Capítulo Trinta e Dois

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Mais tarde deitados na cama, Gideon acaricia meu braço com delicadeza em um silêncio confortável. Abraçados na cama, parece que nada está errado e que tudo está em paz, mas minha cabeça está focada nas palavras duras de Victor. Por mais que nossa atração física seja forte e selvagem, tenho plena consciência de que isso não pode continuar.

Não quero ter duvida com o nosso relacionamento, se é que podemos chamar assim por não termos nada verdadeiro. A verdade é dura e as decisões também. O que vai acontecer comigo se eu resolver seguir os conselhos do Victor? O que importa agora é decidir que rumo minha vida tomará a partir de hoje. Os três meses que Eddie falara na carta estão prestes a terminar e então estarei livre de tudo, ate mesmo de Gideon.

É isso que realmente quero?

Independente do que aconteça, vou saber enfrentar a situação. Lutei a minha vida toda e serei forte contra meus próprios problemas, mesmo que tenha que lidar com um coração partido. Percebendo meu silencio ele beija minha nuca, fazendo minha pele se arrepiar e meu corpo estremecer. Dou um fraco sorriso.

- Você está muito quieta hoje.

Solto uma risada.

- E você está muito falante.

Ouço uma risada baixa ao mesmo tempo em que Gideon bate em minha bunda. Dou um grito em surpresa e mudo de posição. Fico de frente pra ele com cara feia.

- Porque fez isso?

- Não gosto de te ver tão quieta, além disso, te ver brava é uma gracinha. – Cretino! – Me diz o que você tem.

- Eu estava apenas pensando.

- Em que?

Em nossa relação! Tenho vontade de gritar para ele, mas me contenho. Levo uma das mãos ao seu rosto e dando de ombros, passo o polegar em seus lábios, apreciando a maciez deles. Digo uma meia verdade.

- No quanto senti a sua falta.

De fato, detesto ficar longe dele.

Vejo-o dar um sorriso enorme, afastando os cabelos de meu rosto e colocando-os atrás da orelha. Gideon me dá um beijo casto nos lábios.

- Eu também senti, mesmo tentando negar. – Faz uma pausa. – Os dias que passei em Washington não foram tão radiantes sem você.

- Está sendo cafona, não acha? – Dou uma risada forçada para disfarçar meu embaraço.

Ele se afasta e me olha com atenção.

- Quis apenas ser amável, já que soube que ama romantismo.

Gideon senta na beirada da cama, apoiando os braços nos joelhos. Acompanho seus movimentos com o olhar, também sentando na cama. Observá-lo cabisbaixo é estranho, principalmente conhecendo seu modo de pensar e agir. O cobertor cai em meu colo e pela primeira vez não me importo com a nudez, vou até ele de quatro e o abraço por trás carinhosamente, minhas mãos acariciam seu peito. Ele suspira, mas dá um sorriso torto e isso me deixa melhor.

- Me perdoe por ter ferido seus sentimentos. Eu o conheço apenas há alguns meses e não imaginava que fosse romântico. – sussurro ao apoiar a cabeça em seu ombro.

- Você não tem culpa. Só me faz um favor: não use a palavra cafona perto de mim. – Fico sem entender. – Foi a palavra que minha ex usou para descrever nossa relação enquanto me traía.

Engulo em seco e meu coração pesa com a declaração dele. Repreendo-me por fazer uma brincadeira tão estupida como essa, mas como poderia saber? Não sei muita coisa sobre o noivado dele. Afasto minha mão de seu corpo e recuo para trás, mas Gideon segura meu braço e o coloca de volta em seu peito, não permitindo meu afastamento.

- Quero te pedir uma coisa.

Sua voz é quase inaudível e me inclino um pouco para frente.

- O quê?

Ele muda de posição, me fazendo soltá-lo e fica de frente para mim, meu coração palpita com a intensidade de emoções presentes em seu olhar ao segurar minha mão e leva-la até os lábios, depositando um beijo na mesma. Fico vermelha e olho em volta. Será que estou realmente passando por isso ou é só imaginação da minha cabeça?

- Hoje terá um evento importante no clube, para acolher os novos sócios e membros. Todos estarão presentes para se divertirem e prestigiar algumas cenas. – Me olha. – Mesmo que não queira jogar comigo depois de tudo que passou, eu gostaria que você me acompanhasse.

- Como sua submissa?

- Não. – Seus olhos fixam nos meus e observo-o dar um sorriso sem graça. – Como minha namorada.

Puxo minha mão da dele e o olho com estranheza. Ele só pode estar brincando. Tem que estar e fico me perguntando o que será que aconteceu durante esses dias separados para que ele pense dessa maneira.

Não consigo pronunciar uma palavra sequer, olhando pra ele como se nunca o tivesse visto. O pior de tudo é que tenho plena consciência do qual perigoso nossa relação possa ser se for exposta. As chances da mídia não difamá-lo por se relacionar com uma mulher da minha "classe" são mínimas. E as relações públicas sempre foram importantes para ele.

Meneio a cabeça. Talvez esteja me precipitando e Gideon quer apenas garantir que nenhum dominador chegue perto de mim. Deve ser isso.

Não noto que estou mordendo o lábio até sentir seu toque em meu rosto, desprendendo meu lábio inferior.

- Sem jogos?

- Apenas se você quiser. – diz fazendo bico. – Mas espero que me queira antes que a festa termine.

- Você fará alguma demonstração hoje?

O tempo que passei aqui no clube me fez adquirir conhecimentos sobre as noites do Angelsnaked. Em cada festa realizada, um mestre é selecionado para fazer uma cena de sua preferencia para treinar os novos membros e onde será assistido por todos. Isso me incomoda.

- Sim. – Diz apenas e sabendo o quanto estou incomodada, diz: - Não se preocupe princesa, não farei nada demais e serei o mais breve possível. Não quero ficar muito tempo longe de você.

- Sei...

Tento ocultar meu ciúme dando de ombros, afinal não gosto de parecer possessiva. Preferia eu estar com ele na cena de hoje a noite, não outra mulher. Estou ficando irracional com isso e estou a ponto de me oferecer pra ele quando lembro que não sou muito fã de expor a mim mesma em publico e sei que ele sabe disso. Sempre fui reservada, ate mesmo no bordel quando era obrigada a servir os clientes.

- Ei... – Gideon ri, adivinhando o rumo dos meus pensamentos. – Isso vai acabar logo e então teremos a noite somente para nós dois. – Diz ele, depositando um beijo em minha mão.

Desvio meu olhar do dele, balançando a cabeça.

Observo-o levantar da cama com elegância e se dirigir ao banheiro, me deixando na cama com meus pensamentos. Tenho muita coisa para pensar e o comportamento estranho de certo alguém para me preocupar. Olho as horas e não fico surpresa por ver que são 15h da tarde. Sabendo que a festa começará possivelmente as 21h, volto a deitar na cama e me cobrir com o lençol.

Preciso fazer com que Gideon perceba que seus sentimentos por mim são verdadeiros. Sei que ele me ama, mas tem medo de admitir com atos e mesmo se eu fracassar parto de sua vida com a certeza de que tentei fazer a coisa certa.

Com esse pensamento em mente adormeço na certeza de irei aproveitar esta noite ao máximo, não me importando com o final dela.

Seu Beijo... Minha Rendição (Em Revisão)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora