Parte I: Sweet

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Margot Rosseti tem vinte e quatro anos, apesar da idade tem uma personalidade forte, independente e muito inteligente. A designer de cabelo azul, com franja e piercing no septo não gosta muito de sair na rua. Prefere ficar em casa trabalhando, enquanto escuta músicas alternativas e alimenta seu bulldog francês, preto com manchas brancas, Tobias. Seu loft de 50m² é seu refúgio contra o mundo violento e movimentado que uma megalópole como São Paulo pode ser. Seu interesse em relacionar com pessoas é quase mínimo. A decoração de seu apartamento chama atenção, mezanino de vidro, paredes do quarto revestidas de estantes com livros e a parede de fundo do primeiro andar coberta por quadros coloridos, cheios de vida, algo bem contrastante com sua alma. Margot se sente entediada e apática a maior parte de seu tempo. O motivo daqueles quadros modernos não é a sua profissão, e sim o namorado Christian, eles se conheceram na faculdade e foi aquela história de amor a primeira vista. Ela no curso de Design e ele no de artes visuais, se formaram no mesmo ano, hoje ela trabalha para uma importante agência de publicidade e ele tenta ganhar a vida com seus quadros. Chris, como ela o chama, é visto na cidade de São Paulo como um jovem promissor no mundo das artes, recebeu inclusive propostas de galerias de arte internacionais. Mas quando o assunto é ficar longe de Margot, ele prefere nem imaginar, eles são muito apaixonados. Christian é o único ser humano, além dos pais adotivos de Margot, que consegue arranca-la de casa, a garota tem dificuldades em manter contato com outras pessoas. Mora a cinco anos sozinha e nunca conheceu nem seus vizinhos. Ela prefere não se aproximar de outras pessoas, hoje por exemplo é um dia bem comum na vida da garota, ela trabalhou em um projeto o dia inteiro e a noite foi a um bar cult na zona sul, com seu namorado. No bar comendo hambúrguer e bebendo umas doses a mais de tequila Christian pensativo resolve pergunta-la sobre seu passado, o garoto falava muito de sua relação perturbadora com os pais médicos, que nunca aceitaram muito bem a profissão que o filho resolveu seguir.

-Prefiro não pensar muito nos meus pais biológicos, eles devem ter tido motivos bem ruins para me rejeitarem. Não acho que descobrir quem eles são vai mudar a minha vida, sempre fui muito bem tratada com meus pais adotivos, para mim eles são meu pais verdadeiros e pronto.- disse Margot com certa rispidez tentando não falar mais sobre o assunto.

-Entendo, mas é que as vezes na minha cabeça eu gostaria de ter tido outros pais, mais compreensivos. - disse Christian como quem não quer nada, para evitar que Margot se irrite, ele sabia que as conversas com ela deveriam ser sempre dosadas, ela parecia estar sempre de mau humor, qualquer coisa poderia irrita-la. Mas ele tinha se acostumado e seu amor por ela era suficientemente grande para se adaptar as manias da namorada.

-Bom, acho que bebi além da conta e estou exausta, podemos continuar nossa conversa amanhã que tal?

-Tudo bem, amanhã passo na sua casa. Quer que eu te leve até lá?

-Não precisa o caminho é curto. Você sabe que não é sacrifício nenhum pra mim, além do mais preciso fazer uns exercícios. -Margot sabia que só iria atrapalhar,pois o namorado morava do outro lado da cidade, apesar do atendimento ser ruim, eles sempre escolhiam o mesmo bar por ser perto da sua casa e as músicas que tocam serem legais.

Eles se despediram com um beijo demorado, Christian pegou seu carro,um fusca todo estilizado, e Margot foi a pé para sua casa. Quando estava a um quarteirão de chegar no seu prédio, observou que alguém a seguia. A rua estava escura e vazia, sem saber o que fazer ela entrou em uma rua mais escura ainda, que aliás ela nunca tinha reparado que existia. A pessoa começou a andar mais depressa para alcança-la e a garota também começou a andar mais rápido. Quando de repente uma parede enorme apareceu na sua frente, droga, com tantas ruas pelo bairro ela tinha entrado logo em uma rua sem saída. O homem que a seguia foi ficando mais próximo, ela estava bêbada e não sabia pra onde ir. Quando ele chegou perto o suficiente ele sacou uma faca, Margot reparou que ele era mais jovem do que ela imaginava, sem saber o q fazer ela correu para o lado oposto ao da parede, o jovem foi atrás com a faca em punho sem dizer nenhuma palavra. Ela sem saída chutou o garoto e em um ato que ela não sabe explicar como, pela adrenalina ela tomou a faca mordendo a mão dele, e com a faca nas suas mãos desferiu vários golpes na região do pescoço e tórax do jovem de capuz que caiu no chão. Ela aproveitou para sair correndo para seu prédio com a faca ainda nas mãos. Sua sorte é que não encontrou ninguém na rua, a vantagem de sair a noite é que as ruas estão sempre vazias, mas pode ser perigoso.

Chegando em casa a adrenalina ainda corria em suas veias, ela tratou logo de tomar um banho e lavar a faca que estava toda ensanguentada. Ela não sabe se era porque estava realmente cansada ou por causa da bebida alcoólica, mas deitou na cama e dormiu depois do banho.

Doce Margot ☕Where stories live. Discover now