Two

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A curiosidade a respeito do Byun não passou com os dias, ainda mais depois da decepção de voltar até a casa quarenta e seis e ser novamente recepcionado pela mulher emburrada.

Havia se passado uma semana e em momento algum encontrou o escritor novamente, às vezes jurava ter visto um vislumbre na sacada do segundo andar, mas desaparecia em alguns segundos.

Se sentia frustrado, cansado e tudo que queria era o colo da sua mãe.

É difícil morar sozinho e ser independente; tem o medo, a saudade, a vontade de desistir.

Mas se existe algo que os senhor e senhora Park ensinaram ao moreno, era nunca abrir mão de seus sonhos. Não poderia decepcioná-los, ou a si mesmo, precisava seguir em frente, até porque tinham feito um acordo. Chanyeol tinha um tempo determinado para tentar alcançar seus sonhos na capital, se não precisaria voltar para ajudar os pais e assumir a fazenda, posteriormente.

Naquela manhã, o motoboy recebeu mais alguns envelopes para entregar, porém devido ao trânsito caótico, não conseguiu levar todos antes do horário de almoço, deixando um para depois. O Park olhou aquele endereço, lembrando da porta azul e do garoto que parecia acuado dentro da própria casa.

Curioso, como sempre foi, enquanto comia seu macarrão instantâneo na loja de conveniência, Chanyeol observou e envelope. Olhou para os lados, mesmo sabendo que ninguém ali o conhecia ou prestava atenção em si, então abriu-o sem muita dificuldade, já que não estava colado.

Eram mais ou menos dez folhas de uma parte corrigida. Ele percebeu ser de um livro ainda no começo, já que estava escrito: capítulo cinco.

O Park começou a ler, mesmo que fosse um pouco estranho já que não sabia o começo da história, então não entendia os personagens ao todo, mas aquele foi um capítulo lindo, onde um casal, aparentemente, apaixonado se entregava à madrugada, fazendo loucuras e aproveitando cada segundo, cada momento, cada olhar.

Em determinado momento, percebeu que eram desconhecidos ainda, amor à primeira vista. Contudo, tinham uma sincronia invejável, como se fossem almas gêmeas. Baekhyun tinha o dom de fazer com que as palavras fluírem de forma divina, fazendo Chanyeol sentir como se estivesse em Paris, sob as luzes da cidade do amor, rindo, conhecendo-se e entregando-se sem perceber.

Estava tão envolvido com a escrita sobre a pequena parte daquela noite —porém parecia ser o começo de algo muito maior — que não percebeu o macarrão esfriando ou a hora passando, apenas precisou, com uma vontade insana, desenhar aquilo.

Pegou no bolso da jaqueta o lápis 2B de rascunho, que sempre estava consigo como um fiel escudeiro e um guardanapo. Começou o rascunho de uma luminária típica de Paris, a menina de vestido esvoaçante olhava para a lua, porém o garoto não conseguia tira os dela, pois para ele, ela era mais bela que a noite estrelada ou o ar parisiense.

Eram linhas traçadas rapidamente, com poucos detalhes, mas que tinham tantos sentimentos quanto aquelas palavras rascunhadas no livro. Chanyeol estava encantado.

Contudo, foi tirado de sua aurea de magia com o toque do celular, ele piscou desnorteado, olhando o aparelho por um momento antes de entender que precisava atendê-lo, estava preso em um mundo de fantasia.

Era o seu chefe, questionando sua demora.

Com pressa, o motoboy engoliu o macarrão que estava gelado, juntou as folhas, colocando-as no envelope e guardou o lápis no bolso, correndo até sua moto.

No caminho até a casa do escritor, Chanyeol se sentiu irritado.

Era tudo uma mentira, afinal. Como alguém conseguia falar de forma tão aberta sobre corações apaixonados e se encolhia com apenas um toque de campainha?

Park Chanyeol Knock on the DoorOnde histórias criam vida. Descubra agora