Capítulo 7

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A conversa que tio Ben teve com Marcos foi bem sincera. Sem contar exatamente o que fariam naquela ilha, mas explicando tudo o que envolvia de perigoso na viagem, tio Ben o convencera a alugar o barco e a participar como tripulante. Sua única exigência foi a de que fizesse um bom seguro de vida para que sua família ficasse amparada, caso algo de pior acontecesse com ele. Com essa atitude, Marcos acabou subindo "alguns degraus" na escala de conceito do tio Ben.

A parte mais difícil agora seria encontrar um bom capitão que os conduzisse em segurança até aquela região de tormentas, cantadas em verso e prosa por Nassif, ao amigo Zach.

Tio Ben estava certo quando disse que Marcos poderia conhecer alguém que os levassem à ilha. Com seu jeito simpático, tão peculiar aos brasileiros, conhecia praticamente todo mundo da região. Quando questionado a esse respeito pelo tio Ben, Marcos rapidamente respondeu:

- Sim. Conheço um velho capitão que aposentou o leme há dois anos. Com certeza é o capitão mais experiente que conheço. O único problema é que ele gosta e exagera um pouco no consumo de rum. Ultimamente, vem bebendo muito mais do que seu organismo pode suportar. Mas, isso não é um grande problema, desde que consigamos controlá-lo durante a viagem.

Nesta mesma noite, Marcos, Joshua, Mohas e tio Ben, partem à procura do velho capitão Riley, que mora numa comunidade chamada Overlooking. Essa comunidade fica a uns quarenta quilômetros da vila onde moram. Vive sozinho, numa velha casa construída às margens da praia, onde o vizinho mais próximo mora a dois quilômetros de distância. Nesse local há uma venda onde compra o básico para sobreviver: Arroz, café, às vezes comprava uma linguiça ou queijo de cabra, cigarros e claro, uma ou duas garrafas de rum.

Não foi difícil localizá-lo, pois mesmo não conhecendo exatamente o local onde mora, Marcos sabe que o velho capitão é conhecido por todos naquele lugar. Foi só perguntar por ele na pequena venda e uma velha senhora aborígine já foi explicando o caminho que os levaria à praia e de lá já se avistaria o casebre onde morava o capitão.

Uma luz vinha de dentro da casa e denunciava que havia alguém. Antes que chegassem à porta, um homem alto e magro saiu ao encontro deles, ficando entre eles e a claridade que vinha de dentro da casa. Por um instante, Marcos ficou na dúvida se era mesmo seu amigo Riley. Da última vez em que o havia visto estava, pelo menos, uns trinta quilos mais gordo. Só teve certeza de que era ele quando ouviu sua voz rouca responder à sua saudação de boa noite:

- Boa noite! Vamos entrando Marcos. - Disse sorrindo o capitão Riley, com a satisfação de quem não está acostumado a receber visitas.

- Como está meu velho? Pelo jeito continua fugindo do convívio das pessoas, não? - Perguntou Marcos, referindo se ao local isolado em que morava.

O capitão Riley é uma pessoa muito reservada. Ninguém sabe exatamente qual sua idade, seu sobrenome, enfim, ninguém pode afirmar nada sobre seu passado. Nunca gostou de dividir seus problemas com ninguém, por isso jamais se casou e nunca teve filhos. Sua única companhia é uma cadela vira-lata que atende pelo nome de Nina. Essa sim havia conquistado seu coração! Dentre os poucos amigos que tinha, Marcos era o mais recente. Conheceram-se assim que Marcos chegara à Austrália por ocasião da compra de seu barco. Foi através do capitão Riley que Marcos ficara sabendo de um barco à venda, o mesmo que mais tarde compraria.

- Eu confesso que prefiro viver longe desse bicho que atende pelo nome de "homem", meu amigo. Com raríssimas exceções, a maioria das pessoas se aproxima umas das outras para levar algum tipo de vantagem. Claro que você é uma dessas exceções. - Terminou de falar quando já estava parado bem em frente a ele.

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