Capitulo 2 - O problema.

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O recepcionista do hotel era um homem alto e moreno com uns bonitos olhos castanhos. Parecia ser muito simpático e trabalhador, e por isso, a reserva de um quarto para mim e para o Harry foi bem rápida. Os olhares da sala postos em nós ficavam cada vez mais pesados e irritantes. Apetecia-me gritar '' Não querem olhar mais?! '' mas tinha de permanecer calada e quieta. 

- Tiveste muita sorte, é o último quarto vago que temos. - falou o descontraído recepcionista.

- O hotel parece ser grande - respondi.

- É, mas não temos assim tantos quartos como pensa. E ainda por cima, a esta época do ano quase ninguém vem... mas estranhamente todos os quartos estão reservados.

- Achas estas pessoas estranhas? - perguntei e ele olhou para mim confuso. Eu sabia que era muito pouco provável conseguir arrancar informações de alguém que via-me pela primeira vez na vida, no entanto uma vez consegui e talvez hoje também tenha sorte.

- Bem... um pouco. Mas deve ser só impressão minha. - respondeu ele. Não estava para conversas com desconhecidas.

Sorri e dei meia volta para ver onde estava o Harry e a Mary. O Harry estava sentado numa pequena mesa com outra rapariga loira a conversar. Só agora chegamos e já anda a fazer ''amigos''...

Decidi ir ter com eles mas Mary chamou-me baixinho e comecei a caminhar atrás dela, seguindo-a. O elevador do hotel estava avariado mas as escadas não eram muitos grandes e longas, por isso não me importei. Um grande corredor sombio separava os vários quartos que havia naquele piso e criava uma atmosfera meio que... assustadora. Eu não me sentia muito bem naquele edifício mas decidi seguir a lógica do recepcionista e disse a mim própria '' é só impressão minha'' .

O quarto da Mary era bem grande e luxuoso. Tinha uma enorme cama de casal numa das partes e na outra, uma pequena sala de estar com uma televisão e uma mesa para jantar. Mary sentou-se numa das cadeiras e eu sentei-me à sua frente, esperando ouvir a história que ela tão receava.

- Tudo começou uns dias atrás. Comecei a receber telefonemas muito estranhos... alguém ligava e simplesmente RESPIRAVA!

- Respirava?... - perguntei confusa e um trovão soou de fora.

- Sim! Todos os dias! Pode parecer algo estúpido mas tenho a certeza que se alguém te ligasse às 5h da manhã e estivesse sempre calado tu também ías ficar com medo!

- E porque não trocaste de SimCard?

- Eu troquei 4 vezes! Continuavam a ligar na mesma! - disse ela desesperada.

- Então a pessoa que te liga ou é algum familiar ou amigo muito próximo a quem tu davas os teus novos números de telefone ou a pessoa que te vende os cartões.

- Isso era o que eu gostava de saber! Mas ainda há mais ! CARTAS! - gritou ela e rápido baixou o tom de voz - Cartas com ameças do tipo '' Vais pegar pelos pecados que foram cometidos! Vai haver vingança!! ''. Eu queimei-as todas... mas a última que chegou foi há uns dias atrás e dizia que eu íria ser morta no hotel onde estava hospedada. Milla, eu arrumei as malas e decidi trocar de hotel. Escolhi este pequeno hotel que ficava a kilómetros da cidade mas continuo com medo! E se esse psicopata seguiu-me?

- Não podes mudar de cidade? Já ligaste à policia?

- POLÍCIA NÃO! Milla, se eu quisesse a polícia metida nisto eu não te teria chamado para vires cá! Não posso, eu preciso mesmo de ficar cá pelo menos 2 semanas... se não, vou perder muito dinheiro.

- O dinheiro é mais importante do que a tua vida? - perguntei.

- Milla, não me julgues, por favor. Simplesmente, ajuda-me.

Inspirei fundo e aconcheguei-me melhor na cadeira.

- Mary, não sei se sabes mas eu sou só uma advogada! Eu não estudei para resolver crimes! E sim, para meter os culpados na cadeia e defender os inocentes!

- Se tu não me ajudares o meu corpo vai ser encontrado dentro de alguns dias e aí sim, poderás mostrar todas as tuas abilidades em Direito! 

