Capítulo | 07

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Rayhan Bolkiah

[Palácio de Beilerbei – Arábia Saudita]

Surya pintava as unhas no sofá da sala quando cheguei da empresa naquela tarde. Ciente de que tentaria uma aproximação me distanciei rápido e fui à procura dos meus filhos.

Parei para pensar e cheguei à conclusão de que deveria me esforçar mais em ser um pai melhor. Não adiantava só culpar minha esposa pela tristeza clara que os pequenos demonstravam, eu tinha minha parcela de culpa. Precisava fazer a parte que me cabia.

Ara escovava o cabelo duma boneca sentada no banco do jardim.

Acomodei-me a seu lado e afaguei sua cabeça devagar.

— O que está fazendo princesa? — perguntei carinhoso.

— Brincando com a Thamires. Olha como ela é bonita — mostrou-me um dos vários brinquedos que lhe dei para suprir a ausência de Aisha.

— Linda filha, assim como você. — falei beijando-a na testa.

— Fica comigo um pouquinho baba? O senhor faz falta. — confessou e senti a culpa me engolfar.

Uma criança de apenas três anos que já notava que o pai não lhe dava atenção o suficiente.

— Claro, podíamos montar uma casinha para Thamires. O que acha?

— Sério? — o semblante de surpresa misturado com felicidade fez meu coração se aquecer no peito.

— Muito sério. — respondi preenchido de amor paternal.

 ❈

Eu mesmo dei o jantar de Ara naquela noite, e quando ficou sonolenta a levei para o quarto, deitei seu corpinho frágil na cama e comecei a contar a história de Sherazade.

— Há muito tempo, na antiga Pérsia, havia um rei chamado Shariar. Certo dia ele descobriu que sua mulher o estava traindo e tomou uma decisão terrível. — disse acrescentando um toque de mistério ao enredo e fazendo minha melhor voz de suspense.

— Qual decisão? — minha filha perguntou com os olhos repletos de curiosidade.

— Cada dia se casar com uma nova mulher e no dia seguinte mandar executá-la!

— Quê? Não sei o que significa executar papai. — pela primeira vez conseguiu pronunciar a palavra certinha.

— É o mesmo que matar amor.

— Que rei malvado. — cruzou os bracinhos gordos sob o peito. — Não gosto dele!

— Quer que eu pare? Posso procurar outra narrativa. Essa realmente tá muito violenta pra você.

— Não, continua, por favor. — praticamente implorou.

— Tudo bem. — respondi e temperei a garganta antes de continuar: — Depois de algum tempo, já não havia mulheres para se casar com o rei e o primeiro ministro que era responsável pelas escolhas das noivas já não sabia o que fazer.

— Bem feito. — Ara disse rindo.

Acabei não me contendo e rindo também.

— Termina pai.

— Calma mocinha. — virei a página do livro, em seguida prossegui: — Como não conseguia uma nova esposa para Shariar, o ministro voltou para casa aborrecido. Sua filha, Sherazade então se ofereceu para casar com o tirano, seu pai, no entanto não aceitou.

A Segunda esposa do Sheik #1Onde histórias criam vida. Descubra agora