sete

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Bem, ali, entre outra loja e outra atendente, depois de andar muito e precisar se levantar algumas vezes, Caracol já havia pensado em desistir.

Seus pés estavam cansados e calçados. Sua fé passou a chamar-se "amanhã".

O inverno o castigava e não havia dinheiro para alugar paredes, tetos e estrelas fabricadas.

Ele tinha um cobertor puido, luvas velhas, meias furadas... Nada daquilo aquecia, nada daquilo alimentava.

Em mais uma das noites que se esconderia entre os corredores até os portões da loja fecharem, algo nas unhas daquela mulher revestida de cinza o assombrava. Era como um fantasma, o fantasma escarlate de alguém que nunca morreu.

Levantou-se, meio trôpego, e gritou aquele nome que a muito não pronunciava.

Aquela voz era inconfundível. Mesmo após anos. Mesmo depois de ver a fé, que ela mesma havia inventado, morrer... Carmesim nunca o esqueceu. Nunca o esqueceria.

Naquele momento, enquanto tentava não chorar, ela percebeu que do que tanto fugia era o que mais necessitava: amor. Mal percebeu que já amava... Amava o destino, o calor daquele momento - e um certo Caracol.

Caracol Carmesim Where stories live. Discover now