Cheguei-me para trás. Eu não entendia porque é que as pessoas queriam tanto que eu as ajudasse! Eu nunca conseguia fazê-lo! Da ultima vez, duas senhoras morrerram e eu só descobri o culpado depois de elas já não estarem cá. Ainda por cima, eu não tinha procurado respostas, as respostas é que vinham sempre ao meu encontro. Porque é que todos insistam tanto em proteção da minha parte?!

- Eu vi-te tantas vezes na televisão.... Tu és umas das advogadas mais bem pagas lá da tua Inglaterra! Milla, por favor, pela nossa amizade.

- Mas.... - respirei fundo. Ela estava mesmo em pânico. Eu não poderia deixá-la sozinha com os seus medos e um doente que não parava de chantagea-la, a minha consciência não deixava... - Está bem, mas quero que saibas que eu não vou ser nenhuma guarda-costas! Eu vou tentar descobrir que é esse chantagista e mais nada! 

Ela saltou da cadeira e abraçou-me.

- Obrigado! Faz o que quiseres, só não me deixes morrer sem saber o porquê...

- Credo Mary... não digas essas coisas.

Ela riu-se e voltou para a sua cadeira. Reparei que o quarto dela tinha uma enorme varanda que ligava à varanda de um outro quarto, ao lado e perguntei-lhe se aquilo não a incomodava, ao que ela respondeu que não e que a varanda tinha uma divisória.

Mary contou-me que achava que o chantagista podia ser alguém dos hospedes e por isso contou-me que nestes dias em que eu não chegava a Moscovo, ela andou a investigar um bocadinho. Mary era casada com Maksim Novikov, um bonito rapaz de aproximadamente 26 anos e com um cabelo e olhos claros. Ela contou-me que conheceu-o quase 1 ano atrás também num hotel e que desde aquela altura eles nunca mais se separaram. Ela acrescentou também que o Max era totalmente inocente e eu deveria excluí-lo logo da minha lista dos suspeitas. Eu concordei.

Num quarto a seu lado estava hospedada uma rapariga de 25 anos, chamada Erica e que era filha de um milionário, e por isso era muito snob e egocêntrica. Mary avisou-me logo para eu manter-me longe dela. Erica estava no hotel com a sua tradutora e conselheira, algo do tipo de uma empregada a 24 horas que o pazinho lhe comprou. Chamava-se Sofia e tinha a mesma idade de Érica, mas ao contrário da patroa, era uma rapariga muito bondosa e divertida. Sofia e Erica estavam muitas vezes juntas devido às viagens que Erica fazia.

Angelina Daggirof era uma senhora de 56 anos que estava hospedada no hotel devido às obras que ocorriam da nua mansão. Também era muito rica e demasiado antipática para a sua idade. Contudo, Mary não lhe dava grande importância. 

- Como poderia um senhora de 60 anos andar a ligar às pessoas e chantagea-las? - ela riu-se.

Viktor Daggirof era seu filho e um homem muito assustador e reservado. Quase nem falava e quando Mary olhava nos seus olhos até sentia arrepios. Eram olhos do ''diabo'', dizia ela. 

Alexander Carpenko era o recepcionista. Só trabalhava à noite e pelas palavras da minha amiga, já vivia naquele hotel à muitos anos. Ainda era novo e não estudava, por isso trabalhava à noite na recepção e de manhã desfrutava da sua vida de jovem.

Alina Ivanova era um modelo morena que alguns anos atrás decidiu ''reformar-se'' e começar uma nova vida como advogada. Era um rapariga de 25 anos muito bonita e sensual, no entanto, uma mulher muito feminina e rigida. Nada nem ninguém podía atravessar no seu caminho. Mary avisou-me logo para eu não me dar muito com ela pois ela podería perceber as minhas intenções e se ela fosse a chantagista eu estava feita. '' Advogados percebem advogados'' - dizia ela.

E por fim, ainda havia a Lília, uma empragada que vivia no quarto ao lado e que trabalhava o dia todo. Era um menina muito simpática e bonita mas perdeu os pais muito jovem e por isso, era muito fraca e desprotegida. Tinha medo de tudo, a moça.

O Crime 3 - Harry Styles FANFICOnde histórias criam vida. Descubra agora