Run ∥ Niam Horayne [PT/BR]

#2

O meu coração acelerou assim que acordei e olhei ao redor da sala em que eu estava, mas me acalmei um pouco quando percebi que não havia nenhuma forma de vida nesse lugar além de mim. Eu encostei-me à cadeira desconfortável em que eu estava sentado. Olhei para baixo e notei que minhas mãos estavam amarradas na cadeira, com um monte de fita enrolada em volta da corda. Quem pensavam que eu era, o Houdini? Havia também uma fita cobrindo a minha boca, toquei-a com a ponta da minha língua, mas automaticamente me arrependi ao sentir o seu péssimo gosto.

Tentei soltar as minhas mãos primeiro, parecia impossível com todo aquele amontoado de fita, mas eu ainda conseguia mover as minhas mãos um pouco, na verdade. Eu procurava pelo nó que eles provavelmente tiveram de dar pra manter a corda firme quando ouvi o ranger de uma porta abrindo. Levantei a minha cabeça e parei todos os movimentos das minhas mãos. Dois homens entraram, um deles tinha cabelos e olhos castanhos, um largo sorriso no seu rosto feio, e já pude notar o quão idiota ele era. Tinha uma cicatriz que começava do lado direito do seu rosto e ia até o canto dos lábios, me fazendo questionar-me em que tipo de briga esses caras se envolviam.

"Ah, Loiro, você está acordado!" O homem de cabelo castanho falou com sua voz profunda e eu estremeci. Ele parecia tão assustador, senti uma vontade de chorar e de sumir no exato momento. Ele se aproximou de mim, agarrando um pedaço da fita e arrancando da minha boca, me fazendo gritar de dor. Encolhi-me com o olhar dele, suas mãos estavam escondidas atrás de suas costas e fiquei tenso ao imaginar o que ele poderia estar carregando - uma arma? Uma faca? Espero que seja um gatinho.

O homem sorriu maliciosamente. "Oh, você está com medo disso?" Ele disse ao revelar o objeto que estava escondendo e definitivamente não era um gatinho, era uma pistola. Uma droga de uma pistola. Senti as lágrimas se formarem em meus olhos do tão assustado que eu estava, mas eu tentei segurá-las o máximo que pude.

"P-por que e-eu estou aqui?" Perguntei-o e ele fingiu sentir pena, fazendo beicinho ao colocar a arma em uma das alças de sua calça. Ele se virou e caminhou em direção à porta, virando para me encarar novamente.

"Loiro, você é praticamente um tesouro no nosso mundo. Você chamou a atenção de um dos mais temidos líderes de gangues desta cidade. Quando a notícia se espalhou, todo mundo estava tentando chegar até você. Ainda bem que eu te peguei primeiro. Agora, eu posso matá-lo quando ele vier te buscar." E com isso ele saiu do local, o rapaz de cabelos pretos o seguiu, batendo a porta de forma ensurdecedora.

Eu, chamar a atenção de alguém? Alguém me achar atraente? Certeza de que pegaram a pessoa errada, ninguém sentiria atração por mim. E por que esse garoto viria me salvar? Ele só teria me achado atraente, se eu morresse provavelmente ele conseguiria outra pessoa. Isso não fazia sentido pra mim. Respirei fundo, tentando esquecer tudo isso. Fechei os meus olhos e joguei a minha cabeça pra trás. Ao menos eles tiraram a fita da minha boca. Pelo que entendi, esse cara não me mataria ainda e isso, de uma maneira estranha, me deixava um pouco mais tranquilo. Respirei fundo mais algumas vezes, deixando o sono tomar conta de mim.

(...)

"Levanta, agora!" Alguém rosnou e eu acordei em um pulo, assustado e ofegante. Olhei freneticamente pela sala, só recordando onde eu estava alguns segundos depois. Senti o meu pé tocar o chão e notei que, na verdade, eu já estava andando. Olhei para trás, ainda confuso por não estar mais amarrado na cadeira. Ela estava lá, as cordas e a fita que estavam amarradas as minhas mãos, agora estão no chão.

"Para onde estam-"

"Mudança de planos." O homem de cabelo castanho falou. Sua mão estava segurando o meu braço ao que ele me arrastava para algum lugar. Repentinamente senti-me com muito frio e notei que estávamos do lado de fora. Eu tremia. "Você vai fazer o que eu disser ou vou estourar os seus miolos."