A queda de um reino

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Houve uma vez um reino, próspero e pacífico. Que tinha um rei e uma rainha muito gentis e adorados pelo seu povo, mas que infelizmente ainda não tinham herdeiros.

Mesmo já bem idosa, a Rainha deu a luz a duas crianças, gêmeas, um príncipe e uma princesa, os dois de pele alva como a luz da primavera.

Infelizmente a alegria pelo nascimento dos dois herdeiros do trono não durou muito tempo.

Um reino vizinho, dominado por um Rei audaz e ambicioso iniciou uma guerra que tomaria tudo que pertencia ao Rei a Rainha e todo o seu povo.

Nos anos finais da guerra, já sabendo que seriam derrotados e temendo pela vida dos seus filhos recém-nascidos, o Rei e a Rainha se reuniram com seus comandantes e homens de confiança dizendo a eles todo o plano para salvar a vida dos herdeiros e os aconselhando a se render, para que pudessem salvar as suas vidas.

Poucas horas antes dos exércitos do Reino inimigo invadir o castelo, no quarto do casal, o Rei escreveu uma carta, a lacrou e entregou-a para a Rainha dizendo que ela deveria entregar essa carta para a princesa quando ela completasse a sua 16ª primavera.

Quando perguntado sobre o porquê dessa carta ir justamente para a princesa e não para o príncipe, o Rei declarou que a princesa acharia a resposta para o seu destino naquela carta e que assim ela poderia reencontrar o príncipe.

Foi então que a Rainha percebeu que o Rei planejava separar os dois irmãos e como nenhum deles poderia viver sozinho, teria que ter a companhia de um dos pais.

O Rei disse que ele ficaria com seu filho, o príncipe, já a princesa fugiria junto com a Rainha e que eles deveriam ficar distantes um do outro, para que não houvesse nenhuma suspeita.

Nos instantes finais, o Rei e a Rainha se despiram das suas roupas luxuosas, se livraram de todos os objetos preciosos que carregavam, abandonando também o reino, o palácio, o povo. Toda a glória que construíram desde o dia do seu casamento, desfeita em questão de minutos, numa tentativa final de sobrevivência.

Vestiram roupas comuns e discretas e colocaram numa bolsa tudo o que precisavam para sobreviver até encontrarem abrigo.

Depois, fizeram o último ritual, cada um pegou um bebê que estava em cima da cama.

O Rei pegou o príncipe, loiro dos olhos azuis como o céu do inverno, e o guardou consigo, ainda mimando-o nos últimos momentos de realeza.

E a Rainha pegou a princesa, passou a mão sobre os seus cabelos castanhos cor de avelã e olhou nos olhos verdes como a copa das árvores na primavera.

Deram um último beijo, rezando um pelo outro e pelo retorno de seus filhos a aquele palácio para retornar a glória que era deles por direito.

E assim, o Rei e Rainha se separaram, não sabendo se um dia voltariam a se encontrar.

A tomada da capital aconteceu de forma pacífica, os comandantes do exército seguiram as orientações dadas pelo Rei e renderam-se diante da invasão.

Ao invadir o castelo real, o Rei inimigo viu as roupas do Rei e da Rainha ensanguentadas e tolo, supôs que eles recorreram ao suicídio e não se preocupou em saber onde estavam os seus corpos.

Mas na verdade, aquele era o sangue de animais mortos, jogados nas roupas reais apôs a fuga do Rei e da Rainha.

Sem demora, ele tratou de instaurar o seu governo e assumir aquele castelo.

Conversou com os conselheiros e disse que gostaria de ser coroado ainda naquele dia.

Obedecendo as ordens do novo Rei, os conselheiros e criados do castelo prepararam a cerimônia de coroação.

No pôr do sol, sobre o céu alaranjado, na sala do trono. Generais e soldados antes inimigos assistiram todos juntos à coroação do novo Rei.

Do seu lado direito, se sentava a nova Rainha, com um bebê em seus braços, de cabelos negros e olhos azulados como o pai, aquele era o príncipe e futuro governante daquele reino.

E, enquanto isso, sobre o mesmo céu alaranjado. O Rei andava sozinho usando roupas largas e um capuz sobre a cabeça, vagando pelos bosques à procura do seu novo caminho.

E a Rainha carregava a sua filha pelas florestas, a única coisa que para ela tinha valor naquele momento, buscando um novo lar.

Cinderela - A Princesa dos PássarosWhere stories live. Discover now