Capítulo 1

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Beatriz

Eu estava pronta. Havia comprado as passagens, feito as malas e me despedido dos meus amigos, agora só faltava ir para o aeroporto e embarcar. Ao chegar lá, minha mãe até tentou bancar a forte, mas não conseguiu sustentar-se por muito tempo e desatou a chorar.

— Mãe, por favor, você pode parar agora? – Implorei, impaciente. Para piorar a situação, passou um rapaz moreno, de olhos profundos me encarando. Senti meu rosto esquentar, mas não de vergonha, e sim, porque minha mãe estava fazendo uma cena como se eu fosse um bebê.

— Mas filha, é a primeira vez que vamos passar tanto tempo separadas – minha mãe reclamou chorosa e eu revirei os olhos.

— Querida, é melhor irmos, senão a Beatriz vai se atrasar – meu pai tentava tirar minha mãe dali, o que me deixou totalmente agradecida. Ele me olhou com aquele olhar cúmplice, particularmente nosso e sorriu.

Não esqueço, quando eu tinha apenas cinco anos, meus pais me perderam em uma capital, não consigo imaginar como céus alguém se descuida tão facilmente de um filho, mas tudo bem. Nós estávamos de férias e fomos em uma excursão, não lembro detalhes. No entanto, em um dos passeios, minha mãe saiu para fazer algumas compras e eu fiquei com meu pai, que estava resolvendo alguns assuntos do trabalho pelo celular. Vi um palhaço numa praça ali perto e eu, como sempre, muito curiosa, caminhei até lá. O problema foi que acabei me misturando entre as pessoas e não consegui mais encontrar meu pai. Fiquei desesperada, mas uma senhora me disse que sabia onde ele estava, e eu, apenas uma criança inocente, a acompanhei. Ela segurou minha mão e me senti segura, mas não imaginava o que poderia acontecer a partir dali.

Saí de meus devaneios, e me despedi dos meus pais. Sentiria falta deles também, mas não gostava muito de demonstrar meus sentimentos, então, apenas abracei-os.

— Vá com Deus, filha, e não esqueça de nos ligar assim que chegar ao Brasil – meu pai me deu um último abraço e sussurrou em meu ouvido que me amava, o que me fez querer ir logo, antes que chorasse como minha mãe e voltasse para casa com eles.

— Te amo, filha, que Deus te acompanhe e não se esqueça Dele – minha mãe disse apontando para o céu. Eu acenei com a mão e me dirigi para fazer o check-in.

Quando entrei no avião, tropecei em alguém, que, inteligentemente, estava com parte da perna esticada no corredor. Eu senti uma mão tentando, inutilmente, me ajudar, porém, como sou pavio curto, diria umas poucas e boas para essa pessoa. Quando consegui me recompor em meu salto, fitei o culpado da minha queda. Que azar o meu! – pensei na hora que fitei os olhos profundos do mesmo rapaz que me encarou meia hora atrás, eu o analisei por um breve momento e ele pareceu não se incomodar.

Está explicado minha queda, com essas pernas enormes que ele tem!

— Desculpa, não foi pretensão minha causar esse acidente – ele parecia sincero.

— Tudo bem, mas presta mais atenção. Espero que outra pessoa não consiga uma lesão no tornozelo como eu. – Certo, ele era muito lindo, mas não era por isso que eu iria deixar para lá.

Ele deu um sorriso amarelo, e eu permaneci séria, caminhei até minha poltrona e me sentei. Uma senhora, que aparentava não ter mais que quarenta anos, sentada a duas poltronas da minha, me olhou e sorriu, porém, pareceu-me um sorriso caçoado. Não liguei para esse detalhe e também não sorri de volta.

Peguei um pequeno espelho na minha bolsa e, então, soube o porquê da mulher estar sorrindo de mim. Vi meu cabelo bagunçado do jeito mais estranho possível. O bom é que ele é bem liso e não seria difícil colocá-lo em ordem. Como o avião ainda não havia decolado, decidi ir ao banheiro, procurar por um espelho maior.

Quando eu estava arrumando meu cabelo e admirando o efeito da franja espaçada, que havia cortado há um mês – o que eu acho que ficou bem legal, ainda mais por meu rosto ser alongado – alguém bateu na porta, então, decidi sair. No entanto, a fechadura simplesmente não abria, comecei a sentir uma sensação claustrofóbica dentro do minúsculo banheiro e me desesperei, chutando a porta. Notei que alguém estava falando alguma coisa do outro lado, mas não consegui ouvir.

De repente, a porta se abriu e meu corpo foi lançado com força para fora, justamente em cima de uma pessoa. Tento me recompor e ajudar a atropelada por mim, mas antes disso, ouço uma risada; tenho vontade de rir junto e ao mesmo tempo ficar zangada. Meu temperamento às vezes é estranho. Ajudo a aeromoça a se recompor também, ela pareceu não se abalar, como se passasse por situações assim todos os dias. Me desculpei novamente e segui para minha poltrona.

Só pode ser meu dia de sorte mesmo. Primeiro quase torço meu tornozelo, depois uma mulher me acha com cara de palhaça e, ainda por cima, fico trancada dentro do banheiro.

Sentada em minha poltrona, fechei meus olhos por um breve momento, e pedi a Deus que nada mais acontecesse de ruim naquele dia.

Enquanto eu tentava relaxar para as próximas horas de voo e ignorar que dentro de alguns minutos estaria a mais de dez mil metros do chão, fiquei relembrando dos acontecimentos dos últimos cinco meses. A carta que recebi me fez passar muitas noites em claro, então, tomei a decisão que considerei mais acertada: viajar para o Brasil.


***

Pessoal, oi!! Nos digam o que acharam deste primeiro capítulo, ok?

Hahaha... Estamos muito animadas! O que acha de embarcar conosco nessa viagem?!

Huhuhuu...

Quanto as postagens, ainda vamos decidir, aí lhes avisamos! <3

Um beijo. Deixe estrelinhas e comentários! Huhu

Socorro e Patrícia

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