Amada Gioconda - Capítulo 3 (Ricardo Brandes)

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Maio de 1940 (Meses antes da reinauguração)

Com a Alemanha em guerra com a França, o paradeiro de Monalisa era ainda mais incerto, sobretudo para os espiões que seguiam em seu encalço, dia após dia. Suas transferências secretas continuaram, para desespero dos enviados do Führer, sempre um passo atrás dos protetores da obra prima de Leonardo.

Em Junho de 1940, após a ocupação de Paris, o Comandante Supremo alemão perdeu a paciência de vez com seus enviados, e tomou uma decisão ainda mais arriscada: designar seu próprio representante para o Louvre, em busca de sua Monalisa.

Com ordens claras e expressas, o conde alemão Franz Wolff-Metternich chegou a Paris com a missão de reorganizar e dirigir o Museu do Louvre. Ele só não esperava que a decisão final de seu chefe o faria assumir o cargo de co-diretor do museu, juntamente com o titular, o francês Jacques Jaujard, mantido por seu grande conhecimento e amor pelas artes. Uma jogada de mestre, para finalmente chegar até a verdadeira Monalisa.

...

Era chegada a hora. No momento solene da reabertura do Louvre, dois destacados homens deram um passo à frente em meio aos presentes: antes de se aproximarem para o corte da faixa inaugural, uma troca de olhares. Todos sabiam que eles não eram amigos, assim como seus países não o eram. Mas o destino os uniu ali, a contragosto, com a missão de zelar pelo mesmo espaço, no coração de Paris.

Por dois anos, o alemão e o francês trabalharam juntos, compartilhando o amor pela arte. Até então, ambos tinham conhecimento de que a Monalisa que protegiam no museu não era a autêntica, e que a verdadeira estava muito bem guardada em algum lugar remoto do interior da França. E que o local exato do quadro mudava secretamente, a cada nova ameaça detectada.

E o segredo foi mantido até que, em 1942, o conde Wolff-Metternich recebeu uma notícia desanimadora: sem êxito em sua missão, ele seria substituído e voltaria para sua terra natal na Alemanha.

Em 1945, após o fim da Segunda Guerra, o Louvre pôde receber de volta todos os seus tesouros, que enfim voltariam para seus devidos lugares. Gioconda também retornou sorridente, e foi recebida com grande festa no museu, sob o olhar apaixonado de seu maior protetor, o diretor Jacques Jaujard. Emocionado, o francês acabou recebendo também um prêmio de honra ao Mérito da Resistência francesa, por resguardar e proteger alguns dos maiores tesouros da humanidade.

Na Alemanha, com o Führer declarado morto, e a guerra encerrada, o conde Franz Wolff-Metternich também sorriu, do seu jeito alemão, ao saber da volta da verdadeira Monalisa para o Louvre, em perfeita segurança.

E em algum lugar longínquo da América do Sul, as notícias foram recebidas com um sorriso sarcástico e misterioso, bem ao estilo da amada Gioconda.

Por RicBrandes

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