Depois de 4 anos -parte 1 (mais livre que a minha vida 2)

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Então aqui nós temos um problema. Eu não esperava reencontra-la aqui. Muito menos ser mantido a sós no mesmo espaço que ela durante 15 andares. Eu cheguei apressado ao prédio, tomei rapidamente o elevador e apertei o meu botão. Silenciosamente o elevador fechou as portas e subiu o prédio até parar no sexto andar.

Não era o andar que eu tinha chamado, muito menos tinha alguém na porta esperando o elevador chegar para entrar. Esse prédio é metade residêncial e metade comercial. O sexto andar é um dos últimos andares residências desse prédio de 21 andares, eu tenho reunião no último andar daqui 15 minutos.

Esperei pacientemente os 20 segundos que o elevador demorou pra começar a fechar novamente. E quando isso finalmente começou a acontecer eu ouvi uma correria vindo em direção ao elevador. Prontamente eu seguerei a porta e esperei a criatura afobada chegar. Ela entrou como um furacão, me atropelou com a bolsa e os esquemas enrolados em baixo do braço.

-Fui eu que chamei o elevador, me desculpe, quando ele estava no quinto andar lembrei que não tinha trancado a porta e corri pra trancar, obrigada por esperar! -a moça loira se explica apertando o botão do vigésimo primeiro andar
-Tudo bem -respondo

Só quando ela vira, eu percebo com quem eu estou falando e por um segundo, o segundo em que nossos olhares se cruzam e raciocinam com quem estamos falando, só se ouve o barulho do elevador subindo. E de repente um suspiro vindo dela, ou seria uma bufada?

-Ah, você me achou. -ela diz com certa repulsa
-Eu não estava te procurando. -respondo
-Não?
-Não, eu desisti depois dos primeiros 6 meses.
-Então, o que faz aqui?
-Agora você quer saber de mim? -não consigo segurar a fagulha de mágoa que saiu na minha voz
-Educação.
-Foram 4 anos.
-Você ainda tá magoado?
-Quase 100 ligações no primeiro ano!
-Eu não vi nenhuma. -ela garante, cínica
-De 100 chamadas perdidas? Nenhuma?
-Nenhuma.
-Ah faça-me o favor, viu. -digo puxando a alça da mochila que escorregava no meu ombro, virando-me pra porta, e cortando qualquer contato visual com ela

Em silêncio o elevador seguiu do décimo até o décimo quinto andar. Ela se aprumou nesse tempo, organizou os esquemas e os segurou com cuidado enquanto guardava a chave de casa na bolsa. Eu só sabia olhar pro contador, observei os números aumentaren um a um. 10, 11, 12, 13, 14, 15. Ela parou do meu lado olhando para os números também.

-Eu não quero discutir. -ela fala e eu ignoro, ela nota que eu não vou falar e continua -Eu só quero me justificar... -ela fala cada palavra pausadamente esperando minha reação e eu só sei contar, 16, 17, por que demora tanto? -Eu não sa...
-Cala a boca, Nilce.
-Mas eu não...
-Só cala a boca, foram 4 anos sem justificativa alguma. Agora que eu já consegui superar você vem falar comigo? Prefiro continuar na ignorância alimentando o ódio que sinto por você. -18,
-Ódio? -ela repete pasma
-Sim, ódio! Ódio por me deixar na dúvida durante um ano. Por abalar a minha autoconfiança por mais dois! -cuspo
-Deixar na dúvida? -19, 20
-Sim, deixar eu ficar me perguntando o que eu fiz de errado e se eu não sou bom o bastante pra ninguém! Mas isso não importa mais. -21

A porta do elevador se abre, eu saio sem olhar pra trás. Ela sai também, eu ouço o barulho dos saltos dela pisarem no corredor. Passo pelo balcão da recepcionista do andar e mostro meu crachá pra ela que me deixa passar, estou quase no fim do corredor quando ouço:

-Essa conversa ainda não terminou, Leon! -ela grita
-Pode confiar em mim, acabou sim! -grito sem olhar pra trás

Viro a direita e abro a porta da minha sala de reunião. Eles estavam me esperando. O diretor estava com o telefone na mão. Ele encerra a conversa mandando a recepcionista autorizar a estrada de alguém e pede para que ela oriente a pessoa a esperar na porta da sala.

-Bom dia, Sr. Martins. -ele me recepciona com um aperto de mão
-Bom dia, me atrasei?
-De forma alguma, sente-se. Eu quero começar isso apresentando novos projetos, todos aqui sabem que o mercado está se expandindo agora e pra isso precisei contrar uma nova pessoa. -o diretor diz caminhando até a porta -Hoje é o primeiro dia dela e eu espero que vocês gostem dela, eu gostei na entrevista, ela vai nos ajudar a organizar tudo a tempo da próxima semana. -Ele abre a porta e sorri pra ela -Olá, pode entrar. Senhores, eu lhes apresento: Nilce Moretto, nova administradora da empresa. -ela entra com um sorriso e eu não acredito

Então o seu olhar cruza com meu e nós resmungamos um "eu não tô acreditando" ao mesmo tempo, eu vou ter que trabalhar com ela!

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⏰ Last updated: Mar 02, 2017 ⏰

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