Mike

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- O que está fazendo? - disse entrando no quarto dela.
Ela me ignorou e continuou a arrumar o restante de suas coisas.
- Val, eu estou falando com você! – disse segurando no braço dela.
- Agora você está? – falou se desvencilhando do meu aperto.
- Olha, desculpa! Só me responde, porque suas malas estão todas na sala?
- Estou indo morar com a Cami. – falou me olhando seriamente.
- O que? Mais porquê? Essa é a sua casa, nossa casa! – disse quase entrando em modo loucura.
- Nossa casa? Você não fala mais comigo, você me trata como se eu tivesse te traído, você simplesmente me excluiu da sua vida! -  falou furiosa.
- Isso não é verdade! É verdade que eu estou chateado, mas eu jamais te excluiria da minha vida, só estou te dando o espaço que você precisa, antes era só nós dois, e agora tem mais alguém, eu só não sei lidar com isso! – disse já arrancando os cabelos.
- O espaço que eu preciso? Você não fala mais comigo, eu nem sei mais sobre a sua vida! Eu queria compartilhar tudo de bom que eu estou tendo, e você simplesmente não quis saber de nada! Mike, eu não fiz nada com você, a não ser o fato de achar que você me amava, achei que éramos irmãos.
- Eu amo você! É claro que eu amo! Meu Deus, como pode pensar que eu não a amo? Dediquei os últimos três anos da minha vida a você, como pode dizer que não me importo!
- Você disse que não era meu irmão Mike, aquilo me machucou! – falou chorando.
- Eu estava irritado, e Val... – eu teria terminado se a tal da Cami não tivesse interrompido.
- Vamos Val? O Kendal já está ai, vamos levar as suas coisas. – disse Cami olhando para nós dois.
- Sim, claro. Estou indo.
Ela me olhou uma última vez, e eu senti meu mundo cair debaixo dos meus pés.
- Val...- falei segurando em seu pulso. – Não me deixe.
- Adeus Mike. – me abraçou rapidamente e partiu sem olhar para trás.
Eu definitivamente era o maior babaca do mundo. Não tinha direito algum de cobrar algo dela, eu nunca fui sincero o suficiente com ela, nunca disse que a amava mais que um irmão, que meu amor por ela era maior que qualquer coisa. Nunca disse que precisava dela.
E hoje estou aqui, dois anos depois de ter perdido meu coração, sentado no café que costumávamos ficar, pensando no quanto eu sou idiota. Tive um dia insuportável no trabalho, minha ex-namorada não me deixa em paz, e meu coração, ou o espaço que ele costumava ficar, me lembra a cada cinco segundos o quanto eu sou um babaca por ter deixado a Val ir embora. Desde que ela se foi há dois anos atrás, não mantivemos contato, ela simplesmente sumiu, depois de alguns meses sem notícias suas, descobri que ela havia ido para o Canadá, estudar em Cambridge, aquilo doeu como o inferno em mim, ao menos ela havia deixado o tal do Kendal.
Minha vida havia se tornado muito monocromática, ela era a cor de tudo, agora só havia cinza. Eu já estava habituado. Todos os dias eu saía do trabalho entrava no café, e pedia o nosso cappuccino. E pensava nela, pensava horas nela.
O garçom, que depois de algum tempo descobri se chamar Gideon, que vivia nos expulsando de lá, agora é minha companhia quando a dor da saudade é demais para aguentar. Eu sabia que sempre amaria Valentina McBain, e desejo ardentemente que o tempo pudesse voltar pra implorar a ela que ficasse comigo.
Deus, se ela estivesse aqui... eu contaria tudo, eu falaria como me sentia há cinco anos, e como me sinto agora, eu diria a ela tudo, como foi terrível sem ela, eu faria qualquer coisa. Eu juro. Eu prometo.
Estava praticamente chorando, pedindo a Deus uma chance, só de me redimir, de dizer que a amo, quando de repente cabelos vermelhos enormes adentram o café, fugindo da chuva torrencial que caía lá fora. Meu coração parou. Era ela. Valentina. Ela estava ali.
Deus. Simplesmente. Me. Ouviu.
Ficamos olhando um para o outro assim que ela me notou. Céus, como ela estava linda. O olhar chocado em seu rosto se assemelhava ao meu. Eu queria correr e toma-la em meus braços. Eu faria isso, se ela não estivesse vindo em minha direção timidamente. Eu prometi, eu cumpriria, chega de fugir.
- Oi. – eu disse.
- Oi. – ela respondeu.
Mas nós sabíamos, havia muito mais a ser dito. E eu não desperdiçaria essa chance.

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