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Rita

A Renata anda estranha. Sempre que lhe falo do Afonso ela muda de assunto ou então diz que não acredita que Harry não lhe deixou uma carta para ele me entregar. Hoje diz que vai a uma consulta e ainda não voltou nem disse nada. Conhecendo a Renata como conheço ela nunca, mas nunca, vai ao médico, mesmo que seja uma simples consulta de rotina. Há aqui qualquer coisa que não bate certo e eu tenho que descobrir o que é.

Estar sozinha, mesmo estando na escola, faz-me refletir. Em tudo o que se passou até hoje. No meu pai, na minha mãe que já não tenho notícias dela há algum tempo mas, sinceramente, também não quero saber. No Harry, que saudades que tenho dele. Ele fazia-me rir, fazia-me sentir segura. Eu sabia que podia confiar nele ou pensava que sabia. Eu sentia que ele nunca me ia abandonar, sinceramente, ainda tenho esperança que ele tenha uma explicação para o sucedido, afinal, ele dava a entender que ia ficar comigo e que gostava de mim. Provavelmente fui enganada, ele não gostava de mim, só fazia tudo aquilo para parecer que era uma boa pessoa. Para toda a gente pensar que ele tinha mudado e que não era mais o mulherengo que toda a gente conhecia. Mas tal como enganou toda a gente, a mim também me enganou. Aqueles olhos verdes, aquelas covinhas nas bochechas, aqueles beijos, tudo isso serviu para me iludir e enganar.

Renata

Eu sabia! Eu sabia que aquele Afonso andava a esconder algo à Rita. Vou matá-lo com as minhas próprias mãos. Ninguém se mete com a minha melhor amiga, muito menos um canalha como o Afonso! Eu sabia que o Harry não iria fazer uma coisa desta à Rita.

Finalmente cheguei ao hotel onde aquele patife trabalha. Ia tirar esta história a limpo. Saí do táxi e atei o cabelo num rabo-de-cavalo para ele não me incomodar durante a próxima discussão. Assim que entrei no hotel, dou de caras com Afonso a trabalhar na receção.

- Renata, bons olhos te vejam! Como tens andado?- aquela voz, que agora se tinha tornado irritante, pronunciou-se.

- Ouve lá seu palerma, onde está a carta que o Harry deixou à Rita?- estava-me a tentar controlar ao máximo para não fazer um escândalo enorme no hotel mas não consegui.

- Não sei do que estás a falar, Renata. Deves estar confundida. - respondeu ele com um ar de hipócrita.

- Não? Eu digo. Um envelope branco que à frente tinha "Rita" escrito. Queres que te dê mais detalhes? Eu dou tudo o que precisas de saber para te avivar a memória. Esse envelope que era suposto entregares, foi-te dado pelo Harry e que, as indicações que te foram dadas eram para dares esse mesmo envelope à Rita. Agora, que já te refresquei a memoria passa para cá a carta antes que queiras ser despedido por justa causa. Ah, uma coisa que não sabes sobre mim sou muito boa atriz e consigo convencer as pessoas das coisas mais parvas. Agora, dá-me isso!

- Continuo a dizer que estás confundida.- A cara de santo que ele fazia estava a enervar-me, bastante. Larguei a minha mala e mandei-a para o chão, contornei a receção até entrar e ficar de frente com ele.

- Ouve lá, tu queres-me dar a carta ou é preciso saíres daqui sem essas duas bolinhas no meio das pernas? Terei muito gosto em deixar-te sem elas. Dá-me a carta! Já!

- Quere-la? Procura-a... Ela não deve estar longe.- disse com um sorriso vitorioso.

- Ai é? Então vamos ver uma coisa...- mandei-lhe uma joelhada nas suas partes íntimas e ele encolheu-se com dores. – Doeu não foi? Agora passa essa carta para cá.

Nunca me deixes #Wattys2017Where stories live. Discover now