Não diga, mostre!

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         Tem uma diferença, que quase ninguém vê, mas que faz muita diferença, entre um bom escritor e um escritor preguiçoso.

      Escritores hoje - e digo hoje porque apesar da pouca idade já li inúmeros livros de Ágatha Christie e escritores antigos como Machado de Assis - pegam atalhos. Estão sempre presos a "verbos de pensamento", como: senti, achei, pensei, quis, desejei e etc.

Se prender a esses verbos é um vício para todos os escritores pois são nossos queridos para a nossa escrita. Mas se ao invés de você dizer, você mostrar?

Ex: "Letícia sabia que Carlos gostava dela".

Aqui o narrador diz para o leitor que Carlos gosta de Letícia ela sabe, o escritor entrega isso de bandeja para o leitor.

Ex.2: "Carlos todas as manhãs ligava para Letícia perguntando como ela havia dormido, e ela se perguntava que sentimento se escondia por trás dessa atenção."

Viu a diferença!? Nesse texto o narrador apresentou os fatos e, os leitores chegaram a conclusão óbvia. Assim quem está lendo se envolve com a história, pois assim conhece como se mostra o amor de Carlos por Letícia.
Pense você, se alguém que nunca te provou isso dizer que te ama, acreditaria? É a mesma coisa com o leitor, pode até acreditar, todavia, não vai se envolver e sentir o amor dele.

Entretanto, "atalhos" são muitas vezes necessários. Mesmo que escritores de nome venham discordar.

Ex: "Eu nunca quis tudo, não desejei milhares de amigos, não implorei por amor paterno, eu só queria ser feliz, e a minha felicidade foi roubada de mim quando ele parou de respirar."

Esse é um trecho do meu livro Entre anjos & guardiões. Aqui Matheus conta como foi para ele depois da morte de ser pai, afirma que nunca implorou por amor paterno ou quis ter milhares de amigos. Nesse trecho usei atalhos, ainda sim constatei fatos, porque não poderia dar exemplo de todas as vezes que Matheus foi independente ou autônomo. Usei atalho sim, mas antes disso, ao decorrer do livro, meus leitores já sabiam de sua personalidade e já sabiam quem ele era, e que era independente e autônomo. 

Evite pegar atalhos, não diga, mostre. Mas as vezes pegar atalho pode ser bom para a fluidez da história, saiba quando é onde usá-los. 

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