Capítulo 9

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Apesar de, no fim, o sábado ter se resolvido bem, eu acordei mais mal-humorada do que o normal no domingo que o seguiu. O motivo era bastante óbvio: eu estava com ressaca de problemas. Eu estava cansada de atrair tanta coisa ruim ao mesmo tempo. Tudo o que eu queria era que minha vida voltasse a ser como era antes daquele outro sábado, da traição de Davi.

Sentada na beirada da cama, eu traçava mentalmente planos para que o dia não fosse um lixo total. A opção de ficar em casa naquele domingo, me escondendo do mundo, parecia ótima – principalmente quando adicionei Sexta-feira Muito Louca e um pote de sorvete de chocolate a ela. Entretanto, quando desci as escadas, recebi uma ligação que me surpreendeu e atrapalhou totalmente meu planejamento: era meu pai.

Fiquei tão assustada com a surpresa que precisei de alguns segundos para me recuperar.

– É muito triste perceber o quanto receber atenção da minha parte choca você – ele confessou, interrompendo meu silêncio.

– Desculpa. É só que... Não tô acostumada. – Tentei me explicar. Por mais que ele tivesse me magoado tanto com sua ausência, eu nunca faria o mesmo com ele, principalmente de propósito.

– Eu sei, querida. Eu sei. Você não tem que se desculpar de nada. – Ele fez uma pausa. – Eu é que sou culpado disso tudo. E é por isso que liguei. Quero levar você e seu irmão pra almoçar.

Eu arregalei os olhos, ainda mais surpresa do que antes. Por um segundo, realmente acreditei que estava sonhando.

– Você tá falando sério, pai?!

– Eu falei pra vocês que saí de casa porque sua mãe e eu precisávamos pensar, mas eu amo você e Douglas. Quero recompensá-los. Eu sei que nada vai trazer de volta os anos que fiquei afastado, mas isso não quer dizer que eu não possa fazer parte do seu futuro.

Então, com a surpresa e o choque passando, eu fiz uma coisa que, quando acordei naquela manhã, não parecia se encaixar nos meus planos, mesmo que adicionasse comédias e sorvete a eles: eu sorri. Sorri cheia de felicidade porque, dentre tantos problemas, aquele que mais afetava minha vida enfim estava se resolvendo. Podia estar longe de uma solução perfeita e ainda cheio de cacos, mas estava caminhando para um bom resultado. E isso era tudo o que eu precisava naquele instante.

Combinamos um horário e eu corri para avisar o Douglas. Ele ficou tão surpreso quanto eu, mas reclamou um pouco sobre nosso pai achar que seria fácil recuperar o tempo perdido. Porém, no fim, concordou em ir e eu suspeitava que estivesse tão feliz quanto eu.

 Porém, no fim, concordou em ir e eu suspeitava que estivesse tão feliz quanto eu

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– Arranjei um apartamento aqui no Leblon. Ele é bonito, confortável... Tudo bem que não seja muito grande, mas vocês sabem... Para alguém sozinho... Não precisa ser nenhum castelo. Até porque sua mãe e eu ainda não nos resolvemos, não dá para ser nada permanente. Mas, de qualquer forma, aqui tem dois quartos extras. Pra vocês. – Meu pai enrolou um pouco de espaguete no garfo com a ajuda da colher e colocou na boca antes de olhar para nós, do outro lado da mesa do restaurante onde ele nos levou, então percebendo nossa expressão boquiaberta.

Além da amizade (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora