Lembranças

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Como eu havia dito no últimos capítulo, esse será dedicado a “Algodaum_doce”. Espero mesmo que tenha gostado :)
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POV Tyler



   Acordei assustado e com a respiração agitada. Eu estou suando?
   Me sento na cama com movimentos rápidos, porque eu tive que sonhar com aquilo? Porque aquela merda teve que voltar para me assombrar em sonhos?
   Não foi bem um sonho, foi mais uma recordação, uma lembrança ruim de tantos anos atrás... Eu estava em uma casa velha, uma cabana no meio do nada, um homem me mirava desde um canto da sala, ele era muito grande e careca. Seus olhos eram negros, um demônio.
   Eu sentia tanto medo, só queria sair dali... Me lembro de ter sentido algo subindo por minha perna. Uma aranha, sempre tinha alguma aranha por lá...a tirei dali com cuidado para não machuca-lá, eu gostava de observa-las. Vi que o sujeito estava distraído, mirando algo em seu celular. Era a minha única chance de fugir daquele lugar. Mentalmente fiz a conta de quanto tempo eu demoraria para chegar até a janela, quebrar o vidro e sair...Eu tinha certeza que conseguiria, se eu fosse realmente rápido.
   Me lembro de ter me levantado rápido e corrido em direção a janela, me joguei contra a mesma, o vidro era bem fraco...a criatura se apressou em vir atrás de mim, mais eu já estava fora da cabana, havia me cortado com o vidro e meu braço sangrava, ainda com caquinhos de vidro alojados na pele. A dor era horrível, mais ainda sim eu tentei correr. Mais não cheguei muito longe, o idiota me alcançou e me levou de volta para dentro da cabana, eu me debati  tanto e até cheguei a morde-lo na mão. Mais não consegui me livrar. Então ele me amarrou na cama, de forma que chegou a ferir meus punhos, pela intensidade do nó.
  –Me solta... Me solta por favor! -Me lembro de chorar e gritar para ele me soltar, mais ele me ignorou.
  –Você foi longe demais garoto estúpido! Olha o que fez com a minha mão!
   Sua mão estava sangrando, e contive um sorriso por ter sido capaz de causar isso.
   Me lembro que ele saiu por um momento me deixando sozinho, voltou a entrar na cabana com um pote de vidro em mãos.
  –Talvez agora você aprenda a ficar quieto quando eu mandar! -Indagou ele e parecia furioso.
  –O que vai fazer? Me solta seu imbecil! -Gritei, eu estava tão assustado.
   A próxima coisa que me lembro de ter acontecido, é da criatura ter erguido a mão fechada, soltando um golpe forte em minha face, um soco extremamente forte que me fez querer chorar. Mais segurei as lágrimas... Ele não me veria chorar...
   Logo ele abriu o vidro e soltou seu conteúdo em cima de mim....eram aranhas...aranhas grandes e nojentas, muitas delas. Elas caminharam pela minha barriga, subindo e descendo... Eu podia sentir suas perninhas por todo o meu corpo...estavam no meu pescoço, no rosto...nos braços... Estavam em toda parte.
  –Elas são venenosas garoto, espero que seja alguém de sorte, porque uma mordida de alguma delas, e você já era.
   Tentei me mover, mais era impossível, me debati da forma que podia, mais não adiantou muito porque elas seguiam ali..negras e malvadas. Capazes de me matar...

