Capítulo 17 : Quer Ser Minha?

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Gabriel chegou trinta minutos depois daquela ligação, ele falou que chegou atrasado por causa do seu irmão, que cara chato. Subimos em sua moto e ele me levou ao seu apartamento e garantiu que Pietro não nos incomodaria, e no momento em que entramos, me joguei em seus braços e o abracei, tentando fazer toda a dor e a angústia irem embora mas não, ela ainda estão aqui. Gabriel me colocou em seu colo quando sentamos no sofá. Com minha cabeça em seu peito e sua mão acariciando meus cabelos.

-Pode me dizer oque houve agora? - ele perguntou calmo e não levantei minha cabeça para olha-lo.

-Perdi a amizade de alguém importante e isso me trouxe lembranças ruins. - ele levou sua mão até o meu queixo, e levou pra cima fazendo que eu o encarasse.

-Gostaria de compartilhar sobre suas pequenas memórias? - senti meu corpo ficar tenso e ele me apertou mais forte. - Tudo bem se não quiser falar.

-Uma hora ou outra você iria descobrir. - enterrei meu rosto na curva do seu pescoço e suspirei. Seu cheiro me acalmou. - Prometa que não irá me julgar.

-Prometo Emma. - ele disse e não o olhei nos olhos. Meu passado é dor mas ele precisa saber.

-Tudo começou no meu aniversário de 14 anos. Meu pai era um empresário e sempre viajava muito e não tinha tempo pra mim, mas eu o amava e estava orgulhosa dele. Com minha mãe não era diferente, ela era otimista, linda e muito gentil, mas quando ficava brava, era uma fera. No meu aniversário, meu pai estava em Milão por causa de negócios e minha mãe estava na Rússia, com sua exposição de artes, e eu fiquei na casa de Leo com sua família. - tomei uma respiração funda - Naquele dia eles prometeram que viriam comemorar meu aniversário e eu fiquei esperando mas eles não vieram, no dia seguinte recebi uma ligação e os dois falaram que estavam ocupados e não viriam vir e só estariam livres daqui uma semana. Algo se quebrou dentro de mim e eu briguei com eles, sei que eles não fizeram por mal, mais doeu. Depois de eu ter brigado com eles, eu desliguei na cara deles. - sai de seu colo e fechei os olhos, não consigo ver os seus lindos olhos. - Uma semana depois, eles falaram que tinham acabado de entrar no avião para voltar aqui. Então fui até o aeroporto espera-los. Pela janela, vi o avião que eles estavam ainda no céu, e meu pai me ligou. Disse que seu sócio estava com problemas e quando chegasse iria para a Alemanha, ele não podia ficar. Minha mãe disse que sua obra mais famosa iria ficar num museu na Inglaterra e ela também teria que ir, eles não podiam ficar nem um segundo de atraso. Eu disse que preferia que eles morressem, eu não disse sério, claro, mas quando eles disseram que teriam que viajar de novo, doeu em mim. Mas eu me arrependi no mesmo momento. Olhando da janela, vi o avião que eles estavam começar a perder o equilíbrio e um dos motores explodiu, fazendo que aquela parte pegasse fogo e segundos depois, o avião explodiu no céu. Todas as pessoas que estavam no avião morreram. Eu vi várias  pessoas chorando ao ver o acontecido da janela, chamando seus entes queridos e eu não estava diferente. Estava chorando a prantos e quando vi o avião explodir, minha vida acabou. - faço uma pausa para que eu não chore. - No enterro, estavam familiares, amigos da família, jornalistas e pessoas que amavam o trabalho deles. Minha mãe teria um futuro prolongado com seus quadros que já rodearam por todo mundo, e meu pai teria negócios e uma vida longa pela frente mas a filhinha petulante acabou com tudo! Era isso que eu ouvia. Todos em lágrimas me olhando com ódio e por meses, eu ouvia palavras vazias, como : não foi sua culpa, mas seus olhos mostravam : se você não tivesse nascido. Então eu troquei meu sobrenome e quando as pessoas perguntam sobre meus pais, eu minto. Falo que estão viajando ou em qualquer lugar. Mas ainda dói e as vezes, eu ainda sonho com aquele avião. - termino de falar e o silêncio que se estala ali é desconfortável. Com um limpar de garganta, Gabriel diz.

-Venha aqui Emma. - eu não respondo e ele me pega e coloca em seu colo. Levanta meu queixo para que eu o olhe mas não abro os olhos. - Eu não estou lhe culpando Emma. Você era uma garota de 14 anos ainda no início na adolescência e queria a presença de pais na sua vida e com as viagens deles, era difícil. Na sua situação eu também estaria com raiva. - abro os meus olhos marejados e o encaro, e vejo sinceridade no seus olhos azuis. O abraço fortemente e ele retribuiu e mesmo que eu não queira, eu choro.

-Me desculpa, me desculpa, me desculpa.... - diga entre um soluço e outro.

-Por que está se desculpando Emma? - ele limpa minhas lágrimas com o polegar.

-Eu, eu mulher de 22 anos chorando no braço do namorado. A que ponto eu cheguei? - dei uma risada e quando eu lembrei que o chamei de namorado, paro na mesma hora. Seu olhar era de divertimento e curiosidade.

-Sou seu namorado então? - ele diz sorrindo e fico corada gaguejando.

-Eu...eu...eu não sei, só e-estávamos saindo juntos...m-mas eu.. - ele me cala com um selinho rápido.

-Não se preocupe Emma, eu ia conversar sobre isso com você.- medo me apavora, será que ele ia terminar? 

Terminar o que, nos não tínhamos nada! 

Eu sei mas...

-Ei, eu não quis dizer isso, me desculpa. Apenas ia te perguntar uma coisa.

-O quê? - digo olhando pra ele.

-Você, Emma Reynolds, gostaria de ser minha namorada?
















Meu Cupido [COMPLETO]Where stories live. Discover now