você, eu amo você, eu nunca irei embora. Você é uma parte viva minha. Eu nunca conseguiria me afastar, Harry. Eu te amo. Isso é suficiente?" - ele diz, em lágrimas.
"Draco, eu... Te amo. Merlin, eu te amo muito." - eu digo, o abraçando e beijando ele.
Ele me afasta.
"Você está com gosto de vômito. Lava essa boca." - ele diz com um sorriso fraco no meio as lágrimas que escorrem de ambos nossos rostos.
"Só você mesmo! Você, por outro lado, tem que ir agora na enfermaria da fofoqueira da Madame Pomfrey." - eu digo.
"Fofoqueira? Por quê?" - ele me pergunta, sua voz fraca e rouca.
"Bem... Eu quebrei algumas coisas no quarto e quando fui levado para lá, acabei contando que foi pelo nosso término. Mas não disse que era você. Ela me interrogou até descobrir a verdade e já começou a falar sobre uma aposta que os professores tem sobre quem eu namoro. Acredita que o Dumbledore e a McGonagall apostaram em nós? De qualquer jeito, a Madame saiu contando e eu fiquei bem irritado. Mas, sério, vamos para lá." - eu digo.
Draco parece mal para caralho. Mal estilo eu voltando do cemitério após Voldemort ressuscitar. Tenho que praticamente carregá-lo até a enfermaria.
"Sr. Potter. O quê o traz aqui?" - Madame pergunta, cautelosa.
"Draco." - eu digo, apontando para ele.
Madame imediatamente começa a cuidar dos inúmeros problemas dele. Sento ao lado da cama e seguro sua mão.
"Potter?" - ele pergunta.
"Ahn?" - eu digo.
"Vá escovar os dentes. Quero te beijar muito assim que me recuperar. E tire Parkinson do nosso quarto, sim, amor?" - ele diz, sorrindo.

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