Fadas da Noite

Zac

     Lorrey abriu a porta, e eu quase enfartei. Arregalei os olhos e meu coração acelerou.

     Havia ogros lá! E pensar que há pouco tempo atrás eu fiz uma piada com os mesmos.

     Todos eles estavam olhando para nós. Lorrey estava quase sorrindo. Não sei se para esconder o medo ou apenas só por alegria...

     De repente um ruído interrompeu meus pensamentos.

     Um dos ogros se levantara. Ele arrastava a cadeira pelo chão de madeira, provocando um barulho terrivelmente agoniante.

     Este caminhou até nós. Segurava um bastão com uma das mãos e com a outra um grande copo, que mais parecia um balde, com algum líquido amarelado dentro. Foi aí que meu coração acelerou de vez. Ele deveria ter pelo menos duas vezes meu tamanho. Suas roupas eram encardidas e estavam rasgadas. Seu rosto era severo e seus olhos escuros, e anormalmente pequenos para seu tamanho, brilharam quando se puseram em Lorrey.

     Eu estava ofegante, como se estivesse corrido uma maratona.

     Ele nem sequer olhou para mim. Seu olhar estava fixo em Lorrey. Ele caminhava devagar, como se tivesse todo o tempo do mundo para nos matar.

     Ele estava tão perto que eu já conseguia sentir seu terrível bafo.

     Eu queria gritar para Lorrey sair correndo, e fazer o mesmo assim que ela o fizesse. Mas a única coisa que consegui fazer foi dar um passo para trás e quase esbarrar em Lobo.

     O ogro parou em frente à Lorrey e pediu-lhe a mão. Lorrey não hesitou nem por um segundo.

     Espera. Pediu-lhe a mão?

     Quando ela pousou sua mão na do ogro todos gritaram.

- LORREY! LORREY! LORREY! – eles gritavam com suas vozes graves.

- Bem-vinda de volta Lor. – falou o ogro que segurava sua mão.

- Obrigada, Lok. – Lorrey, Lor como o ogro a chamava, estava radiante. Ela tentava não demonstrar isso. Sua boca se estreitava em um breve sorriso de canto, suplicando por muito mais. Mas seus olhos entregavam tudo. Eles brilhavam. Brilhavam mais que o sol ao nascer das manhãs.

- Merlok! – chamou um ogro mais de trás. – Não vai convida-los para entrar? – perguntou. - Seu grande ogro mal educado.

     Este ogro era maior. Parecia mais velho.

- Entre Lor! – disse, depois de gritar algo como "acalme-se Boomer", então voltou-se para mim. – E você é...?

     Por um momento hesitei. Quando abri minha boca para falar saiu apenas um grunhido.

     Lorrey se apressou e consertou as coisas.

- Este é Zac! – disse rapidamente.

- Prazer. – falei quando finalmente consegui.

     Estiquei minha mão e Merlok a apertou com tanta força que achei que teria quebrado todos os meus dedos. Tentei manter a pose e não fazer nenhuma cara feia, mas parece que isto não passou despercebido por Lorrey.

     Ela vira a cabeça e morde o lábio. Respira fundo, cobre a boca com a mão e consegue conter o riso.

- Prazer. – Merlok fala, com um sorriso sincero estampado em seu rosto. – Entre Zac.

     Antes mesmo de colocar o pé para dentro, o burburinho – se é que posso chamar assim – dos ogros já havia voltado. Todos falavam sobre a mesma coisa: ogros que se juntaram a Monstros.