   Não quero mais pensar nisso,os dias que passei com aquela criatura foram os piores dias da minha vida e não quero me lembrar disso.
   Me levanto da cama e com passos sigilosos saio do quarto, entro na porta em frente da minha, o quarto do meu pai.
   Ele está dormindo de bruços, vou até a cama e me deito com cuidado ao seu lado, ele se move na cama, acordando.
  –Ty? -Pergunta com a voz sonolenta.
  –Volte a dormir papai... -Sussurro, eu não queria desperta-lo. Sinto como ele vira de lado na cama, passando a mão em meu cabelo de forma tranqüilizante. Como eu amo isso...
  –O que houve? -Pergunta preocupado.
  –Eu tive um...um pesadelo.
  –Sonhou com o que? -Sua voz era suave, e isso me acalmou um pouco mais.
  –Foi mais como uma lembrança...uma lembrança ruim.
   Não consigo mentir para papai, mais mesmo sendo um pouco vaga a minha resposta, ele conseguiu entender perfeitamente. Nos primeiros dias depois que voltei para casa, eu tinha pesadelos constantes com aquele monstro... Eu acordava gritando e chorando...sentindo as aranhas pelo corpo, mesmo não tendo nenhuma.
   Papai ascende a luz, e me mira com atenção.
  –Você está bem?
  –Só um pouco inquieto...não se preocupe com isso, apague a luz por favor... -Forço um sorriso, para demonstrar que está tudo bem.
  –Tem certeza? Quer falar sobre isso?
  –Não... Eu só não quero ficar sozinho. -Confesso, e acomodo a cabeça em seu braço, fecho os olhos e ele demora alguns segundos para apagar a luz. Quando o quarto volta a ficar escuro, sinto sua mão ainda acariciando meu cabelo...durmo rapidamente, e não tenho pesadelos dessa vez.
   Acordo com papai me chamando suavemente.
  –Filho, hora de levantar.
   Eu não quero levantar, aqui está tão bom. Decido fingir que estou dormindo.
  –Ty...acorde meu pequeno...
   Me faço o surdo e lhe ignoro...não quero levantar daqui e ter que ir para o colégio hoje.
  –Tudo bem, você me obrigou a isso. -Abro os olhos curioso. O que ele vai fazer?
   Ele caminha até os pés da cama, e vejo um sorriso se formar em seus lábios, com movimentos rápidos ele começa a fazer cócegas em meus pés, droga, eu tenho muitas cócegas, e no pé é ainda pior. Começo a rir alto.
  –Para papai, eu já acordei hahaha para para!
  –Ah então o belo adormecido resolveu se manifestar. -Ri ele, continua com as cócegas mais um pouco me fazendo rir muito, começo a me debater tentando esconder os pés. Mais não funciona muito porque ele começa a fazer cócegas em minha barriga, e só me deixa em paz depois que eu desisto de tentar me soltar de seu agarre. Minha barriga começou a doer por causa da risada.
   Me sento na cama ainda rindo, é difícil parar de rir depois de algo como isso. Papai também está rindo, ele se senta ao meu lado. Dean sempre faz isso comigo, desde pequeno... Segundo ele, não existe som melhor no mundo do que o som do meu riso. Acho que a opinião sobre isso pode variar muito, mais acredito que para ele seja verdade... E imaginar isso, já me deixa feliz. Como eu amo esse homem.
  –Como você está?
  –Melhor agora. -Digo sorrindo - Acho que você é um remédio para os pesadelos sabia.
  –Ah é? E porque você acha isso? -Pergunta ele divertido.
  –Porque quando eu durmo com você, não tenho sonhos ruins. -Admito com um sorriso nos lábios.
   Ele sorri de forma sincera, logo bagunça meu cabelo com uma das mãos.
  –Hora de levantar meu pequeno, hoje você tem colégio.
   Me levanto da cama e vou para o banheiro enquanto papai saí do quarto.
   O colégio é um lugar quase legal...porque lá eu sou o capitão do time de futebol, tenho meus amigos e até alguns inimigos, mais o chato é ter que ficar ouvindo os professores falando sem parar, explicando coisas que em minha opinião são desnecessárias.
   Faço tudo o que tenho que fazer no banheiro, tomo um banho e volto para o meu quarto, visto o uniforme do colégio que consiste em uma calça social azul escura, camisa social branca, e uma gravata azul e branca. Deixo a gravata frouxa, porque simplesmente odeio gravatas. Dá a impressão de que está me sufocando.
   Deixo o cabelo desgrenhado e me encaro no espelho...humm acho que estou bem assim.
   Saio do quarto e me disponho em descer.
   Encontro tio Sam, John e Charlie na sala conversando. Já faz alguns dias que Charlie está aqui, ela é muito legal comigo, me ensinou a hakear programas que eu pensava ser impossível alguém invadir, ela também joga videogame e é muito boa nisso, ótima na verdade. Me venceu muitas vezes, e isso porque eu também sou muito bom nos jogos
  –Bom dia pessoal.
  –Bom dia Ty. -A resposta veio quase em uníssono. Sorri.
  –Cadê o Dean?
  –Está na cozinha, preparando o café. -Responde John.
   Assinto e caminho em direção a cozinha, vejo que papai realmente está preparando o café da manhã, aqui em casa a gente se reveza para cozinhar, um dia papai cozinha, outra tio Sam, vô John, e até mesmo eu.
  –O que tem de bom para hoje?
  –Panquecas com calda de chocolate. -Responde ele, me sento no balcão.
  –Dean?
  –Humm?
  –Sábado em tenho um jogo importante de futebol... Você vai não vai? -Pergunto em um tom de expectativa.
  –Claro que sim, eu não perderia seu jogo por nada...você sabe disso.
   Assinto sorrindo, ele vai a quase todos os meus jogos, e os mais importantes ele sempre está lá. Isso é muito importante para mim...quero que ele me veja jogando. E caso eu consiga impressionar os visitantes de Harvard, será uma ótima oportunidade de contar a papai sobre a beca esportiva que segundo meu treinador, eu tenho grandes chances de ganhar.
  –Tudo bem então, só não vá esquecer.
   Ele me mira, desviando o olhar da panqueca no fogo e me mirando com atenção.
  –Eu não vou esquecer, não se preocupe tudo bem? Estarei lá. -Dizendo isso ele me sorri, de forma tranqüilizante -Como estão indo os treinos?
   Começo a contar a ele o avanço que o time está fazendo, e que temos muitas chances de vencer no sábado. Nosso time de futebol é muito bom, e o que vamos enfrentar também é,  por isso intensificamos os treinos no último mês.
   Ficamos conversando até papai terminar o café, ele sempre consegue me distrair, nunca vou entender como ele consegue fazer isso tão facilmente.

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Hey comentem o que acharam amores, eu ficarei mto feliz em saber a opinião de vcs :)

Construindo uma famíliaWhere stories live. Discover now