Capítulo 11 - Rayssa

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Em 2014, após a despedida da escola, na pracinha da flores.


— E até que nossa apresentação foi boa — Gonçalo afirmou meio que questionando.

— Pelo menos os professores gostaram — Rayssa parou. — E ninguém foi vaiado. Diferente daquele grupo da colega de sala do Luís, como era mesmo o nome dela? Letícia? A garota foi se exibir e deu muito ruim. Ela nem sabia sobre o que estava falando.

— Luís, você foi um bom líder — Gonçalo disse. — Ainda me lembro de como estávamos desorientados no início do PIE.

Nunca passou pela minha cabeça que eu poderia ser tido como um líder. Eu era um antissocial, um isolado que evitava qualquer coisa além de um curto bate papo. Acho que quando me permiti para Patrick, eu estava deixando um portão dentro de mim entreaberto que viria a se abrir por completo com o seu sumiço. O que é bem irônico.

— E naquele dia quando Gonçalo vomitou tudo? — Lorena nos fazia lembrar de outras situações. Ela estava deitada com a cabeça apoiada nas pernas de Rayssa.

— Eu tinha comido demais — Gonçalo coçou a cabeça.

— Você sempre come demais — ela respondeu.

— Foi nojento pra caramba e eu ainda tive que cuidar dele — eu disse.

— É nisso que dá ser o sóbrio do grupo, Luís.

— Mas meu dia favorito de todos foi quando fomos na casa do Gonçalo e os pais dele tretaram com a gente — Lorena soluçou.

— Na real, você que tretou com eles, Lorena.

— Pode ser, mas que piscina era aquela, gente? Maravilhosa — ela soletrou.

— Aquele dia foi louco — Gonçalo disse.

— Esse flashback, e os outros muitos, nós vamos reviver em outro momento. Tá ficando tarde pro Luís — Rayssa cortou todo mundo.

— Luís! — Lorena gritou e tentou me agarrar. — Eu vou sentir sua falta toda manhã botando moral nas coisas.

— Vai sentir minha também? — Gonçalo sorriu atrás atrás dela.

— Quando for visitar a Rayssa, passa lá em casa ou me avisa, tá bem? — Lorena o ignorou. — Senão eu vou tocar fogo em vocês dois.

— Tá bem, Lorena — abracei-a.

— Vamo, Gonçalo, vou com você hoje. Espero que tenha trazido dinheiro para gasolina até minha casa. E você, mudinho, quer ir com a gente? - Lorena perguntou ao Matheus. Ele disse que sim. Nós todos nos abraçamos e dizemos tchau uns para os outros.

— Você não vai agora, Rayssa? — Lorena perguntou quando notou que Rayssa não se mexeu.

— Eu tenho algo a falar com Luís. Vou logo depois.

— E vai perder uma carona? Sua boboca — Lorena disse, descendo da casinha, junto com os garotos. — Aumenta esse som! — ela berrou antes do carro partir.

— Você sabe que eles tão de rolo, né? Lorena e Gonçalo — Rayssa disse quando o veículo sumiu.

— O quê? Não me falaram nada.

— Ah, tô na mesma. Eu que vi. Tô considerando ficar brava com isso.

— Acho que a Lorena tá com medo de passarmos na cara dela todas as vezes que ela disse que jamais ficaria com o Gonçalo.

— Passar na cara dela? Eu vou esfregar na cara dela. Ela passou esse tempo todo negando o menino pra fazer charme. Todos nós torcendo para que ela desse uma chance e do nada, ela fica com ele sem dizer nada para nenhum de nós? Vaca - Rayssa bufou. - Ei, Lu, Calma - ela me disse quando fui tentar descer da casinha - Eu quis que eles fossem logo para que a gente pudesse conversar sobre algumas coisas, você não pode ir agora.

Se cuida, LuísOnde histórias criam vida. Descubra agora