Capítulo 17 - Eu quero ser brilhante

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Felipe

Eu não sabia o que pensar, mas eu sabia o que estava sentindo. Culpa. Uma grande culpa por não ter ido a casa daquele homem e arrastado Natasha para casa. Eu fiquei meses apenas enviando emails e ligando. Ela parecia bem nas fotos do facebook e instagram, eu me enganei.

Ver o estado da Nat está me deixando pior, eu já estava mal por não tê-la ao meu lado mais, como sempre, mas agora como eu estou vendo como esse afastamento a afetou, eu quero chorar e pedir perdão o tempo inteiro. Essa dor no meu coração está me corroendo. Ver a pessoa que você ama nesse estado é a pior das coisas.

Eu sei que isso é conseqüência das escolhas dela, mas que caminho ela tomou! Eu agora vejo o que acontece com quem se afasta tanto de Deus. Pode até ser que isso que está acontecendo com ela não se manifeste externamente nas pessoas, mas internamente sim, todo que não tem Deus, de alguma forma, tem um pouco disso.

Eu estava na sala da casa de Nat, logo após ela ter sido sedada pela médica. Sentado em um dos sofás eu estava com o cotovelo apoiado na coxa e a mão no rosto, escondendo minha vergonha de ser um péssimo amigo.

— A sua filha está com a mente perturbada, ela passou por muita coisa pelo que me contaram. Ela precisa de ajuda, não só de Deus, mas de médicos. Nós sabemos que Deus é o médico dos médicos, mas Ele também deu inteligência aos homens para serem seus "assistentes". Não podem ficar parados diante de uma situação como essa. – A médica diz e eu levanto meu olhar.

— É tão difícil ver minha filha assim... – O pai de Nat diz abraçando sua esposa que estava cheia de lágrimas nos olhos.

— Eu sei senhor Levesque, como dói ver o filho doente e você não poder curá-lo. – Ela diz confortando-os — Meu filho tem síndrome de down, foi difícil no começo, mas Deus nos ajudou a nos conformar e fazê-lo se sentir especial de novo.

— Nós vamos apoiar vocês, em tudo – Stella diz com as mãos entrelaçadas em Daniel.

— Obrigado querida – A mãe de Natasha agradece.

— O que temos que fazer? – Daniel pergunta.

— Gente, acho que já está tarde, melhor deixá-los a sós – David sugere e todos consentem.

Eu consinto. Realmente eu não sou da família, eu esperaria qualquer noticia em casa, angustiado, eu quero que tudo seja como antes logo. Quero minha Nat de volta.

— Espera Felipe – Daniel me puxa antes de eu sair — Fica cara, você... É especial para minha irmã – Ele pede e eu apesar de me sentir um intruso na família, fico.

— Bem, vocês precisam procurar um psiquiatra. Ela sofreu demais, abusos verbais e físicos. Além de um tratamento para as drogas e álcool. Uma hora ela ficara com muita vontade, e ficará com abstinência e vocês não terão como controlá-la. Não será bom nem para ela, nem para vocês.

— Está sugerindo que internemos nossa filha? – O Senhor Levesque pergunta, não parecendo gostar muito da idéia.

— Sim, é o melhor para ela agora, estar junto com pessoas que possam ajudá-la nisso. Vocês ficaram impotentes e ela vai terminar voltando a beber e se drogar. Além de tudo isso, um psicólogo será necessário e um ginecologista também. – A médica explica.

— Ginecologista para que? – Daniel pergunta.

— Bem, ela pode ter pegado alguma doença do namorado, espero que não. Bem, é só por prevenção. – Ela diz.

Quem Sou Eu?Where stories live. Discover now