Crônicas de Fábio

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O passeio de bicicleta com Fábio no domingo (que planejei coisas

que não aconteceram) fora cheio de acontecimentos inacreditáveis, e

fiquei com muito medo de chegar aos trinta e cinco e ter as mesmas

manias bizarras que esse meu amigo de longa data possuía. Enfim...

Liguei para o Fábio há dois dias para podermos dar uma volta,

jogar um pouco de conversa fora, ele me disse que estava arrumando

a casa, então sugeri o dia seguinte, então ele me respondeu que o dia

seguinte também estaria arrumando a casa, e a justificativa foi que ele

estava limpando a casa com dois baldes d'água para economizar...

Achei estranho e logo imaginei que a casa deveria estar muito suja

mesmo, para gastar dois dias limpando-a.

Hoje estava um belo domingo de sol. Meus domingos são sempre

sem grandes novidades, vida de casado, mas os domingos de solteiro.

Ligo para o Fábio. Como de praxe (ou para valorizar o passe), ele

nunca atende na primeira chamada, depois de meia hora ele responde

a uma mensagem que enviei duas horas mais cedo pelo celular:

"Tô baixando música".

— Fábio, que música você está baixando?

— Ah amigo — ele sempre me chama de amigo e não pelo nome, e

ainda não sei bem o que pensar sobre isso —, estou baixando umas

músicas instrumentais relaxantes do Egito, da Arábia Saudita... Sabe

como é né? Cansei de ouvir Caio Mesquita — aquele do programa do

Raul Gil, penso e solto um 'Hum' fazendo aquela cara de "acho que

esse menino tem algum problema". Ou sou eu que tenho... —

Podemos andar de bicicleta lá na granja do seu amigo?

Fiquei aguardando a resposta (que veio meia hora depois):

'' Tô tão desanimado!''

Fiquei pensando o motivo deste desânimo dele num dia lindo de

sol, tão bom pra pedalar, ir à cachoeira, ficar com quem se ama

conversando debaixo de uma árvore, com uma garrafinha de água

bem geladinha..., mas se ele disse que está desanimado, então tá né?

Vou argumentar o quê?

Sai de casa com Meg (minha bicicleta sem freios), amiga de todos

os momentos. Tem uma propaganda muito boa na TV em que uma

moça diz que não sabe se casa ou compra uma bicicleta. Se eu a

conhecesse diria que a bicicleta seria o grande amor da vida dela!

Começando a achar que amores são como chuvas de verão, e se for

como o verão dos últimos tempos... ''Tô fodido!''.

Liguei para o Fabio, conversamos sobre suas músicas sem sentido

(de países que particularmente tenho verdadeiro medo), imaginando

LUGAR COMUMOnde as histórias ganham vida. Descobre agora