FINAL ALTERNATIVO SHERLOCK pt.3
Uma semana surpreendentemente calma se passou desde o meu "encontro" com Eurus. Sherlock não pegou nenhum caso novo porquê está investigando pistas da irmã, ele acha que isso pode estar relacionado com Moriarty. O que é bom pra mim, já que o mantém ocupado. Eu e Rosie temos passado a maior parte do tempo na Baker Street, porque a Sra. Hudson insiste que eu não posso cuidar de uma criança sozinho com o ombro nesse estado. Exagero da parte dela, é claro. O ombro não me incomoda mais. Mas não posso reclamar de passar esse tempo com Sherlock.
As vezes quando Rosie está com a Sra. Hudson e eu Sherlock estamos discutindo sobre a importância do sistema solar, eu quase me esqueço de tudo o que aconteceu. É quase como se ainda fôssemos apenas um detetive e um médico, tentando funcionar juntos.
Sherlock está na cozinha examinando alguma coisa entediante quando Mycroft chega. Eu estou no sofá quase dormindo, enquanto Rosie faz uma bagunça no meu cabelo.
-John, onde está o Sherlock?
Sherlock grita da cozinha:
-Espero que tenha conseguido Mycroft! Estou começando a ficar entediado..
Mycroft ri irônico e se senta na poltrona de Sherlock.
-Sim. Eu consegui.
Sherlock vem para sala amarrando o roupão azul, que eu me recuso a questionar porquê estava aberto.
-Quando podemos vê-la?
-Amanhã. Ela está em uma prisão especial.
Sherlock estreitou os olhos e veio na minha direção com uma expressão brincalhona.
-Cancele os compromissos de amanhã. Vamos conhecer a minha família.
Eu sorrio com o duplo sentido da frase, Mycroft se levanta.
-Só eu você, Sherlock.
Sherlock olha pra Mycroft e faz movimentos exagerados com as mãos, imitando o irmão. Ele chega perto de mim e chama a atenção da Rosie estendendo os braços e sorrindo pra ela que larga meu cabelo e se atira na direção dele. Ele a pega no colo e diz:
-Rosie, me poupe o trabalho, diga ao Mycroft pra ele ir se fo...
Eu não consigo acreditar que ele vai ensinar minha filha a mandar alguém ir se foder!
-Sherlock!!
Ele me olha assustado, e arqueia a sobrancelha, como se não tivesse entendido. Logo depois balança a cabeça e suspira.
-Seu pai é um estraga prazeres não é Rosie? O John vai conosco Mycroft. Sem discussão.
Rosie ri como se não houvesse amanhã. Se as coisas continuarem assim ela vai acabar me trocando pelo Sherlock. Se é que já não trocou.
Mycroft levanta da poltrona irritado e reclama:
-Não vou perder meu tempo discutindo. Vou te enviar os detalhes por mensagem.
Sherlock balança a cabeça concordando com Mycroft e volta as atenções para Rosie que está rindo sem parar por nenhum motivo parente.
Mycroft deixa o apartamento reclamando algo que ninguém faz questão de ouvir.
Depois do ataque de risos da Rosie, Sherlock a coloca na poltrona e senta no chão ao lado dela. Respira fundo e olha pra mim; Droga.. isso significa algum tipo de conversa séria. Droga.
-John.
-Sherlock.
-Você não precisa ir comigo amanhã. Eu realmente não sei o que esperar e pode ser perigoso.
Eu suspirei.
-Perigo nunca foi motivo pra me manter distante.
-Você tem a Rosie agora.
-Não muda nada. Eu estou aqui não estou? Contanto que nenhum de nós coloque ela no meio de um tiroteio, eu vou continuar aqui.
Ele sorri surpreso. Olha pra Rosie e depois pra mim, sua expressão entristece rapidamente.
-Me desculpe John. Eu sei o que eu fiz a você. Se algo acontecer com a Rosie -ele olha pra ela- eu não vou sobreviver. Seria mais prudente pra sua família, se você ficasse distante de mim. E se essa for a sua escolha.. eu não vou mais interferir.
Eu não sei como reagir. Ele quer que eu vá embora? Pela minha família?
-Sherlock.. Você tambem é minha família!
Sherlock balança a cabeça em negação.
-Mas John..
-Quer saber Sherlock?! Eu não entendo como você passou a semana inteira sendo sociável, fazendo.. chá, sorrindo e cuidando da Rosie, agindo como se quisesse compensar alguma coisa, como se estivesse em dívida comigo. Quem está em dívida sou eu! Droga. Eu te bati Sherlock! Eu te machuquei! Eu não acreditei em você!
Não consigo conter as lágrimas quentes que escorrem no meu rosto.
-E eu nem sequer pedi desculpas. Fico aqui agindo como se eu merecesse ser seu amigo.
Eu enxugo as lágrimas e respiro fundo.
-Pare de se desculpar, Sherlock. Ela se sacrificou por você. Você não precisa se sentir mal por mim ou pela Rosie. Você devia sentir nojo de mim.
Eu levanto e vou até a poltrona onde Rosie está dormindo. Sento no chão ao lado dela, de frente pra Sherlock, apenas alguns centímetros distante dele, que observa confuso. Coloco minha mão no joelho dele. Quero que ele saiba que eu sinto muito. Eu sinto tanto. As lágrimas sufocadas na minha garganta fazem da minha voz quase um sussurro quando eu digo:
-Me perdoe Sherlock. Por tudo.
Ele balança a cabeça olhando pra mim, seus olhos estão mais escuros do que eu jamais vi.
-Está tudo bem John. Eu já perdoei.
-Eu te machuquei tanto. Que tipo de pessoa faz isso com o melhor amigo?
Ele suspira e põe a mão em cima da minha, mantendo contato visual.
-Humanos. Lembra?
Eu sorrio e pego a mão dele.
-Lembro.
Resisto ao impulso de abraçá-lo e sentir seus braços ao meu redor. Não. Ainda não.
