Capítulo 15 - Inesperado

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Acabei combinando de ir almoçar na casa da Suellen no sábado. Por tabela, a Lana se convidou, e o Diego disse, naquele ar de quem não queria nada de mais, que iria dar uma passada por lá também. A Marina teve que se desculpar.

- Sábado é aniversário da minha mãe, gente! Não dá pra gente ir no domingo?- ela pediu, e eu tentei pensar em uma desculpa qualquer de emergência que não arruinasse completamente a minha vida. Eu podia lidar com todos os meus amigos na presença do Diego, mas com a Marina lá, seria quase impossível.

- Domingo os meus avós vão chegar do interior. – a Bela me salvou – Eles querem estar aqui pra ver o netinho nascer, sabe como é.

- Ah. Que pena. – a Marina soltou um suspiro – Mas diz pra Su que essa semana eu passo lá, sem falta. Faz tempo que a gente não se vê!

Assunto resolvido, passei o resto da semana sorrindo comigo mesma, disfarçadamente. Não ia ter exatamente um tempo a sós com o meu namorado – namorado, namorado, eu adorava dizer isso – mas pelo menos eu iria vê-lo longe dos olhares dela. Já era mais liberdade do que eu vinha tendo nos últimos dias.

No sábado, encontrei com a Lana num ponto de ônibus perto da casa dela. A desculpa era que ela não queria ir sozinha, mas eu a conhecia bem demais pra acreditar naquilo. Ela queria era me interrogar antes de chegarmos. Como não consegui me desvencilhar disso, acabei topando pegar uma condução extra só pra irmos juntas até lá.

Ela me cercou antes mesmo do ônibus chegar.

- E aí, como foram as suas férias? – perguntou, num tom neutro. Dei de ombros.

- Normais.

- Você viajou com a sua prima, né? Pra onde é que vocês foram mesmo?

- Pro Guarujá.

- Faz tempo que eu não vou pra lá. Foi bacana?

- Choveu pra caramba. Faltou luz, faltou o que fazer. Foi um inferno.

- Sei.

Uma pausa. Já estava quase achando que era uma pergunta completamente inocente, até que ela comentou, naquele timbre falso de desinteresse:

- Sabe quem tem casa lá? O Diego!

Meu primeiro impulso foi rir, mas consegui me segurar. Ao invés disso, eu respondi com um simples e irritante:

- É mesmo?

Mas ela não se deixou abalar.

- Pois é. A gente costumava ir muito pra lá, quando a gente namorava.

Aí sim eu ri.

- O que foi? – ela me perguntou.

- É que às vezes eu esqueço que vocês já namoraram. – falei, e a Lana também deu uma risadinha – Vocês são tão... normais um com o outro hoje em dia. Nem faz tanto tempo assim que vocês terminaram, e agora parece que ele nunca foi seu namorado. Eu não consigo ser assim com o seu irmão, por exemplo.

- Eu e o Diego sempre fomos muito amigos.

- Eu e o Edson também. E olha só no que deu.

- Mas é diferente, Lolita. E sei lá, a gente ficou bastante tempo juntos, e terminou tudo numa boa. E o Diego não é o tipo de pessoa que vira a cara pra ninguém. Você sabe disso.

Não respondi, porque não sabia exatamente o que ela queria implicar com aquilo. Avistei o ônibus chegando, e fiz sinal. Só depois que já tínhamos passado a catraca foi que a conversa recomeçou – infelizmente para mim, a Lana não tinha dado seus pequenos ataques indiretos por encerrados.

O Diário (nada) Secreto - vol. 3Where stories live. Discover now