Detenção

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Um ano se passou desde o ocorrido.
Estávamos caminhando para o final do ano letivo.
Nossa escola parecia uma prisão de quatro andares; o primeiro andar era o vestiário e a recepção, o segundo e terceiro tinham apenas as salas comuns e o quarto andar ficava a biblioteca, a sala do diretor e outras salas de manutenção e as salas de cursos extras. A escola era segura até demais com câmeras em todos os cantos, todas com visões noturnas em caso de tentativas de roubos durante a noite.
Como eu era fascinado por filmagens dava para gravar muitas coisas naquele lugar, como brigas de casais, valentões mexendo com nerds, alunos chorando por causa de notas, professores fazendo coisas estranhas; mas a coisa mais bizarra naquele colégio era o zelador Wilkins, ele era um cara diferente, nunca sorria e sempre tinha aquele olhar sombrio que assusta qualquer um. Ninguém sabe o que aconteceu com ele para ele ser daquele jeito...uns diziam que ele via espíritos de madrugada na escola e isso acabou pertubando ele, outros diziam que a mulher dele foi assassinada enquanto ele trabalhava. Bom, ninguém nunca teve coragem para perguntar o que realmente aconteceu.
Certo dia saindo da aula de teatro vi Bruno apavorado batendo a cabeça no armário, ele parecia mais perturbado do que o normal.
Ele com as mãos trémulas me mostrou uma carta que dizia:
"-Vocês não deveriam ter feito aquilo!"
Então resolvemos reunir todos para saber quem estava brincando com a gente, mas claro que ninguém se pronunciou; todos estavam bem assustados em relação a carta. Marcos era o único que não tinha aberto seu armário, então ele foi conferir para ver se tinha algo lá, ao abrir ele encontrou uma carta pior que a anterior:
"-Seria uma pena se alguém tivesse colocado algo para ferrar vocês na sala do diretor não é mesmo?"
E então fomos até a sala do diretor, era intervalo e obviamente ele não estaria na sala.
Quando chegamos lá já faltavam três minutos para o intervalo acabar e por incrível que pareça a gaveta do diretor estava destrancada e ele nunca a deixava dessa forma; Mas não achamos nada que pudesse nos incriminar, quando estávamos saindo da sala o diretor apareceu... Ele já não gostava da gente antes, imagina agora.
A punição que o diretor nos deu era simples: arrumar os livros bagunçados da biblioteca.
Naquela noite começamos a arrumar os livros com a companhia nada agradável do diretor.
Já era bem tarde, quer dizer...não tínhamos certeza já que o diretor tinha confiscado todos os celulares. O clima era tenso, ninguém conversava com ninguém, só havia olhares de desconfiança,a amizade ali não parecia mais tão forte como antes, pois alguém com certeza havia quebrado o pacto.
Faltavam poucos livros para arrumar, então, nossa detenção já estava chegando ao fim, quando de repente as luzes começaram a falhar, o diretor resolveu checar a sala de energia e nos deixou na biblioteca. Pouco tempo depois as luzes voltaram ao normal mas o auto-falante da escola começou a fazer um ruído estranho seguido de uma voz:
-Olá, vocês devem estar se perguntando quem sou eu, mas vamos com calma... Breve tudo irá se esclarecer. Antes, eu gostaria de brincar um pouco com vocês, mas notei que o diretor estava... como eu posso dizer,  atrapalhando nossa festa.
Aquela voz com certeza assustou a todos, não era uma voz comum e sim uma daquelas estranhas modificadas com aplicativos para trotes.
Marcos resolveu sair para procurar o diretor, quando saimos da biblioteca vimos um rastro enorme, seguimos até o fim do corredor e encontramos o que seria o diretor, partes do corpo foram dilaceradas, havia sangue em toda parte, com os membros faltando e sem a face, exceto pela roupa que parecia a mesma.
Voltamos correndo para biblioteca e todos estavam desesperados, gritando e chorando.
E novamente o auto-falante foi ligado:
-Porque estão gritando tanto? Até parece que nunca viram um cadáver antes. Espero que tenham entendido que não há como fugir, o único que tinha as chaves da escola eu matei.
Ele com certeza iria fazer o mesmo com todos a não ser que...pegássemos a arma que estaria no armário de Beatriz.

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