Capítulo 12 - A empresa de mineração

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"A escolha nos mostra os dois lados da moeda: primeiro a alegria se manifesta e depois a dúvida de ter feito a coisa certa se apresenta finamente."

Bia queria reencontrar Saulo para se desculpar por ter saído antes do final da peça, mas o trabalho a consumia totalmente. Abdicou de sua vida pessoal para se dedicar a magistratura e construir uma sólida carreira. Mas ela lamentava por inocentar criminosos por falta de provas e ver famílias sendo destruídas por causa de dinheiro. Também a repugnava constatar que negros e pobres estavam sempre na lista de suspeitos. Ao sair do chuveiro, ouviu uma notícia na televisão que a deixou espantada.

- Uma jovem foi encontrada morta no interior da empresa JS Mineração...

- Jéssica!

- Que foi? – perguntou a garota na cozinha

- É a empresa de mineração que era cliente do escritório do papai. Eles acusaram injustamente um funcionário de roubo.

- As provas apontam para uma tentativa de suicídio. - disse a repórter

- A garota se matou lá dentro. Qual o problema? - respondeu Jéssica com um ar blasé.

- Todos. Um funcionário foi acusado injustamente. Eu trabalhei neste caso e tentei investigar, pois nunca acreditei na culpa do João Batista. Descobri que era o diretor de marketing e sua amante que roubavam. Eles apagaram as provas e não consegui provar nada. Logicamente, meu pai não soube da minha investigação, porque ele defendia os interesses dessa empresa. 

- O que isso tem a ver com esta mulher?

- Jéssica, eu fui ameaçada quando tentei investigar este caso. Lembro muito bem que lamentei por ter que defender essa empresa porque não queria encobrir encobrir as irregularidades.- respondeu melancólica para logo depois completar: - E agora esta mulher aparece morta?

- Ih, Bia. Saia da área criminal, pois não está lhe fazendo bem. Você está ficando paranoica. – disse ao voltar para a cozinha.

Beatriz olhou fixamente para a televisão e por sua cabeça passou um turbilhão de ideias. Quando seu pai ordenou para que parasse as investigações contra a assistente  de marketing que havia roubado o dinheiro. A mesma mulher encontrada  morta dentro da empresa naquela manhã. Ela sabia que havia uma ligação entre as duas histórias e se puxasse uma linha o novelo seria desenrolado.

Quando saiu do trabalho, esbarrou com uma pessoa e deixou alguns papeis caírem no chão. Abaixou-se para pegá-los e quando levantou a cabeça encontrou Saulo agachado tentando ajudá-la.

- Primeiro você bate no meu carro, agora me derruba. Como será da próxima vez? Já estou até com medo de reencontrá-lo – disse rindo.

- Vai ser mais apoteótico, pode acreditar. Estou pensando em envenenamento por gases tóxicos, O que acha?

- Não é muito boa ideia. – disse quando se levantava.

- Tentei encontrá-la depois da peça, mas você sumiu.

- Eu saí um pouco antes do final porque não me senti muito bem, acho que foi virose, mas já passou.

- Bom, ainda quero saber da sua opinião. Gostou da peça?

- Gostei sim, você trabalha muito bem, até porque a história de Dom Quixote é muito interessante e prende a nossa atenção.

- Quem bom, eu estou indo para o meu curso de interpretação agora e já que nós nos encontramos, será que você me acompanharia?

- Adoraria, mas estou um pouco cansada.- disse enquanto fazia uma careta.

- Esta aula vai ajudá-la a relaxar e a liberar a tensão.

O preço da escolhaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora