Capítulo 7

615 80 10
                                    


    Eu buscava obsessivamente respostas ou sinais sobre essa gangue. Não aceitava o fato deles terem passado tão perto de mim e eu não ter visto. Ou pior, o que eles estariam fazendo naquela área.
   De repente, um anúncio surgiu na tela; a inauguração de um cassino e, pelo visto, era um cassino para ricos. Teria a disputa no jogo valendo um jatinho.
Isso era bem o padrão.
— Jonathan!— chamei— já temos o novo local de ataque.

Ele veio no mesmo instante e me lançou um olhar firme. Como se quisesse me passar confiança e aflição.

    No restante do dia, me mantive na minha mesa, monitorando os monitores que mostravam as imagens do nosso novo local de ataque; eu queria muito pegar essa gangue, mas minha cabeça tinha muitas coisas.
O almoço com Lucy. As palavras dela. A voz dela. O fracasso no primeiro ataque. Os olhos de um dos ladrões. Eram tantos erros e acertos que não conseguia decidir se ficava feliz ou decepcionado.
— Erick!— Jonathan chegou — é minha vez de assumir a monitoração.
— Ah, certo— me levantei, grato por já poder ir para casa— então, nos vemos amanhã.
— Antes quero te perguntar uma coisa— ele disse

Olhei bem para ele, vendo sua expressão tensa e preocupada.
— O que foi?— perguntei
— Você foi direto para o cofre? Ou parou antes?

Senti minha pele formigar.
— Por que a pergunta?— mudei o peso do meu corpo de um pé para o outro
— Andei calculando o tempo e tudo mais. E de acordo, você teria pegado eles no ato.
— Quando cheguei, eles não estavam lá mais. Acho que já tinham esvaziado a muito tempo. Quem sabe antes mesmo de chamarem a atenção. Pensou nisso?

Ele piscou, e eu vi que não havia pensado. Na verdade, nem eu também. E fiquei mais aliviado por essa teoria, afinal, ter ajudado Lucy nem poderia ter sido um erro.
— Você está certo— Jonathan passou as mãos no cabelo— é que vi você com uma garota no dia. Estava falando com ela..
— Estava interrogando— disse rapidamente
— Certo— ele assentiu— melhor você ir então.
— Bom turno— saí, mais rápido que o normal.

    No meu apartamento, eu fazia diversas flexões. Neste momento, raro de minha vida, eu fazia algo que não era relacionado a trabalho. Substituia o terno por uma calça de moletom; ficava descalço e sem camisa, e relaxava malhando. Era algo que eu gostava de fazer sozinho, e o melhor era que minha sala tinha esse espaço.
Ao som do Nirvana, eu conseguia lembrar da época que era apenas meu pai e eu, falando sobre as aventuras do FBI. Agora que vejo as responsabilidades, compreendo o tempo pouco que eu tinha com meu pai.

     Depois de um banho quente, eu estava pronto para pedir comida do restaurante mais próximo e passar o resto da noite trabalhando estratégias para pegar a gangue da coroa. Porém, meu celular toca, me fazendo perder a linha de raciocínio.
— Alô?— atendi, sem checar o número na tela
— Hã, oi.. é a Lucy— a voz sexy e melódica atravessou a linha, me deixando arrepiado
— Lucy...— sussurrei— Oi. Não esperava que ligasse.
— Eu decidi agora. É que me deram a noite de folga, então achei que podíamos jantar. Que acha?

Na verdade eu tenho que trabalhar, infelizmente não vai dar...
Minha mente projetou a resposta perfeita, mas minha língua me traiu.
— Claro, mando meu endereço pra você— disse
— Ótimo!— pude notar o sorriso em sua voz— te vejo depois.

Ela desligou, e meu trabalho foi esquecido, deixando minha mente girar em torno de organizar um jantar perfeito.
Eu não conseguia entender o porquê de ser tão difícil dispensar ela; eu sempre fiz isso com Jonathan quando ele me convidava para as noitadas. Mas talvez eu tivesse as respostas; nunca senti vontade de sair com Jonathan, e eu sinto vontade de ficar com Lucy. Essa é a diferença.

    Depois que o restaurante entregou a comida que eu havia pedido, eu consegui arrumar a mesa de um jeito aceitável.
Agora, eu vestia uma camisa, sem estampa, cinza e calça jeans. Me sentia apresentável, e eu esperava que realmente estivesse.
A campainha toca, me fazendo saltar.
Qual é, Erick? Para de frescura!
Abro a porta naturalmente, e lá está ela.
Os cabelos escuros jogados sobre os ombros; os olhos negros me fitando curiosamente; as roupas justas e normais, não deixando ela menos sexy do que é.
— Oi...— ela sorriu
— Oi..— sorri de volta— entra.
— Obrigado— ela entrou, olhando atentamente para tudo a sua volta

Eu fechei a porta, observando seu jeito de se mover. Sempre sentia algo quando via seus movimentos lentos e sensuais, como se eles quisessem me dizer algo que estava óbvio demais. Seu olhar foi para a mesa de jantar, que estava pronta para nós. Logo, ela olhou para mim, com um sorriso gentil e tímido.
— Preparou isso tudo?— ela corou
— Bom, eu pedi a comida— passei as mãos no cabelo
— Podíamos ter comido pizza sentados no chão assentindo um filme enquanto falávamos besteira, sabia?— ela riu
— Esse é seu conceito de jantar?— eu ri também
— Não, esse é meu conceito de: nunca fiz isso antes— ela veio até mim— é a primeira vez que saio por amizade com alguém.

Pisquei, descrente
— Tá brincando?— ergui minhas sobrancelhas, e ela corou.

Eu era a primeira pessoa que ela saía. A primeira de verdade.
— Que honra— comentei— vamos jantar?

Ergui minha mão e ela aceitou, prendendo meu olhar tempo suficiente para sentir uma vontade íntima me consumir.

F.B.I: Fale. Beije. Induza.Onde histórias criam vida. Descubra agora