Capítulo I

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Eu acordei em um lugar diferente. Estava um pouco escuro por aqui e também não me recordo de muita coisa do que aconteceu antes.

— Ah! Isso foi coisa daquele bicho maldito. — digo a mim mesma. — Slender Man.

O lugar parecia Hallstatt, só que estava bem mais acabado e podre. Era uma realidade diferente. Então, resolvi caminhar para ver se encontrava algo ou alguém.

— Olá! Tem alguém aí? — gritei.

Ninguém respondeu. E eu daria tudo só para ouvir aquele barulho estranho que eu ficava ouvindo de novo. Aqui está um silêncio assustador.

Quando disse que este lugar parecia a cidade onde moro, não estava brincando. Este lugar é realmente Hallstatt. Seguindo essa linha de raciocínio, andei até a rua onde fica a minha casa.

— Tem alguém aí? — insisti mais uma vez.

E nada. Bom, não insisti mais e continuei caminhando. Já que as casas estavam desabando e a rua estava cheia de bolsões d'água, me contentei em não achar ninguém, até agora.

— Ei! — ouço alguém gritar.

— Quem está aí? — gritei de volta.

— Spencer? — ouço.

Eu não estava reconhecendo a voz, talvez por estar um pouco distante.

— Sou eu! Mas quem é você? — perguntei.

— O Justin! — respondeu.

Eu não acreditei no que havia escutado, então corri na direção de onde a voz estava vindo e era ele.

— Graças a Deus! — digo, abraçando-o.

— Como você veio parar aqui? — perguntou Justin.

— Ele me trouxe até aqui. — respondi. — Eu achei que não te encontraria.

— É, eu também achei que não iria sair daqui. — disse Justin. — Eu sinto que estou aqui há meses.

— O tempo aqui pode ser diferente da nossa realidade. — digo.

— Você acredita que estamos em outra dimensão? — perguntou Justin.

— Eu não sei, mas já vi sobre realidades paralelas em alguns filmes e li em livros. — digo. — Encontrar a saída daqui pode ser difícil.

— Nós não podemos desistir. — digo. — E eu não pude deixar de notar que você está muito magro.

— É que aqui não tem opção de cardápio. Só água. — disse Justin. — Como você me encontrou?

— Quando acordei aqui, comecei a andar um pouco e percebi que este lugar é igual à nossa cidade. — respondi. — Eu fui pela lógica de ir até a rua onde moro para ver se encontrava alguma coisa.

— Eu ouvi uma voz enquanto andava, então fui atrás. Era você. — disse Justin.

— Que bom que nos encontramos, ao menos não estamos sozinhos. — digo.

— Eu acho que todas as crianças que vieram para cá estão mortas. — disse Justin.

— Eu também acho, mas da mesma forma acredito que isso aqui seja só para despistar. — digo.

— Como assim? — perguntou Justin.

— Eu acho que há outro lugar por aqui, um local para onde as crianças são levadas. — respondi.

— Será que encontraremos este lugar antes de morrermos desnutridos? — perguntou Justin.

— Nós iremos tentar. — respondi. — E se aquele monstro aparecer para nos buscar, nós iremos correr.

— Mas não tem como correr, Spencer. — disse Justin.

— Nós iremos tentar. — repeti. — Nossa vida daqui em diante será baseada em tentativas.

— Está bem. — disse Justin.

— Bom, vamos voltar a caminhar, precisamos encontrar algo. — digo.

— Está bem. — disse Justin.

E assim seguimos.

— Você acha que o Slender Man mata as crianças? — perguntou Justin.

— Eu acho que não. Olha só esse lugar! É basicamente um poço sem fundo onde não há cuidados. — respondi. — As crianças devem adoecer, ficar com fome e então falecer.

— Pode ser. Eu passei esses dias só com água, mas a fome é muito grande. — disse Justin.

— Talvez o Slender goste de crianças. — digo.

— Isso não faz sentido para mim. — disse Justin.

Nós continuamos caminhando até encontrarmos algo diferente e ficamos assim por muito tempo. Mas encontramos alguma coisa.

— O que será que é? — perguntei.

— Parece que é um buraco bem grande. — respondeu Justin.

— Não parece ter fundo. — Eu me arrisco a pular.

— Está louca, Spencer? — perguntou Justin.

— Olha, nós dois não temos muitas opções. — respondi. — Não temos nada a perder.

— Mas isso é muito fundo e se não tiver fim? Podemos ficar flutuando pelo resto da vida. — disse Justin.

— Qual é, Justin! — digo. — Eu já te disse que vamos tentar tudo.

— Mas esse lugar tem um cheiro horrível! — disse Justin. — E já pensou que esse mau cheiro possa ser o corpo de cada criança desaparecida? Já pensou que o corpo do William e da Clarice possa estar lá?

— Só vamos descobrir se pulamos. Não temos tempo para ficar pensando, Justin. — digo.

— Não, olha só, pode ser perigoso demais. — disse Justin.

— Você está com medo. — digo.

— É claro que estou, Spencer! — gritou.

— Você não estava com esse medo todo quando resolveu entrar aqui. — digo.

— Foi diferente. — disse Justin.

— Foi diferente coisa nenhuma, Justin! — digo. — Você quis entrar aqui e ainda por cima quebrou uma promessa.

— Me desculpa, tá bom? — disse Justin. — Você me pediu para não entrar aqui e eu entrei.

— Eu quero sair daqui. Nós vamos pular. — digo.

Justin não disse mais nada. Nós demos as mãos e pulamos dentro do buraco.

Notas da autora

Bom, depois de um tempo, finalmente a continuação saiu. E eu espero que vocês gostem!

Beijos da tia Ray! 


.Publicado em 2016, com revisão feita em 2020.

Slender Man - O Conto [Livro 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora