O Lusíada

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-30 vendas Rosalina, hoje fizemos apenas 30 vendas! Precisamos de mais clientes! Mais dinheiro! Ou nunca seremos como eles...- o moço em cena, que logo saberão seu nome, olhava pela janela enquanto reclamava, e seus olhos brilhavam.

-Eles quem José-perguntou a moça, antes entretida com a costura de um sapato.

-Ora, com os Fidalgos*! Com quem mais gostaria de ser? Com parvos*?!- respondeu o marido rudemente. Percebendo o que dissera, fez menção de se concertar mas já era tarde .

Rosalina levantou-se bruscamente, jogou o sapato em suas mãos longe e antes de se retirar, disse aos prantos:

-Sabes muito bem que eu era uma parva, mas quis casar-se comigo, por amor José? Ou para me desmerecer como acabas de fazer?- não quis saber a resposta de seu marido, pois já não o conhecia.

Quando eram amigos* José tinha somente e olhos para ela, foram muitas as rosas vermelhas que ganhou, acompanhadas de cartas cheias de ternura.

A maior conquista de José foi o coração de Rosalina.

Casaram-se, mas quatro meses depois, falecendo o pai de José, o moço passou a cuidar dos negócios do pai, uma sapataria, e desde então pouco tempo teve para cuidar dos caprichos de amá-la.

A porta do casal, o moço, tentando se reconciliar com sua esposa, pediu desculpas em nome do amor entre eles, mas Rosalina nada respondeu.

Triste pelo o que acontecera, saiu para caminhar debaixo do sol quente da tarde, a fim de refletir sobre seus atos. Não precisou ir longe para se deparar com uma aglomeração de homens que animados e risonhos, conversavam sobre algo entre eles:

-O que se passa Homens?! Quero rir também.

Os homens cessaram o falatório, todos dirigiram o olhar para ele, mas somente um deles dirigiu-lhe a palavra:

-Ainda não sabes? Foi anunciada uma expansão marítima e estou a procura de verdadeiros heróis para embarcarem nessa aventura, você não é muito forte mas pode servir, te interessa?

O moço logo pensou no devido reconhecimento que terra por tal ato, mais precisamente, pensou que podia tornar-se um fidalgo.

Não procurou saber a opinião de sua esposa e movido pela cobiça, agarrou a unha e dente essa grande oportunidade aos seus olhos. Tratou todos os detalhes com os homens, partiriam na manhã do dia seguinte, depois José voltou para casa eufórico, não para levar a Rosalina as boas novas, mas para fabricar mais sapatos de modo que sua esposa teria sustento durante o período que estivesse fora, isso é o pensava.

Se passava das onze da noite quando Rosalina apareceu cautelosamente na porta da oficina,já de camisola.

-Porque estais a fabricar sapatos a essa hora José?

-Irei navegar pelos mares nunca dantes navegados!- respondeu ele limpando com um pano o suor que escorria por sua testa.

-Oh!- exclamou ela espantada- estais a ter alucinações?- pensava Rosalina que o marido havia sido picado por algum inseto venenoso e sofria desse efeito colateral.

O Lusíada [Conto]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora