Prólogo: Adeus

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EU JÁ NÃO SABIA MAIS O QUE FAZER. COMO PODERIA ESCAPAR DE toda a dor? A dor da verdade, a dor da decepção ao descobrir que tudo aquilo em que eu acreditava não passava de uma farsa premeditada. A única verdade em tudo era meu amor por Max, mas nem a isso eu podia me segurar mais.

Era uma tarde ensolarada de verão em Cambridge quando entrei em casa, nada ali me parecia mais acolhedor e não era só por termos nos mudado de Heaven Wood para uma casa bonita que não tinha nada a ver conosco. Havia muito mais por trás disso.

Fui até o quarto de Edward, ele devia estar de repouso após o transplante de rim, mas já havia voltado à faculdade e, de certa forma, a ausência dele facilitava um pouco as coisas para mim. Abri a gaveta de sua escrivaninha e tirei todos os papéis, eu sabia que o que eu procurava estaria lá e não demorou muito para encontrar.

Cerca de cinco envelopes de faculdades distintas, incluindo Cambridge, mas esta era a última para qual eu escolheria me submeter à admissão, eu não queria estar perto de ninguém. Olhei os outros quatro envelopes: Universidade de Londres, Compton, Oxford e Liverpool. Antes de tudo acontecer, Drake e Edward mandaram cartas de admissão em meu nome e por incrível que pareça, eu fui aceito em todas elas para o curso de medicina, mas eu não iria a lugar algum enquanto Max estivesse em coma.

Todos acharam um desperdício, mas não podiam me obrigar.

A Universidade Compton ficava na Irlanda, era a mais distante das cinco instituições e ao ler a carta, percebi que o prazo terminaria em dois dias. Ainda havia tempo, talvez eu ainda pudesse me livrar de tudo.

Naquele mesmo dia, marquei um encontro num café com Karola, Drake e Henry, um lugar onde mamãe não nos ouviria. Eles eram os únicos com quem eu ainda falava. Contei-lhes o meu desejo de me matricular e ir embora o mais depressa possível, Karola ficou relutante, mas Drake e Henry aparentemente me entenderam, ou pelo menos respeitaram minha decisão. O peso que eu estava carregando nas costas era maior do que eu poderia suportar.

— Você tem certeza disso? — Karola perguntou me olhando nos olhos de uma forma profunda como nunca havia feito antes.

— Sim, eu tenho.

Nem pensei duas vezes antes de responder.

— Denise e Eddie não vão concordar muito com isso. — Drake lembrou.

Eu dei de ombros.

— Depois do que eles fizeram, o que acham ou deixam de achar pouco importa. Eu só quero ir embora, não consigo nem olhar nos olhos deles...

— E quanto a Max? Vai mesmo deixá-lo? — Henry perguntou.

Foi como se ele tocasse em uma ferida aberta.

— Ele não vai a lugar algum, vai? Já se passou um mês e nem sinal de ele acordar. Não perdi as esperanças, não o amo menos por isso, mas não posso mais ficar aqui. Está sendo muito difícil acordar todos os dias e conviver com a verdade. — Admiti.

Queria estar tão seguro quanto as palavras que saíam da minha boca.

— Se você tem certeza que quer isto, eu posso ajudá-lo com a parte financeira. — Henry disse por fim.

Tive vontade de me jogar em seus braços e agradecer eternamente. Meu cunhado era, sem dúvida, a melhor pessoa que já havia entrado em nossas vidas, mas em vez disso apenas fechei os olhos e respirei fundo para manter o controle, tudo era motivo para eu desabar.

Um Amor Interrompido [DEGUSTAÇÃO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora