Dama Da Noite

Capítulo 1

                            Marilis
  
   Acordei e olhei para João. Merda. Desde quando nós tínhamos... ah não! Eu tinha bebido e ele também.

   João era meu namorado há quatro meses. Eu planejava terminar aquilo logo. Estávamos em um motel. Levantei da cama e me vesti.

   —Isso foi um erro. —Falei.

   Estávamos sem proteção.

   E se eu pegasse AIDS?

   E se eu engravidasse?

   Ele acordou devagar.

   —A noite foi incrível. —Comentou.
  Revirei os olhos e saí dali.

               Cinco anos depois...

   Após muita briga na justiça, eu consegui a guarda de Marcus. João iria visitá-lo nos fins de semana.

   Dois meses depois daquela noite no motel, ele foi em minha casa:

   "—O que você quer aqui? Já estragou minha vida.

   —Estraguei?

   —Eu já amo meu filho, mas eu engravidei de VOCÊ.

   Ele ergue uma sobrancelha.

   —'Coloca a camisinha, João', lembro de ter te pedido. 'Não, é mais gostoso sem'. Você tinha que negar. Você tinha que deixar aquela porra na gaveta.

   —Se você está esperando um filho meu, então vou assumir a responsabilidade.

   —O que quer dizer?

   —Vamos casar?

   —Claro que não! Eu estava planejando te deixar.

   —Mas...

   —Não. Prefiro criar meu filho sozinha.

   Fechei a porta."

   Ele era malhado, usava terno a maior parte do tempo, de cabelos claros e olhos negros.

   —Você sabe que eu amo mulheres perigosas, independentes e brutas. —Deu um sorriso malicioso.

   Estávamos numa cafeteria. Ele tinha levado Marcus num passeio já que era sábado. Ele não desistia de dar em cima de mim.

   —Você vai amar quando eu der uns bons tapas nessa sua cara de nerd riquinho.

   Ele sorriu.

   —Você não imagina o quanto.

   —Imbecil.

   —Enfim, vou dar ao meu filho uma tarde feliz. —Levantou-se.

   —Domingo, às seis. —Lembrei-o do horário que ele deveria deixar Marcus lá em casa.

   —OK.

   —Você está cada vez mais linda, Marilis— Ele falou assim que Marcus entrou.

   —Estou? Isso quer dizer que eu não sou?

   —Não —Ele sorriu.

   —Já falou mal.

   —Você é sempre assim, não é, Marilis? —Se encostou na parede.

   —Você é sempre tão babaca, não é, João?

   —Você sabe que isso te deixa mais atraente, certo?