Capítulo 47

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- O seu papai Bader...

Emocionada, a Millena tentava explicar ao Rodrigo.

- Ele... Precisou fazer uma viagem...

- E quando ele volta?... To com saudade...

- O papai Bader não vai voltar...

O que parecia ser um simples entendimento, acabou se tornando triste quando o

Rodrigo começou a chorar:

- Por quê?... Eu quero meu pai... Eu quero...

- O ... O papai Bader foi pro céu...

- Eu quero meu papai Bader... Tia Ro... Liga pra ele... Fala que eu tô com saudade...

Diz que eu amo ele...

- Ah meu anjo... Lá não tem telefone...

- Eu quero meu pai...

Ele saiu correndo pro quarto e deitou em sua caminha chorando, talvez ele nem

estava entendendo muito bem o que acontecia, mas saber que nunca mais voltaria a ver o "papai Bader" já foi o suficiente para entristecê-lo.

No começo da madrugada levaram meu corpo para velar, toda minha família já

estava no local aguardando minha chegada, sob efeito de calmantes o Daniel descansava

deitado no colo da minha mãe, aquele mesmo colo que servia de consolo para meus

momentos de tristezas, medos e carência.

Quando o carro funerário chegou ao local começou uma movimentação fazendo

com que o Daniel acordasse:

- O quê está acontecendo?

- O corpo chegou?

Bastou o zelador do local dizer "o corpo" que o Daniel entrou em pânico, a Milena

já começou a chorar, minha mãe abraçou o Daniel para tentar conforta-lo, embora ela

também estivesse chorando muito, já meu pai foi forte, conteve a emoção de ver seu filho chegando dentro de um caixão carregado por pessoas nunca vistas na vida:

- Dona Vivian... Não é verdade...

- Calma, filho.

- Você não quer ir pra casa, Daniel?

- Não seu Felipe, não posso deixar meu petit aqui sozinho.

O Daniel passou a madrugada inteira sem dormir, perto de mim. Às vezes ele ia

tomar uma água e voltava, só deixava a sala do velório para ir ao banheiro, de hora em hora ele se aproximava do caixão e conversava comigo, mas impedido de me tocar, pois o caixão foi lacrado, sendo assim, ele só conseguia me ver através de um pequeno vidro que só mostrava meu rosto, impedido de me tocar, para sempre.

- Amor... Por que você me deixou? Você tinha me prometido que nunca me

deixaria... O que vai ser da minha vida sem você?

- Vem tomar um café para se acalmar...

- Eu não quero café nenhum, eu quero o meu petit de volta... Petit... Volta pra casa...

"-Namorado?

- É. Por que o espanto?

- Nada não, é estranho ver um cara chamando outro cara de namorado..."

Meu petit ( romance gay )Onde histórias criam vida. Descubra agora