Capítulo 2

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...O tempo está próximo, abra todas as portas...

Todo novo começo vem do fim de algum outro começo.

Eu sei quem eu quero que me leve para casa...

                                                                      (Closing time / Semisonic)

Era início de Junho, o sol realmente apareceu com toda a sua majestosa onda de calor. Não era como nos dias anteriores que mais pareciam ensaios tímidos de raios de sol, agora era de verdade.

Eu, ao contrário, de quase dois meses atrás, levantei da cama disposta, antes mesmo de ouvir aquele barulho irritante do despertador, e não me lembro de acordar assim há um bom tempo.

Nunca fui de acordar disposta para trabalhar, e não era porque eu era preguiçosa, só não gostava de acordar cedo. Mas, aparentemente, essa fase havia passado.

Tomei banho e depois café com um sorriso gigante no rosto, pensando no quanto minha vida mudou e o quanto tudo estava fazendo sentido e não estava ao mesmo tempo. Enruguei a testa pra mim mesma o que eu tô fazendo?

Peguei uma maçã, fui comendo até a varanda do meu apartamento, que meu pai insistiu em me dar, grande demais pra uma pessoa e pequeno demais para a filha de um ex-magnata, segundo as palavras dele. O céu estava de um azul magnífico e não era porque meu estado de espírito estava pra lá de esquisito não, realmente não tinha nuvens. O sol fazia cócegas na minha pele e era bom.

A campainha tocou, dei um pulo com o barulho e fui atender para dar de cara com Nathan, meu irmão, abrindo um sorrizão para mim. Caramba, como eu estava com saudade dele!

- Nathan, Nathan!! Que saudade! – pulei no colo dele, toda afobada.

- Até que enfim te encontrei em casa, hein, sua fujona! – ele me rodopiou, ainda sorrindo.

- Eu, fujona? - fiz uma careta – Sou uma mulher trabalhadora, tenho minhas contas para pagar – comecei com meu discurso de mulher responsável. E ele só riu.

- Mulher trabalhadora? Sei! - Nathan me fez olhar pra ele - Você tem ideia dos compromissos que eu tive que desmarcar só para ver se te pegava em casa?

- Poxa, já tá me dando bronca? – desci do colo dele, o puxando pela mão - Vem, vem ver o céu como está lindo!

Nathan começou a rir da minha urgência.

- Vê? Como pode se chatear quando Deus te dá isso tudo de graça? Você trabalha demais Nathan, deveria aproveitar a vida.

- Olha quem fala! Lá vem você com esse papo de hippie.

- Ah, não começa - dei um soco de leve no ombro dele.

Nathan não era filho do meu pai de verdade, era adotivo, mas, às vezes, até me esquecia disso. Richard nunca se casou com a minha mãe, ele já era casado, se apaixonou por ela em uma dessas essas viagens de negócios ao Brasil. Richard já havia adotado Nathan. De toda a parte triste de ter uma família quebrada, meu irmão era a parte que mais me orgulhava. Éramos melhores amigos e ele sem dúvida era a minha pessoa favorita na face da terra.

- Nós não temos nos falado com tanta frequência – ele observou. - Que raio de emprego é esse? Você, por acaso não tá trabalhando de stripper não, né? - deu um sorrisinho de deboche que eu bem conhecia.

- Até parece que não me conhece, né? Olha para a minha cara de stripper! – nós rimos - O máximo que eu conseguiria seria cair no palco antes mesmo de começar a dançar.

Sun & SkyWhere stories live. Discover now