capítulo 1

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ESSA NARRATIVA NÃO TEM UM FIM DESDE OS MEUS 18 ANOS. NÃO ESPERE MUITO DESSA OBRA JAMAIS REVISADA, CARO LEITOR. MEU QUERIDO SEBÁSTIAN É APENAS UM TRUNFO DA PRIMEIRA HISTÓRIA QUE TIVE A AUDÁCIA DE TENTAR ESCREVER, E TAMBÉM UM LEMBRETE A MIM MESMA PARA VOLTAR A ESCREVER POR AMOR E PURO PRAZER.

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O jovem Thomas se esforça em meu lugar para abrir a porta emperrada do antigo casebre. Em seguida se apressa para pegar a mala de couro com meus pertences, que repousava ao encalço de meus pés. Foram dias cansativos para um velho como eu, é o que ele deve pensar. – Senhor... O Senhor primeiro – Muito educado, o jovem Thomas. Muito diferente de como eu era na sua idade. Demora um bocado para absorver um assunto e outro, é péssimo em física mas é bastante dedicado. E tem um coração de ouro o rapaz.

Eu caminho na velocidade que minha idade permite para dentro do casebre, e assim que cruzo a soleira da porta sou abraçado pelo aconchego reconfortante que só seu verdadeiro lar pode trazer. As paredes de tijolos laranjas estavam desbotadas por dentro onde o sol alcançava, as janelas coloniais eram de madeira, nunca quis pendurar as cortinas. A sala era um pequeno quadrado repleto de prateleiras de madeira nos quatro cantos, e livros empilhados e puídos pelas traças e pelo esquecimento. Sentei-me na cadeira de balanço que por anos observou a cidade de Luton sozinha através do vitral da janela, recostei minha cabeleira branca e fechei os olhos por alguns segundos.

Thomas mexia nas panelas do estreito corredor que separava a sala com um balcão alto, que eu chamava de cozinha. Ao final do corredor havia uma porta que dava para um pequeno pedaço gramado a céu aberto, particularmente meu lugar favorito da casa. Quando o jovem abriu a porta para o gramado e a luz do sol incidiu em mim, rejuvenesci cem anos. O silêncio deu lugar aos meus anos dourados, quando ainda era apenas um moleque amargo e soberbo.

Para quando ainda era apenas um tolo.

Para quando ainda julgava-me sábio.

Para Margot.

Margot. A augusta pessoa a quem estes relatos pertencem. Abro meus olhos lentamente, e por trás das lentes dos óculos eles vasculham as prateleiras em busca de algo específico. O canto de meus lábios se curvam para cima quando encontro.

- Thomas? Thomas, pode vir aqui um instante? – O rapaz não se demora, e vem secando as mãos em um velho avental que deve ter encontrado junto a cozinha. – Thomas, meu rapaz, o que estava fazendo? Não precisa se preocupar com minha alimentação.

- Mas Senhor Seb...

- Thomas... – O interrompo. – Já conversamos sobre toda essa cordialidade. Sebástian, apenas Sebástian está bom. – Sorrio bondosamente para ele. – Agora, por favor, pegue para mim aquela caixa de madeira. – Aponto para a única parte organizada da prateleira.

Ela repousava em cima de dois livros grossos de capa dura, os meus favorito; ambos Contos sobre Reis e Rainhas, histórias fictícias porém inspiradoras, diferente do restante dos livros de meu acervo. A caixa era incrivelmente leve e bem trabalhada, pertenceu ao meu avô. Me apossei dela aos trinta anos, após sua morte, para preservar comigo sua memória e também as minhas.

- Está trancada Senho... Sebástian!

- Jamais para mim, meu caro.

A apoio em meus joelhos e sopro a superfície para tentar me livrar da poeira. Exponho o pingente do colar de ouro que carrego comigo sempre escondido por baixo das vestes e da barba comprida: uma chave. Thomas franze a testa e observa atentamente, um rapaz muito curioso, ele abre a boca para falar mas prende o ar e engole o que imagino que seria uma pergunta. Rio brevemente.

- Aqui está a melhor de minhas lembranças, Tom.

O rapaz assente com a cabeça, mas permanece em silêncio.

- Sabia que Margot é minha melhor amiga desde a infância?

Digo me gabando. E consigo por fim despertar seu interesse por completo.

- Margot, a Rainha? - Ele pergunta boquiaberto.

Concordo com a cabeça lentamente e sorrio para o rapaz.

- Eu era ainda mais moço que você quando a conheci, tinha dezessete anos... Pegue uma cadeira rapaz, se acomode...

Rapidamente o garoto arrasta uma cadeira daquelas dispostas na mesa da sala e se senta ao meu lado. Eu giro a chave na fechadura de minha caixa de madeira e a abro, revelando centenas de envelopes de carta e pedaços de papel marcados pelo tempo.

- ... deixe me contar uma história....

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⏰ Última atualização: May 09, 2017 ⏰

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Eu, Sebástian FrenzyOnde histórias criam vida. Descubra agora