Capítulo 23

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Quem é vivo sempre aparece e a verdade também

No dia seguinte sua mente ainda estava uma bagunça, depois de tomar um banho revigorante, uma vez que já tinha tomado sua decisão, era hora de ser prática, era isso que estava faltando ultimamente.

Teoria demais, ação de menos.

Abriu seu computador novo e começou a pesquisar bons lugares para viajar. Por mais que soubesse que não podia ser lugares perto, não deixou de cobiçar lugares no Brasil. Havia tantos lugares maravilhosos em seu país, pensou. E expulsando a vontade louca que lhe deu de fazer um tour pelo país, abriu outra página e pesquisou por lugares distantes.

Cansada, depois de muito tempo procurando, decidiu fazer uma pausa para comer alguma coisa e quando pensou em se levantar da cadeira, sua visão ficou turva. Ainda com as mãos no teclado, ela respirou fundo, esperando a sensação ruim que sentia passar.

Infelizmente, isso não aconteceu, sua visão escureceu de vez e tentando não entrar em desespero, ela respirava como um cachorro cansado de tanto correr. Sua cabeça parecia estar sendo pressionada e imagens distorcidas começaram a entrar em foco. Sophie olhou a sua volta, com a esperança de estar voltando a enxergar e conforme as imagens ficavam mais nítidas, percebeu que não estava em sua casa e que não deveria sair da posição em que estava. Era como se tivesse sonhando acordada.

A imagem de um apartamento ficou mais clara. Ela podia ver Lívia sentada a uma mesa redonda, reconheceu a mãe pelas fotos antigas que Bárbara mostrou. Uma mulher entrou em seu campo de visão, vinda de outro cômodo e com uma xícara em cada mão, ofereceu uma a Lívia, que começou a chorar ao pegá-la. Mesmo com a sensação estranha de que assistia a um filme mudo e um leve zumbido em seu ouvido direito, Sophie entendeu que as duas eram amigas.

O modo como elas se tratavam, os toques, olhares solidários e compreensivos, bem como a atenção que a moça dava ao que Lívia dizia, deixava isso bem claro. Depois de um tempo de conversa alternando entre choro e gestos desesperados, as duas se levantaram e Sophie quase engasgou com o que viu, o vestido de sua mãe modelava a barriga de gestante. Seu coração acelerou e a imagem começou a se dissolver, não sem antes lhe dar uma terrível dor de cabeça.

A garota pressionava o teclado de seu computador e apertava os olhos várias vezes. Sentia que ainda estava no mesmo lugar e se acalmou. Gradualmente a dor diminuiu e ela tomou coragem para abrir os olhos. No começo sua visão ainda estava turva, mas em pouco tempo começou a enxergar normalmente e a luz da tela faz seus olhos arderem e as lágrimas escorrem.

Depois de alguns minutos tentando assimilar o que tinha acontecido e o que aquilo significava, uma luz piscou diante de seus olhos, como um fleche de câmera e ela se levantou, apressada. Abriu as gavetas de sua cômod, a procura do envelope que Bárbara lhe dera tempos atrás e que tinha um endereço e um nome.

Não teve dificuldade para encontrar, a não ser seu próprio desespero e ansiedade. Digitou o endereço na barra de pesquisa e teve a certeza de que deveria ir para lá. Gravando a fisionomia da mulher que conversara com sua mãe durante a visão, pegou suas coisas, a agenda e vestiu o que viu pela frente.

Antes que pudesse se dar conta, já estava no centro da cidade vizinha. Pequenos trechos de seu percurso eram tudo o que lembrava quando estacionou sua moto do outro lado da rua de um prédio. Era muita sorte o endereço indicar um lugar tão perto de sua casa, pensava.

O porteiro a atendeu, carrancudo. Ela disse que precisava falar com Adriana, o mesmo nome que estava no envelope e sem tempo de inventar um nome para si, deu o seu mesmo. Pouco tempo depois o homem voltou e avisou que a mulher disse que não a conhecia.

Manipuladores do Futuro (1)Where stories live. Discover now