único.

46 7 5
                                    

Capítulo único:
Butterfly and Dragonfly.

"Ele era como uma borboleta, livre e belo. Suas cores, brilhavam desde seus fios de cabelo, olhos, lábios, até suas mãos e pernas (...). Por onde passava chamava a atenção, um pequeno e atraente garoto. Mas assim como as borboletas, tivera um tempo curto de vida.

Eu, uma libélula. Buscava sempre por meu reflexo, tentava entender o meu eu, sempre buscando a mim mesma. Um vôo baixo e rotineiro meu. A transparência era o que me atraia - e ele a tinha - me fascinava, poder saber com facilidade, sem muitos problemas, o que se passava pelas camadas debaixo."

• • •

Foi minha culpa isto tudo. Se não fosse tão estúpida e teimosa, não estaria onde está agora. Minha jovem borboleta multicolor, estaria com suas flores, apreciando o pólen de sua vida.
E eu seria a libélula, em busca de um reflexo nítido meu, porém tudo continua tão turvo.

Depois do que fiz, minha visão pareceu piorar. A visão que tinha sobre mim foi estilhaçada, como o parabrisas naquele exato momento.
Posso descrever como se  estivesse a ocorrer agora, neste instante. Os detalhes estão presos a minha memória.
Talvez seja este o motivo desta minha cegueira.

Não chovia nem nada, na verdade, estava quente. Quente como um dia que segue dois chuvosos deveria ser, quente como as 24 horas devem ser enquanto o céu prepara-se para iniciar um novo desabamento de sua parte, algo refrescante e relaxante quando acontece.

O ar pesado, entrando teimoso pelas janelas, abafava o som de nossas vozes.
Eu adorava a sensação, no entanto, neste específico momento, esse efeito fizera com que gritassemos mais, a procura de sermos escutados um pelo outro.

Minha respiração estava mais pesada, aquele tempo calmo não perdoara meus brônquios problemáticos.

Culpa minha?

A certeza me segura insistente, entretanto outros permanecem a mentir sobre os fatos, para mim e para eles mesmos.

Sabemos que o que houve foi:

Uma ridícula briga entre amigos, melhores amigos.

Ele e eu, discutiamos como nunca havíamos feito antes, dispersando tudo que guardamos para nós mesmos por um longo tempo.

Contava-lhe sobre meu ódio, que foi o que gerou esta raiva nele.

Se eu ao menos tivesse amor próprio, não teria criado aquilo. Agora é tarde, o caminho foi escolhido e trilhado, só o que posso fazer é aceitar.

Minhas palavras que funcionaram como navalhas para ele, saim rápidas, deixava que escapassem sem pensar.
Precisava que ele escutasse, precisava que ele soubesse desse meu lado antes que ousasse se apaixonar, antes que se envolvesse o bastante para me descobrir antes de mim mesma.

Era perceptível em seu rosto, que não gostara nem um pouco da conversa.

Não podia acreditar em mim, eu sabia, eu enganei a muitos.

'Um desfile de pura alegria contagiante'.

Pensavam que era uma maneira de me descrever, talvez exteriormente. Não... nem isso.

-Se não pode amar a si própria, eu o farei. Te amarei por nós dois.-Falou com sua voz camuflada em seu choro. A preocupação estava lhe causando danos internos, que ambos não tínhamos ideia da existência.

Me questionava se o faria mesmo. Se algo assim era difícil para mim, como ele faria para conseguir em dobro?

-Como minha mãe diz, e você sempre fez questão de lembrar; para que ame alguém é preciso se amar primeiro.

-Então...-Um silêncio, que eu pretendia prolongar, no entanto não o fiz por muito mais tempo. Engoli um seco, meu coração acelerou, não tinha certeza de nada, mas o fiz, eu finalmente o disse: -Eu não te amo.

As lembranças dessa cena, sempre dançam em câmera lenta em minha mente.

Tantas coisa possíveis, e presentes, podiam ter sido a causa do acidente, mas sabemos que quem realmente deu a partida fui eu.

Mesmo que aquela chuva instantânea e momentânea, que começara há pouco, tivesse acrescentado certos riscos na pista, não foi ela quem entregara a morte em nossas portas. Mesmo que aquele caminhão a nossa frente, que ignoramos a viagem toda, tenha freiado com tudo em um momento inesperado, não fora ele quem o matou.

Fui eu, eu quem sou a  verdadeira assassina da história, se eu tivesse esperado, ou ao menos, não tivesse o dito, não tiraria o resto de atenção que ainda tinha na estrada, teria conseguido fazer algo para nos salvar, salvar a si, alguém capaz de se amar e amar um outro em dobro.

Pisou com tanta força tão repentinamente, que pude sentir aquela sua raiva e tristeza se esvair apenas naquele movimento. Descontara suas emoções no pedal errado, e jogou o veículo contra o enorme automóvel pesado.

Vi seu corpo saltar, seu rosto pálido e delicado se chocar com o vidro duro e frio, e então, com o forte impacto, os dois se partem.
Esta imagem é tão dolorosa quanto as lesões que me marcam hoje, era impossível que eu tivesse sobrevivido, por algum milagre irônico e injusto, eu estou aqui viva.

Vivendo com a lembrança de quem amei sendo empurrado contra algo frio, como nosso destino, e duro como meu coração se tornara.

No fim, eu pude amar, cruel a verdade é que só percebi quando o perdi. Quando ele tornou-se livre, mas isto não aconteceu no instante de sua morte, e sim quando pode dizer com toda certeza o que realmente sentia.

Hoje já não sou capaz de continuar por minha busca, o medo de achar a assassina, me assombra. Não estou disposta a continuar, isso que eu deveria chamar de vida, já não vale mais a pena, não vale mais nada, nem mesmo meu último suspiro dado após me jogar da ponte mais próxima, esperando que a água, aquela quem deveria me refletir, entrasse em meus pulmões e fizesse seu trabalho.

🌵🐋🌵

Olá, primeiramente; Peço desculpas por qualquer erro.

Estava receosa sobre publicar esta história, então espero que seja de agrado de alguém (。・ω・。)

Caso tenha sido, seria de grande ajuda se deixasse seu voto ou comentário(críticas construtivas são bem vindas.)


Ass: Nie ;D

MetamorfosDove le storie prendono vita. Scoprilo ora