Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
"Você fica bem com essa jaqueta."
Dean sentou ao lado do Castiel, agradecendo pelo sol da janela do metrô não estar diretamente em seu rosto, a claridade o cegando era a última coisa que queria no momento, não quando desejava olhar para aquele rosto angelical que não saíra de sua mente até ele cair no sono na noite anterior.
"Valeu."
"É legal que você estar aqui novamente, eu não gosto muito de andar de metrô, especialmente sozinho, muito perdido em pensamentos indesejáveis." Dean permaneceu em silêncio, não sabendo como responder a aquilo. Castiel acabara de dizer que sua companhia era legal e ele não tinha nada a dizer. Muito bom, Dean. "Quantos anos você tem?"
"Dezenove."
"Temos a mesma idade." Dean deu um pequeno sorriso lateral, não querendo que Castiel pense que ele não estava interessado no diálogo. "O que você faz?"
"Trabalho numa oficina pela manhã e faço faculdade à tarde. Engenharia."
"Engenharia parece um curso difícil, você deve ser inteligente." Não muito, pensou Dean. "Eu não faço faculdade, sou um pouco atrasado nos estudos, é um pouco difícil acompanhar as matérias quando se está adormecendo."
"Deve ser ruim para você."
"Um pouco." Castiel passou a mão pelos fios bagunçados e Dean olhou o movimento como se estivesse hipnotizado pelo mesmo. "Terminei a escola, mas estou sem estudar há uns meses."
"Ah." Foi tudo o que Dean conseguiu dizer, logo se amaldiçoando por não ser bom em continuar uma conversa simples.
"Eu tento não pensar em como os outros são, porque eu acho que o que acaba mesmo com a vida é aquela imagem que temos de como as coisas devem ser."
Dean estava começando a ficar encantado com o garoto ao seu lado, pela forma que ele fala naturalmente, pela sua beleza e seu modo de pensar, mesmo sendo um pouco cedo e levando em consideração que eles passam apenas quinze minutos no metrô no caminho para o trabalho e quinze para voltar em um dia inteiro, Dean percebe que tempo não importa muito quando se conhece alguém que parece que marcará todos os momentos em que passam juntos.
"Acho que o que mais me incomoda é viver uma vida que eu sei que outra pessoa viveria melhor."
Dean sentiu-se atingido por aquilo, porque alguém finalmente colocara em palavras o que ele sentia todos os dias. Existem adolescentes e adultos que fazem exatamente o que ele faz, trabalha e estuda, e mesmo assim parece ter uma vida muito melhor que a sua, é um pouco irritante, para falar a verdade, porque Dean deseja experimentar aquilo, mas sabe que nunca irá ter a chance.
"Você está bem?" Castiel perguntou, provavelmente porque Dean estava o olhando por muito tempo em silêncio.
"Hum? Só estou tendo um dia ruim." Era meio verdade. Seu colega de quarto havia reclamado com seu modo de se vestir e sua expressão nada amigável, o que resultou em uma pequena discussão, deixando Dean de mau humor pelo resto do dia, ainda mais quando derrubara seu sanduíche na calçada e alguém esbarrara nele, sujando sua camisa de café, por isso estava usando a jaqueta naquele calor. Mas era meio verdade porque sentado naquele momento com Castiel, as coisas ruins parecem memórias muito antigas.
"Você tem muito desses?"
"Sim." Infelizmente.
"Tudo bem, tudo acaba ficando melhor depois de um tempo."
Como Dean esperava que aquilo fosse verdade.
♣
Castiel estava dormindo no banco quando Dean sentou, rapidamente tirando um dos fones porque sabia que provavelmente não demoraria para o moreno acordar. E porque não queria perder nenhuma palavra que sairia de sua boca quando acontecesse. Então Dean o observou, vendo-o abrir os olhos como de costume, um único movimento, como se estivesse apenas de olhos fechados e acordado antes disso.
"Olá, Dean."
"Hey."
"Como foi o trabalho?"
"Como sempre." Dean quer perguntar para onde Castiel estava sempre indo, mas decidiu que não seria muito educado de sua parte, um pouco mais para uma curiosidade que poderia ser chata para o outro. Ele espera que continuem com aqueles momentos no metrô por muito tempo para conseguir perguntar no futuro.
Quando Dean voltou seu olhar para o celular, escutou um fungado baixo vindo da sua direita. Segurou-se para não deixar que seu rosto se virasse, com medo de que deixasse Castiel desconfortável de algum jeito.
"Podemos evitar os pensamentos agora?" Castiel perguntou, sua voz mais fina e quebrada do que a de costume, deixando um aperto do coração do Dean, que se perguntava o que poderia ter acontecido. Talvez um dia ruim, ele entende desses, e sabe que o melhor é ignorar, pelo menos era o que pensava.
Dean lhe entregou o fone e aumentou o volume da música que antes tocava como um som ambiente. Eles não conversaram pelo resto da viagem, ainda mais porque Castiel adormecera no ombro do Dean, que mais uma vez percebeu que a música em seu ouvido estava ficando cada vez mais inútil.
Mas também percebeu que ter Castiel tão próximo era algo que ele não sabia que queria, até agora.
