Estrela de Papel

Sinta-a

Após sair da maldita cela, voltar é doloroso, meus olhos viram coisas surpreendentes mas agora minha visão se limitou novamente, como antes... agora tudo é cinza de novo.

Mas uma coisa é diferente, embora eu ainda esteja presa, eu tenho um propósito, eu sei de mais coisas, e estou prestes a conhecer o meu verdadeiro eu, a minha história que eu tanto almejei pra saber.

Confesso que estou me sentindo estranha, mas isso não é ruim, é um bom sentimento, me sinto aliviada e empolgada e ao mesmo tempo confusa, mas nada que atrapalhe minha conduta.

Tudo que eu ouvi hoje, foi como ver uma porta abrindo-se diante dos meus olhos, é como encontrar a luz após anos na escuridão.

Como será que Carl está? eu estive fora por muito tempo, mas... eu ainda não esqueci de tudo que havia falado pra ele, ainda me sinto uma idiota, ficar aqui parada me culpando não vai melhorar as coisas. Carl precisa saber tudo que eu vivi nesses últimos dias, afinal ele é o meu único amigo, ele merece – Carl, está ai?

– Annie, é você? por onde esteve, achei que havia te perdido, por um momento  achei que nunca mais iria te ver, como é bom ouvir sua voz Annie, como é beneficente ter sua companhia.

Eu fiquei ligeiramente surpresa, Mesmo apesar das tolices que falei ao Carl, ele me considerava muito mais do que eu imaginava... eu me senti querida, esse é um sentimento único. Carl, tinha um coração fora do normal.

– Carl, até mesmo eu achei isso, achei que também não voltaria... mas pra minha surpresa cá estou eu.

– Annie, que bom que voltou, meus dias  sozinho foram mais escuros que as trevas de minha visão!

– Carl, lamento por ter te deixado sozinho, eu não tive opção.

– Annie,  eu não te culpo.
mas me diga, o que aconteceu, porque te levaram?

–  Eles queriam usar meus poderes, para achar a culpa em um assassino.

– Isso é comum por aqui?

– Não, é a primeira vez que isso acontece, pelo menos comigo foi...

– Entendo, mas eaí? o que você viu?

Havia acontecido várias coisas mas achei melhor não contar para Carl, não agora! seria difícil ele entender tudo, não quero preocupa-lo mais.

– Carl, eu tive a visão mais linda de todas.

– Visão? qual? você é vidente também?

– Não seu tolinho, eu vi com meus próprios olhos.

Inerentemente houve um abafo de voz, Carl se sentiu mal, afinal ele não podia ver, mas contudo indagou:

– Que de mais Annie, seus olhos... seus olhos viram o que?

– Eu vi o céu, vi as estrelas, eu vi tudo que está acima de nós.

– O céu? como é o céu?

– Nele tem estrelas Carl, umas maiores que as outras mas todas lindas...

– E como elas são?

– Não sei explicar, mas é algo magnifico, é deslumbrante. elas parecem ter 5 pontas... não sei...

Embora eu quisesse explicar pro Carl, como eram as estrelas eu não podia, não sabia como explicar... seria difícil descrever algo que eu ví apenas uma vez, nem mesmo eu sei direito como elas são.

– Ah, está bem Annie, não se preocupe, eu consigo imagina-las como em meus sonhos.

8 Horas depois

Eu tinha uma surpresa pro Carl, tenho certeza de que ele vai gostar.

–Carl?

– Diga, Annie.

– Tenho uma surpresa pra você.

– Uma surpresa? qual?

– estenda sua mão sobre esse pequeno buraco na parede.

– Está bem!

– Toma segure, puxe de vagar para você.

Carl puxou com muito cuidado o que eu havia feito pra ele.

– Mas Annie, o que é isso?

– Você queria saber como são as estrelas, não é?

– Sim, queria mas...

– Essa é uma Estrela de Papel que eu fiz pra você Carl, segure-a, sinta-a é exatamente assim que elas são!

Como eu não sabia explicar, decidi fazê-lo sentir, então fiz uma pequena estrela de papel com folhas do meu livro no qual já tinha terminado de ler e a entreguei em suas mãos pra que ele pudesse senti-la.

– Carl, imagina algo desse formato no céu com um brilho intenso Branco meio azulado, essas são as estrelas!

– Annie... – Falou com voz de choro – É perfeita, é muito diferente do que eu imaginava elas devem ser lindas, Obrigado Annie. Obrigado de verdade.

Naquele momento eu pude sentir o que Carl estava sentindo, grato e amado.

Eu também pude sentir em mim mesma, que eu poderia confiar em Carl, eu e ele somos iguais, sinto que Carl agora é mais que um simples vizinho de cela, é um amigo. Ele agora é um pedaço de mim.