XVII - Mudança de Hábito

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Eu liguei para ele algumas vezes durante as semanas seguintes, mas ele não me atendeu. Deixei mensagens. A primeira, três dias após o meu aniversário. Tentei parecer casual.

- Matt, está tudo bem. Nós apenas bebemos muito. - Eu não achava que tinha algo a ver com o que tinha acontecido, mas eu estava disposto a dar-lhe isso como uma desculpa se iria lhe ajudar. - Não importa. Me ligue.

Três dias depois, eu estava começando a sentir o desespero.

- Matt, você não tem que me evitar. Nada aconteceu. Vamos esquecer isso. Te vejo no domingo, ok?

E quando ele não apareceu para assistir ao futebol no domingo, liguei novamente. Eu tinha pensado cuidadosamente no que eu ia dizer após o bip ‒ algo superficial sobre os Chiefs perder para o Raiders. Mas por alguma razão, as palavras morreram na minha língua. Tudo o que conseguiu dizer foi:

- Matt, eu sinto sua falta.

Eu não liguei mais depois disso. As próximas semanas foram terríveis. Matt continuou a me evitar. E o pior de tudo, ele começou a namorar Cherie. Não apenas para dormir com ela, como estava fazendo durante o verão, mas namoro de verdade. Eu sabia o que ele estava fazendo. Ele estava tentando se convencer de que poderia ser feliz com uma mulher.

Ele estava dizendo a si mesmo que seus sentimentos por mim eram nada mais do que o resultado de termos passado muito tempo juntos e que se ele passasse mais tempo com Cherie, ele poderia transferir esses sentimentos para ela. Eu não acho que iria funcionar e eu ainda estava aterrorizado com o que ele estava fazendo.

Eu não podia acreditar quão solitário estava. Tentei me consolar com o pensamento de que minha vida era agora apenas como tinha sido durante anos antes dele chegar. Não parecia tão ruim naquela época. Mas agora eu me senti esmagado. Minha casa parecia um cemitério. Toda vez que a porta se abriu na loja, eu esperava que fosse ele, mas nunca era.

Todas as noites, eu esperava que ele fosse bater na porta. Mesmo o futebol não era mais divertido. Os domingos que tínhamos passado juntos assistindo, nossa companhia perfeita, zombou de mim enquanto eu estava sentado sozinho, assistindo os jogos. Lizzy e Brian me convidaram, é claro, e eu fui uma vez ou duas, mas em vez de animar-me, isso só serviu para deprimir Lizzy, assim, eu parei de ir.

- Ele não está feliz. - Ela me disse um dia. - Brian e eu o vimos quando saímos para jantar, e ele parecia miserável.

E a pior parte foi que eu pensei que ela estava certa. As vezes que eu o tinha visto, ele parecia miserável. Mesmo o seu meio sorriso não estava lá.

- Por que você está me dizendo isso, Lizzy?

- Acho que ele sente falta de você, tanto quanto você sente falta dele. Por que você não o chama?

- Não.

- Jared...

- Não!

Eu parei brevemente. Lizzy não merecia eu descontar nela. Ela só queria que eu fosse feliz. Mas se há uma coisa que eu sabia, era que eu não poderia ser o único a dar o próximo passo. Ele foi o único que não poderia enfrentar os seus sentimentos ou o que eles significavam. A única coisa que eu podia fazer era esperar e torcer.

***

- HEY, Jared? Posso pedir um favor? - Ringo disse um dia no início de outubro enquanto estávamos desembalando caixas de óleo de motor.

- O que foi?

- Você acha que poderia ser meu professor particular de novo?

- Com a matemática?

- Sim. Eu estou tendo cálculo avançado agora, e está acabando comigo.

- Claro!

Era deprimente o quanto eu de repente estava ansioso para passar o tempo com Ringo. Falar sobre uma vida coxo social.

- E você sabe sobre a física também?

- Foi no que me graduei. Você precisa de ajuda com isso também?

- Se estiver tudo bem. Posso ir pra sua casa? Eu me sinto mal de tomar o tempo aqui na loja.

- E o seu pai?

- Eu acho que vai ficar bem. Quero dizer, ele estava realmente feliz que você me ajudou na última primavera. E eu lhe disse que ele precisa confiar nas pessoas e ele precisa confiar em mim. Vou ter dezoito anos em breve. E não sou uma criança, e eu não sou idiota. - Ele parou e olhou envergonhado. - Exceto em matemática e física, eu acho.

- Você não é idiota. Pode ser na minha casa, sim.

Combinamos para ele ir nas noites de terça e quinta-feira. Na primeira semana, Ringo veio sozinho. Na segunda semana, ele apareceu com uma garota.

- Esta é minha namorada, Julie. - Ela era bonita, um pouco magra demais o que combinava com ele, com cabelo escuro e sardas que ela tentou cobrir com maquiagem. - Acha que pode ensinar nós dois?


E então eu tinha dois alunos por semana. Eu pedi pizza e estava contente por ter a companhia, mesmo que fossem apenas de dois adolescentes, que não conseguiam entender cálculo. Fiquei surpreso ao descobrir que Julie tinha o mesmo hábito ruim com que Ringo tinha começado.

- Por que você quer substituir a variável com números já?

- Isso é como você simplifica?

- As variáveis são fáceis. Números complicam as coisas. Espere até o final. Aqui. - Eu apontei para o problema de física, que ela estava trabalhando. - Olhe pra este. O que você sabe sobre F?

- Força é igual à massa vezes aceleração.

- Certo. Então, e se colocarmos "M" em vez de "A" no lugar de "F" nesta equação?

- Mas estamos supostamente resolvendo F!

- Sim, mas o que você vê do outro lado da equação?

Ela estava olhando, e vi o início da luz acender.

- M e A. - Eu a vi processar isso. E então ela estava batendo o lápis furiosamente acabando com ele e falou como ela poderia solucionar. - Posso eliminar M, e então, eu tenho 2A, mas depois...

- Zero, zero e zero.

- Agora eu tenho A!

- Certo. E você já tinha M...

- Então agora é só multiplicá-los, e eu recebo F!

- Exatamente!

- É como um quebra-cabeça! - Seus olhos estavam brilhantes de excitação.

- Essa é uma maneira de ver, sim.


E o olhar de compreensão e realização em seu rosto era um bálsamo notável para a dor em meu coração.

Promessas (Série Coda - 1)Where stories live. Discover now