Agindo bem?

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Por ruas eu vejo os pensamentos quebrados
Elas parecem guardar muitas histórias
Talvez seja agonizante engolir tudo sem poder falar.
Eu vejo,
Mas creio que não da forma que querem.
Troco de posição, é desconfortável aqui.
Por vezes eu falo sozinho em silêncio,
costumam dizer que o coração representa algo,
Eu sei que ele é apenas um órgão que responde a nosso psicológico.
Mas como posso eu,
Sentir meu coração bater com facilidade,
Tendo tanto o psicológico quebrado?
E aquelas ruas de paralelepípedos,
elas talvez guardem das mais hediondas histórias,
sorrindo sozinhas para o mesmo ponto do céu.
Elas guardam,
Talvez se abalam,
Não sabemos o que as ruas ensanguentadas tem a dizer.
É justo me comparar a uma simples pedra que compõe uma das ruas,
Onde tantos já se perderam,
Onde tantos voltaram a se perder.
Dizem que não vejo nada,
Ou vejo como se não fosse nada,
É certo que vejo,
Como dizem que Deus vê.
Existe uma diferença, talvez
Uma doença incurável,
Ela sempre está, sempre está,
E por certo sua maior consequência
Possivelmente seja nada mais sentir,
Apenas imaginar
O que vocês chamam de sofrer
Ou proferir seus falsos votos de consolação para as histórias que ouvem e conseguem responder.

**

Narrador

Sam subia as escadas do psicologo lentamente, como se não quisesse continuar. Ela se sentia diferente, perturbada... Não era ali. Não podia ser, ela não se reconhecia.

A mulher ia atrás. Sabia que ela queimava suas costas com um olhar amigável, mas não se sentia confortável.

Não sabia porque fazia aquilo. Olhava para o chão e mexia seus dedos, embora até eles parecessem diferentes naquele momento. A pequena janela parecia apresentar um tempo frio, mas estava fechada. A escada de madeira, embora naquele época talvez fosse nova, atualmente era antiga.

Ao terminar de acompanhar os degraus, ergueu a cabeça olhando para os lados. A psicologa atrás de si parou como ela, atenta a seus gestos e reações, a deixando examinar o lugar agradavelmente iluminado com lamparinas de cores suaves em diversos pontos da parede, momentaneamente distribuídos.

Não havia o que dizer e tinha certeza de que a psicologa não estava conseguindo imaginar com clareza o que ela pensava o momento. Era tudo artificial para ela, mas não conseguia lembrar o que fizera para estar ali.

- Está bem? - Ela ouve e demora alguns segundos para se voltar para a mulher. Não sabe se sorriu ou apenas a olhou de modo interrogativo, permanecendo com os dedos enroscados uns nos outros e os remexendo.

- Vamos para a sala? - A psicologa insistiu. Sam sorriu ligeiramente, com as pupilas dilatando, olhando a profissional que não se abalou com tal gesto, deixando que ela se virasse aos poucos em direção à sala, que por algum motivo sabia o caminho.

O tempo pareceu pular alguns segundos e parou quando ouviu a porta atrás de si fechar, já sentada na cadeira de frente para a mesa da profissional, que caminhou elegantemente até a sua, sentando e erguendo os olhos.

- E então - Sorriu. Falava em inglês, cruzando os braços - Como está na sua casa? - Questionou.

A garota demorou um tempo para responder. Olhava pela sala, ainda mexendo os dedos uns contra os outros, mas agora os pés de tempos em tempos, admirando a luz que batia contra a cortina, fazendo uma iluminação tranquila na sala. Como ela queria ter aquela calmaria... 

- Eles continuam ali - Respondeu apenas.

- Eles quem? - A mulher pegou um caderno e uma caneta, cruzando as pernas ao encostar as costas em um dos lados da cadeira, afastando uma mecha de cabelo do rosto apenas com um movimento rápido e prático da cabeça, como se estivesse acostumada a fazer aquilo.

Tem Alguém Ai? - Volume 3Where stories live. Discover now