Capítulo 37

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CAM

Meu corpo todo dói.

Meus pulsos e tornozelos ardem devido às cordas que me prendem. Minhas costelas doem toda vez que respiro. Meus músculos estão tensos e doloridos. Meu rosto inchado e sensível.

Meu olho esquerdo está tão inchado que não consigo abri-lo, não que eu fosse ver muita coisa de qualquer forma, o quarto está completamente escuro e silencioso.

Tudo em que consigo pensar é em Nina e em Liv e na minha família. Não acho que vou voltar a vê-los.

Penso na noite em que ela e eu passamos juntos, penso na sua pele macia, nos seus beijos, no seu perfume, quase posso ouvir sua voz falando comigo. Ou talvez eu esteja apenas alucinando, talvez a fome e a sede estejam fazendo meu cérebro ver e ouvir coisas.

Ouço o barulho de passos abafados e então a porta se abre e a luz é acessa, me fazendo fechar o olho por causa da claridade.

— Dormiu bem? — Albert entra no quarto seguido por seus dois capangas malditos.

Não tenho a mínima noção de onde estou ou de quanto tempo estou aqui, minha mente está confusa demais por causa da dor.

A única coisa que eu sei que é que estou em um quarto vazio com paredes sujas que um dia já foram brancas e um carpete cinza que fede a mofo.

— Está na hora da sua lição de hoje. Podem levanta-lo.

Os dois homens se aproximam e me levantam, no processo sinto uma fisgada em minhas costelas que leva lágrimas aos meus olhos.

Albert se aproxima e tira a fita silver tape que cobre minha boca.

— Agora o desamarem. — Ele ordena e eles obedecem.

— Por que você não me mata de uma vez? — Digo com a voz fraca.

— Ah, mas eu vou, mas primeiro você vai sofrer por vários e vários dias. — Albert diz com um sorriso cruel nos lábios.

— Eu entendo sua raiva...

— Você não entende nada! — Ele grita, furioso.

— Eu entendo que você sente falta dela.

— Não pense que você sabe o que eu estou sentindo, seu merda.

— A Brooke era minha amiga, eu gostava dela.

Sua mão pesada desce em meu rosto com força, acertando os machucados que não tiveram tempo de se curarem e me fazendo gemer de dor.

— Não ouse falar da minha irmã, seu desgraçado! Você a matou e ainda tem a coragem de falar na minha cara que gostava dela?

— Eu não a matei. — Sussurro, em parte para ele, mas também para tentar me convencer de que é verdade, que eu não arruinei a vida de Brooke quando no fundo sinto que foi exatamente o que eu fiz.

— Você a seduziu e a levou para o seu mundo pervertido, ela passou seus últimos dias sendo uma vadia qualquer dando pra quem pagasse mais por sua culpa!

— Não, não foi minha culpa. — De novo, digo mais para mim do que para ele. Preciso me convencer que não tive culpa, Nina me disse que não tive culpa, quero acreditar que ela está certa e que eu posso ser o tipo de homem que ela merece.

— Eu sei que ela sempre foi meio maluquinha...

— Vejo que é de família. — Digo e recebo mais um soco.

— Sou maluco por querer justiça? Não, acho que não. Brooke era meio avoada, mas ela nunca se tornaria uma prostituta se você não tivesse seduzido minha irmã. Por sua culpa ela conheceu as pessoas erradas e morreu afogada no seu próprio vômito, como uma vadia viciada sem valor nenhum.

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