De volta para casa

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O dia seguiu e a tempestade os prendera ali por toda uma tarde. Kamui ressonava nos braços de Sasori tal como um recém-nascido no aconchego dos braços da mãe. O barulho do vento batia nas estruturas de madeira da marionete e gritava alto por onde passava, mas ali dentro, ambos os Akasuna dormiam tranquilos e seguros.

O corpo da morena se encaixava perfeitamente no abraço que a mantinha presa ali de maneira delicada e carinhosa. Podia parecer bobo, mas o simples fato de tê-la ali e saber que entre seus braços Kamui não temia o vento e areia já acalmava o monstro interior de Sasori.

Lentamente ela acordou e deixou que os olhos se acostumassem a pouca claridade do local, ficou longos minutos admirando o rosto delicado do primo enquanto o mesmo dormia. Havia algo genético com os Akasuna que parecia os manter íntegros em meio à ação do tempo e tanto Sasori quanto Kamui pareciam mais dois adolescentes inocentes de feições delicadas que os ninjas adultos excelentes e mortais que realmente eram.

Perdida entre os muitos encantos de cada linha de expressão de seu rosto, ela se quer percebeu quando o ruivo acordou. Se pudessem ser vistos dentro da marionete, ninguém negaria que a proximidade e a forma carinhosa como Kamui era abraçada era digna atitude de um casal apaixonado, assim como a forma que se encararam quando os orbes de brilho intenso se chocaram com as recém-abertas de Sasori.

Os atos que os envolveriam ainda mais seguiram por si só, nem Kamui nem Sasori tinham controle sobre seus atos por estarem envoltos em tamanha proximidade. Sasori aproveitou-se da situação para aproximar mais o corpo da morena do seu no abraço que já dividiam ao impasse de uma das mãos que ainda estavam espalmadas no peito do ruivo subiu até seu queixo para guiar os lábios dele em direção aos dela.

Aquele não era o controle que costumava ter, ainda antes de adormecer ali tinha certo em mente que não faria mais isso com o ruivo, uma vez que ele por vontade própria tinha uma história que ela não entendia bem com Deidara. Ainda assim acordar tão próxima dele, tão bem confortável e quente em seus braços podia sim manter esses pensamentos longe de si.

Entretanto, após alguns minutos do beijo quente os pensamentos começaram a fluir novamente em sua cabeça. No mesmo momento se viu sobre o corpo do ruivo sem saber se havia sido ela ou ele que havia estabelecido aquela posição.

Amava Sasori, desejava Sasori e tivera uma vida ao lado do primo que fora montada por si mesma. Por mais prazerosos que fossem aqueles momentos, eles só existiam nos desejos dela, rapidamente Kamui recobrou seu autocontrole e cessou o beijo, retirando-se de cima do ruivo.

– Me desculpe por isso, – ela disse ajuntando a capa que os cobria para vesti-la, Sasori não disse nem fez nada. – Eu sei que isso não deveria se repetir mais e não se preocupe, não vai. – Concluiu de forma informal.

– Eu deveria estar entendendo o que você está falando Kamui? – Ele perguntou no mesmo tom.

– É claro, mas você não tem culpa. Eu que não deveria brincar de seduzir pessoas contra a vontade delas. – A frase de Kamui bateu fundo em Sasori.

“Contra vontade?”

A fala bateu fundo no ruivo que desde o começo apenas temia assumir o que sentia e ser rejeitado pela morena que parecia mais em busca de aventuras que de alguma coisa a mais. Mas nunca pensou que Kamui fazia aquilo pensando que era contra sua vontade.

– Você fez isso comigo sempre desde que te conheço. – O tom pareceu se elevar um pouco mesmo sem que ele percebesse o que fazia.

– Eu posso ser uma pessoa com temperamentos bem momentâneos, mas ainda posso ver o que é certo, ou não. Naquele tempo você também não tinha ninguém então antes somente meu ato era torto, mas se você tem um compromisso seja la com quem o meu erro acaba forçando você a errar também e isso não é legal e nem divertido. – O tom casual passou ao deboche.

Areia vermelhaWhere stories live. Discover now